Recorrências brasileiras

20.7.15 Cabotino 0 Comentarios


Em 1726, o escritor irlandês Jonathan Swift escrevia As viagens de Gulliver. A narrativa conta a história do naufrágio do navio que levava o jovem Gulliver a bordo. Em seguida, Gulliver desperta em um lugar chamado, Lilliput, cujos habitantes são anões e vivem em conflito por coisas tacanhas. A segunda parte da aventura, Swift narra a chegada de Gulliver à terra de Brobdingnag, habitada por gigantes e, em contraste com esta terra, Gulliver percebe a pequenez, em todos os sentidos, dos Lilliputianos. Por fim, em sua última viagem, Gulliver chega em Houyhnhm, um lugar onde reina a razão, o equilíbrio e o esclarecimento. Os Houyhnhms, preocupados com a o bem-estar de Gulliver, não querem que ele entre em contato com os Yahoos, uma espécie de povo com instintos primitivos que poderiam levá-lo à loucura e a desrazão. Em suma, o livro é uma sátira da sociedade inglesa da época, com seus Yahoos que diminuem o poder dos Lilliputianos (o povo) por meio dos seus sentimentos vis de acumulação e exploração. Em uma palavra, quem deveria conduzir os Lilliputianos ao caminho da justiça e da liberdade, seriam os gigantes Houyhnhms, sujeitos do conhecimento e do Iluminismo.

Fiz esta breve introdução com o intuito inserir alguns "exercícios" que fiz recentemente, após a formatação do meu computador, no site de buscas Yahoo Brasil. Acredito que as palavras recorrentes, ou palavras-chaves, que são suscitadas pelos incontáveis algoritmos dos servidores das grandes empresas de busca de endereços na Internet, refletem os anseios, as dúvidas, as curiosidades, os interesses etc., de uma dada cultura. Pois, cada cultura produz e se reproduz nos seus interesses de pesquisa, de consumo conspícuo tanto em escala material quanto simbólica e, esta dimensão, é a tradução máxima da tacanhez dos "Lilliputiano". Por fim, cada cultura revela seu inconsciente coletivo por meio de seu interesse por temas como a mulher, a música, amor, paixões, leituras, homem etc., Ao que tudo indica, após quase 300 anos, os "Yahoos" dizem bastante sobre os interesses dos "Lilliputianos".










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