Sobre os pensamentos errantes e inoportunos

31.10.14 Unknown 0 Comentarios


E quando os dias de calmaria se forem, você olhará para a foto e sentirá um misto de saudade e alegria ou permanecerá inerte tentando compreender, confusamente, o que aquela imagem traz à tona? Já não temos tanta disposição, dirás não sem razão, e também não possuímos tempo hábil para perder em divagações tolas e infrutíferas. Que há de interessante nessa empreitada estapafúrdia de tentar entender o futuro  é essa a questão que você me coloca. Simples pergunta:  há algo aí de produtivo?

Prossigamos.
Dos muitos pensamentos que me tomam nessas horas entediantes em que eu fico em casa esperando você regressar do trabalho, muitos deles são inférteis, admito, outros não são nada que possa classificar e há ainda alguns muito peculiares que depois de me consumir horas a fio, subitamente, partem. E depois retornam. Retornam sem explicação. Sem legendas. Sem ressalvas. Sem porquês.

Mas, ora, se retornam, o fazem com algum propósito. Se há propósito, mesmo que não explícito, há “algo” que neles residem. Talvez não o “algo” que queiras e procuras, o algo prático e pragmático que nos ponha, uma vez esclarecido, em outro patamar de entendimento. Mas, certamente, há qualquer coisa da qual possamos nos valer.

Mas penso, novamente naquelas referidas horas maçantes em que me pego contemplando o extasiante espetáculo que é o farfalhar das folhas, e acho que localizo um ponto no qual possamos galgar algum “entendimento”. E o entendimento principal é: - não há que ter entendimentos. Não há que ter perguntas acompanhadas de respostas. Não há que buscar o que é produtivo. Essa busca, sim, é inútil. Isso a que chamamos producente, um algo com o qual valha a pena perder tempo, só vem à custa de nossa secura.

Mais que a secura dos olhos provocada pelo psicoativo. A secura de vidas regulares, constantes e lineares, que não são capazes, por si só, de pôr em água nossos olhos. E isto, a menos que se sacrifique aquele pouco de sinceridade indispensável ao convívio, não é uma divagação, não é uma fantasia, uma imagem furtiva. Você sabe que não é. Mas não sabe o que, de fato, é. Eu te ajudo: são ridículas e risíveis angústias. E já que você veio até aqui comigo, é com você que eu compartilho aqueles dias em que a gente se sente como quem partiu ou morreu. É em você, pois, que eu deposito minhas angústias.

Haverá bebida que dilua tamanha aflição? Não sei, a noite começou agora.

Prossigamos.

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MÃO DE OBRA

30.10.14 Cabotino 1 Comentarios


Dedicado a Sylvia Kristel, nossa eterna Emmanuelle,
para sempre nos destinos traçados de nossas mãos e corações.


Sou o Alexander Portnoy da masturbação.

Lembro-me das madrugadas de sábado em claro esperando com o “cu na mão”, porque a tevê preto e branco, quatorze polegadas da Philips, ficava na sala e, a qualquer momento, alguém poderia surgir e me pegar com a mão na massa – com Emmanuelle a mão era na consistência e não na consciência.

Contra o mal estar na civilização, só a masturbação.

Nos anos 1990, a punheta era algo sagrado. Desde as vídeos locadoras à crença de que punheta enchia a mão de cabelos (imaginem Tony Ramos se masturbando) “descabelar o palhaço” era algo feito na surdina, no miudinho e muitas vezes no escuro. O drama que era locar algum VHS pornô na locadora de Tonho, ali entre a rua 21 e 22, quando ele estava por lá era maior limpeza, mas quando estava sua esposa (dona Neta) ou sua filha, aí a coisa ficava séria. A vergonha de se esgueirar pelo estreito corredor dos pornôs com aquele manancial de Buttman, Brasileirinhas, Sexxxy era tamanha. Mas, éramos chatos e esperávamos Tonho voltar e corríamos para o abraço. Na locação de três fitas vinha uma grátis, certamente uma pornô. Nos finais de semana, a lógica invertia-se. Como dizíamos na época: “três pancadarias e um de bala”.

Hoje, vendo em retrospecto a nossa via crúcis para garimpar um VHS pornô, vejo que a punheta tornou-se um tédio. A disponibilidade da indústria pornô em vários suportes e dispositivos móveis gerou uma postura blasé em relação ao “matá-la na mão”. Qualquer menino de dez anos já possui uma cinegrafia pornográfica no celular e em Full HD! O tédio é tão grande que ouvi de um menino para quem eu dava aula particular dizer assim: “às vezes fico com o celular no banheiro e penso, bato ou não uma punheta hoje?”. Daí eu pensei, absurdo! Absurdo! Os smartphones e a internet profanaram a sagrada punhetinha. Não há mais imaginação, aquele lance visto na escola e salvo na memória para mais tarde, ou quem sabe, alguma bunda (pandeiro, rabo, cu, balde, abajur de buceta etc) secada na rua e depois no banheiro a pegada seria feérica – se acabar na mão como colher de pedreiro.

Aos quatorze, quinze anos... Os banhos eram demorados, os olhares para as professoras eram maliciosos (eita!). Vendo pelo retrovisor da história percebo que as punhetas de minha geração tinham uma deferência para as mulheres mais velhas. Havia uma palpabilidade com as revistinhas de sacanagem (quem não se lembra das picardias de Miguelito ou das histórias de Zefiro?) ou, as clássicas revistas Playboy e Sexy, a primeira com as musas da tevê, as do primeiro time: “Tiazinha, Feiticeira, as Sheylas etc.”, já a última tinha o segundo time: “dançarinas de banda de axé sem grande repercussão, musas da cultura pop etc.”, talvez, por conta da baixa exposição midiática de suas manequins de capa, a revista Sexy mostrasse um “nu ginecológico”. Por isso, as revistas Sexy eram as mais cobiçadas pelos punheteiros de plantão aqui do bairro, havia todo um circuito de trocas. Foda era pegar as revistas com as melhores páginas grudadas, os escrotos não tinha nem a decência de abaixar um pouquinho na hora “agá”, era foda...

Além das divas impressas no papel, havia a consideração pelas da tevê. Além da diva maior de todas, Emmanuelle, havia as nacionais que, com certeza, contribuíram para o aumento do índice pluviométrico da bacia do Rio Jaboatão. Entre elas: Sônia Braga, Cláudia Raia, Thereza Collor e outras. Conheço estas mulheres como a palma de minha mão.

Com a era digital houve uma crise de palpabilidade, de tactalidade com o papel das revistas em sua dupla acepção, e com a imaginação como um todo. Já falei sobre isso acima, mas vale a ratificação. Desta maneira, advogo mais imaginação e menos X-Vídeos porque tratando-se de punheta, vale a pena voltar à mão de obra e consagrá-la ao lugar de onde nunca deveria ter saído – o fetiche da fantasia.



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O caso do ônibus ou Onde prevaricam os virtuosos

30.10.14 Unknown 0 Comentarios


Qual a distância que separa a solidariedade do asco? Qual a ponte que liga a caridade à indiferença? Como conseguem andar juntas essas duas pontas aparentemente inconciliáveis? Em que se assenta esta junção perversa?  Para quem se dirige a ajuda: para quem, de fato, precisa, ou para quem necessita despojar sua própria consciência de uma sobrecarga moral? Onde está a impureza de quem se humilha visando resguardar um pouco de dignidade e brio? Qual a mortalha que recobre o que é traiçoeiro, desonesto, ferino e indecente e só deixa à mostra o que é probo, correto e íntegro? Onde foi que a virtude esqueceu a si mesma e se transformou no seu oposto? Se conseguirmos responder a uma destas perguntas, talvez estejamos na pista para explicar a atitude de quem concede um "auxílio" ou uma "esmola" a uma pessoa no ônibus e não é capaz de dividir com ela o mesmo espaço, de pôr-se tranquilamente na cadeira do corredor enquanto ela contempla a paisagem da janela andante. Talvez, também, estejamos no caminho para entender este ato tão cioso de benevolência e compaixão mas que, em verdade, discrimina, isola, e no fim, desumaniza.

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Um caso de sorte

16.10.14 Unknown 0 Comentarios


Queridos e escassos leitores (a maioria os próprios companheiros de blog, por supuesto), eis que o Prosador está de volta depois uns tempinhos, conforme prometido, e com o tom mal humorado de seus escritos aplacado, como ficou acordado também. Retornei sem motivo claro, sem impulsão aparente, assemelhando-me àquela pessoa que volta ao ponto anterior, um lugar onde estava, para refrescar a memória, reaprumar a direção, achar algo muito importante que se perdeu, muito embora não se saiba o quê exatamente.
Tenho reparado as redes sociais nas últimas semanas, partidários da estrela já nem tão brilhosa, partidários da ave de rapina, o quentíssimo e acalorado tema eleição, que sempre resvala naquilo que em tempos de programa eleitoral parece ser o mal original, a corrupissaum, discursos moralistas, etc, ai meu deus, que canseira! 
Mas não vamos dar panos para a manga, caso contrário em dois tempos alguém invade nosso estimado espaço e me acusa de estar fazendo campanha para tal candidato, começa a jogar aquelas restégues cabulosas, e a amizade, inevitavelmente, enfraquece.
Relatei semana passada um caso ímpar e raro da mais autêntica sorte. Na lotérica recém-inaugurada, dois amigos tripudiavam da aposta de um terceiro. Todos os dois versados em estatística e probabilidade, anos de jogo e bênçãos de mães de santo:
 Ei, mago — falaram comigo , tu já viu alguém apostar na dezena 01? Quantas vezes tu já viu ela saindo? Apostando nisso, o cabra não ganha nem um picolé, é ou não é?! E jogar cinco dezenas ímpares, qual a chance de sair cinco dezenas ímpares, uma atrás da outra, na sequência? Na moral, bicho...
Ao relatar as cada vez menores chances do colega, os experts riam e chacoalhavam em frente à lotérica, dividindo deliciosamente uma carteira de Derby Prata. O alvo das piadas se contentava em dizer apenas "se eu ganhar alguma coisa, não dou nada a seu ninguém".
Há quem diga e sustente que o cara é estudado e deu uma doido, não quis discutir pra não dar trela. Há também quem fale à boca miúda que aconteceu só de pirraça, só na fuleiragem, pra queimar a língua dos dois palhaços, mas o fato inescapável é que o nosso amigo tripudiado arrastou um prêmio da loteria federal. Coisa pouca, é verdade, coisa de uns cento e poucos reais, tudo aquilo que o terno da quina dá direito. Mas, ora, ele bateu!
E não fez cara de espanto, nem se fez de rogado. Levou a companheira à pizzaria recém-inaugurada, duas pizzas napolitanas como é o gosto dela. Voltou de tê-xis pra casa. Parou no boteco, desceu uma garrafa de Professor, bebeu e se lambuzou, riu e parodiou a noite toda. No dia seguinte curtia uma ressaca mansa, enquanto baforava uma carteira de Hollywood, conseguida ainda com umas patacas que lhe restaram do prêmio. Por volta das três da tarde, horário já conhecido dos apostadores das redondezas, os dois amigos passam em frente a sua residência e lhe convidam para ir fazer uma "fezinha". Hoje não, ele disse. Vou dar um tempinho, a gente tem que saber fazer, tem que levar as coisas na maciota... e, sobretudo, não pode abusar da sorte - finalizou.
Esbarrando em tamanha fortuna e virtuosidade, haverá quem se atreva desdizê-lo?

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Cai, cai, tanajura

14.10.14 Cabotino 1 Comentarios


“Cai, cai tanajura tua bunda tem gordura!
Cai, cai, tanajura tua mãe tá no Ibura!”

Quando eu era pirraia, sempre que caía aqueles torós de água no dia anterior, daquelas chuvas que relampiavam o céu e o estrondo dos trovões dava para senti-los sacolejar os lençóis da cama, ia com meus pariceiros pegar tanajuras aqui perto dos morros de casa. Regiões com muito barro, ervas daninhas, árvores frutíferas e, claro, inúmeros formigueiros.

Horas depois da chuva braba, já nos deparávamos com formigas voadoras, daquelas graúdas, mas ainda não eram tanajuras. Algumas destas saíam arribadas do bando, eram poucas. Porém, se quiséssemos pegar muitas tanajuras não tinha boquinha, tínhamos que ir na intoca delas e sem ficar de tocaia, arregaçar às mangas, aliás, nesta época éramos todos maloqueiros, e maloqueiro que se presa anda sem camisa até em dia de Cosme e Damião, pegá-las na boca do lobo, nos formigueiros.

Havia várias técnicas para pegar tanajuras, as mais amadoras e tabacudas eram feitas pelos pirraias menores que não podiam ir para os morros porque suas mães não deixavam e pelas meninas. Consistia em: pegar algum pedaço de pano, geralmente uma camisa mesmo, e ficar golpeando o ar com a malha para derrubar as tanajuras. Olhávamos com desdém e certo ar de superioridade, pois éramos os Indianas Jones das formigas.

Nós íamos para os morros com o nosso kit: haste fina e comprida de madeira, garrafas pet de refrigerante vazia, sacolas plásticas, fósforo, e pedaços de jornal velho. Chegávamos nos formigueiros após derrubar umas mangas à pedradas porque ninguém queria subir nos pés por estarem escorregadios por conta das chuvas. Nem nos de manga nem nos de azeitona roxa.

Nos formigueiros, metíamos a haste de madeira lá dentro junto com o braço que entrava até o ombro, evidentemente, recoberto com sacos plásticos porque a mordida da tanajura dá cada mutuca na pele que meu, velho! [perdoem o cronista se vocês criaram uma imagem sexual da cena, não foi minha intenção, paciência].

Quando as danadas insistiam em não cair na da gente que revolvendo o formigueiro com a haste e trazendo-a até à superfície com algumas delas agarradas na madeira e, em seguida, sendo colocadas dentro da garrafa pet, nós na malícia acendíamos uns pedaços de jornal e soprávamos a fumaça dentro do formigueiro. As tanajuras saíam todas doidas e aí a gente caía em cima delas.

Hoje eu acho que as tanajuras saíam polvorosas não por conta da fumaça, mas sim da toxina produzida pela combustão daquelas notícias, rarará, sacanagem...

Descíamos dos morros com as garrafas pet abarrotadas de tanajuras mutiladas, pois antes de jogá-las dentro das garrafas nós cortávamos suas asinhas e suas cabeças, ou seja, só ia o filé para panela.

Geralmente fritávamos as tanajuras na casa de minha avô que, para todos efeitos, era parente de praticamente todo mundo da pá. Minha avô é madrinha de todo mundo, incrível. Além disso, curte uma tanajura na farinha que só ela mesma! – uma cristã nova com forte marca indígena.


Separávamos a frigideira, o óleo, umas tirinhas de cebola e pronto. O cheiro da fritada tomava toda a rua, o bairro, o Recife e toda a minha memória neste momento, de lá até cá, no duro. Enquanto a pirralhada lá fora entoava: “cai, cai tanajura tua bunda tem gordura! Cai, cai, tanajura tua mãe tá no Ibura!”.

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CINEFILIA

6.10.14 Cabotino 0 Comentarios




A velha rede de cinema Severiano Ribeiro já dizia em sua propaganda: “cinema é o maior barato, vá ver”. O prazer gregário de assistir um filme na telona é um barato às vezes nem tão barato assim. Mas, o simples fato de estar sob a telona, o barulhinho do ar-condicionado e a sessão prestes a começar não tem preço. E olhem que esta sensação é anterior à propaganda do cartão de crédito.

As conveniências da sociedade pós-religião e pós-industrial às vezes suprime certos prazeres coletivos que não fazemos ideia de sua irradiação sobre nós. Um deles é a cinefilia. Um vício infenso à polícia e à farmacoterapia.

Baixamos um filme da internet ou o vemos on-line nas diversas plataformas em streaming que pululam hoje pela grande rede. Assistimos estes filmes no cálido regaço do nosso lar, geralmente sozinhos, sem a cumplicidade dos Outros “viciados” desconhecidos. Porém, não seria também “desconhecida” para nós a recepção de uma arte produzida coletivamente cujo último libelo, a exibição, é feita individualmente? Explico-me, não causa um certo “estranhamento” usufruir individualmente de uma linguagem artística, o cinema, que foi concebida coletivamente? Desconfio que esta atomização na recepção esteja transbordando para a concepção. Cada vez mais vemos filmes destituídos de um espírito coletivo. Algo que extrapola as teses do autor e do cinema conceitual.

Ora, não esqueçamos que o cinema foi criado por dois irmãos [Lumière] e foi a arte por excelência da febre fabril da era moderna. Ou seja, uma arte eminentemente industrial cuja produção alcançou um modelo fordista [cinema clássico norte-americano] e, como tal, suscitou uma fruição industrial [coletiva] em escala universal.

O poder fulminante da cinefilia chegou às raias do absurdo em fevereiro de 1968 em Paris – dois meses antes dos acontecimentos que abalaram a história do Ocidente, o maio de 1968. Quando A. Malraux [Ministro da Cultura de C. de Gaulle] quis demitir H. Langlois [estimado diretor da cinemateca francesa] alegando improbidade administrativa deste. A onda pró-Langlois criou um frisson nas ruas da capital francesa que ecoou em Roma e Tóquio, só para citar dos exemplos, quando o diretor R. Rossellini e A. Kurosawa, respectivamente, disseram que: “se Langlois for demitido, retiramos nossos filmes da cinemateca”.

O levante a favor do diretor da cinemateca francesa não deu-se apenas para além dos Pirineus, os jovens críticos do Cahiers du Cinéma e futuros diretores de cinema F. Truffaut, J. L. Goddard, J. Rivette, E. Rohmer e outros, saíram em defesa de Langlois e a militância foi tão grande que o ministro Malraux declinou sua proposta de demissão ao diretor da cinemateca. Enfim, mais uma vez o cinema foi a antecâmara de mais um episódio da história ocidental, desta vez ele inaugurou a era da Utopia local.

Em suma, a cinefilia é uma cultura – uma cultura do olhar – que extrapola os limites circunscritos ao prazer gregário de assistir a um filme e a pura fruição estética. Ela cria um modo de ver o mundo, cria uma cinegrafia [vejamos o caso da nouvelle vague].

Além disso, a cinefilia nos religa [ao quase religioso] a partir do seu culto em uma sala escura [a caverna platônica] às nossas dimensões mais primitivas [as pinturas rupestres em Altamira e Lascaux] e, como sabemos desde Platão, quando Polis [cidade ou a República] tenta escorraçar Eros este se esconde em alguma parede metafísica e fica lançando suas setinhas à toa. Numa destas, você pode ser atravessado por uma seta de Eros e não há lugar mais propicio para isto acontecer do que na comunhão de uma sala escura de cinema ;) 

***
Foto de uma sessão no Cinema São Luiz, Recife/PE.



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RECEITA PARA SE FAZER COXINHAS

4.10.14 Cabotino 0 Comentarios




INGREDIENTES:

- 1 kg de farinha de trigo misturado com estupidez.
- 1 colher e ½ de fermento de intolerância, para crescer a massa disforme sobre quaisquer circunstâncias de temperatura e pressão das minorias sociais.
- 1 copo de água de coentro.
- 1 kg e ½ de peito de frango desfiado e adicionado a 2 colheres e ½ de sopa de histeria neoliberal, para marinar a carne e deixá-la macia frente à ideologia do self-made-man.
- 1 tablete e ½ de espírito de porco.
- 2 colheres de chá de colorau para dourar o frango na falaciosa meritocracia de laissez-faire.
- 1 colher de chá de cominho para ser adicionado à teologia da prosperidade.
- 2 colheres de sopa de salsinha picada para tentar dar gosto à igualdade destituída de história da visão neoliberal de mundo.
- Sal a gosto na falta de alteridade.

MODO DE PREPARO:

- Pegue uma bacia grande de etnocentrismo e misture todos os ingredientes à massa.
- Antes de começar a enrolar a massa em forma de pingo, unte suas mãos na manteiga do Estado mínimo, para tentar dar coerência e liga ao seu obscurantismo político.
- Polvilhe as coxinhas na farinha de rosca da falsa eficiência da iniciativa privada.
- Frite-as no óleo velho da cartilha: “o que é bom para os EUA é bom para o Brasil”.
- Sirva-as nas redes sociais, no trabalho, na escola ou faculdade e, principalmente, na frente do espelho porque estas coxinhas são vocês.



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