Virtudes de fim de ano

23.12.12 Joarez 0 Comentarios


                                                        "só o caminho do desmedido conduz ao palácio da sabedoria" (BLAKE, William)

Daí que essa época de fim de ano é a mais propícia ao excesso. Esbaldar-se, digo, fartar-se. Sob a bênção do mito cristão, é claro. E acima de tudo. Sou ateu, graças a Deus, mas adoro nosso calendário católico. Bebe-se abundantemente, e às vezes de graça, que maravilha. Come-se vorazmente, em festas e confraternizações. Baco sorri, e nos espera. E compram-se coisas por todos os lados. Roupas, sapatos, perfumes, televisões, e tantas outras coisas. Cartões de crédito, carnê, descontos, não sei quantas vezes sem juros, a primeira só em janeiro, facilidades de endividamento, aleluia. A cidade está linda, iluminada. As casas estão caiadas. É fim de ciclo, e tudo pode. Troca de namorado, a moça: ano novo, vida nova. Engata um romance, a outra: os astros já avisaram: é ano para os pombinhos, 2013. Dorme-se até mais tarde, até perder-se o horário do trabalho, e isso sem muitas retaliações: até o chefe está mais tolerante. Época boa para desapegar-se da disciplina, e se aproximar de outra dama muito mais carinhosa, a preguiça. Cultuar o ócio, se empazinar de comida, beber rios de uísque, curtir a ressaca. E mais: de roupa nova. É época boa para tudo isso. Só não me venha com aquele papo de reflexão.

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