Causos 1: A botija
No meio do agreste, numa enorme pedra que fica ao lado da pedra do bode, estava a botija. Eu sou um cara racional e não acredito nestas crendices populares, mas o sujeito que era meu guia acreditava e já há algum tempo batia com um martelinho naquela parte específica e afirmava “aqui tem uma botija”. Naquele dia levou um martelo maior. Este sujeito era das redondezas, uma área rural. Enquanto eu batia as fotos de uma antiga pintura na parede da pedra, feita Deus sabe quando e por quem e que nunca me serviu de porra nenhuma para meu trabalho da faculdade, o sujeito batia com o martelão naquele ponto específico da pedra. O TUM, TUM das batidas me incomodava, mas acabei deixando pra lá. Até que parei e reparei no trabalho paciente do sujeito que além de guia era caçador de botijas tesourais. Pensei “que besteira” e mal me dando tempo de concluir o pensamento ele falou “já ouvi muita história de gente que achou e ficou rica”, pensei em seguida “seria bom”. As batidas aumentaram e o barulho também. Voltei a bater fotos. Conclui meu trabalho e continuei observando o meu guia. Estava transpirando entre uma martelada e outra, mas não desanimava: “aqui tem botija” disse, e eu pensei “tem nada” e ele disse “se eu ficar rico eu lhe dou uma parte” e eu pensei “seria bom”. Cansando-me da espera e do barulho das marteladas eu pensei “que barulho chato, que besteira, vou chamá-lo pra ir embora” antes que eu falasse ele disse “a gente vai ficar rico” e eu pensei “vou esperar mais um pouco, não tem tanta pressa”. Depois de um tempo, todo empapado de suor, falou todo tristonho “acho que não tem nada” e eu pensei “que pena” e em seguida coloquei: “vamos embora, já é tarde” e mais na frente “você acredita mesmo nessas coisas?” e ele “claro!” respondeu todo empolgado para em seguida me perguntar “você não?”. Nunca lhe respondi, só pensei “agora não sei mais”.
Castanha 18 / 03 / 2010
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