Quando acabar o cabotino sou eu
"Meu reino por um cavalo!" (Ricardo III; Shakespeare)
Das
profissões que eu almejei ser em minha vida, estão: diretor do Louvre, Papa e
doador de sêmen in loco. Mas,
ultimamente vendo os noticiários sobre as operações da Polícia Federal [PF] me
apareceu outra atividade que eu gostaria de realizar até me perder como um
número nos dados do INSS. Gostaria de ser o agente da PF responsável pelas alcunhas
dadas as operações. O cara é um dos sujeitos mais precisos na arte do epíteto,
é o próprio Nelson Rodrigues com um coldre na cintura pronto para mandar “bala”
nos noticiários.
Eis
alguns exemplos de sua arte axiomática: Operação
Arca de Noé de 2002, responsável pelo jogo do bicho no Mato Grosso. Galácticos, em 2006, nome dado em
referência às investigações contra crimes virtuais e também em homenagem ao
time do Real Madrid que, à época, estava fazendo um baita frisson. Opa! Já
vimos que o nosso sujeito não tira suas palavras da cartola, ele está conectado
com o mundo, ele é a própria estrela da Internacional Frasista.
Vejam
agora o nome desta operação de 2007, que se chamou: Navalha e foi endereçada contra crimes em licitações de obras
públicas, e teve o nome batizado em referência ao ato de “cortar a própria
carne” ao prenderem prefeitos, deputados e etc. Nossa! Isso foi realmente
poético... Se nesta altura do texto vocês acharem que eu estou sendo irônico,
esqueçam, pois, não estou.
Dando
continuidade, vejam agora os nomes destas operações que colocariam qualquer
frasista de para-choque de caminhão comendo poeira, o cara sabe tudo, é o
próprio Millôr Fernandes das palavras contra a corrupção, eis alguns exemplos: Operação Carranca de Tróia, Pen Driver,
Capitão Gancho, Toque de Midas, Neve no Cerrado, Castelo de Areia, Torniquete,
Ícaro, Caronte, Praga do Egito, Freud, Senhor dos Anéis, Banco Imobiliário,
Pinóquio, Hook, Gabarito, Calouro, Good Vibes, Babilônia, Woody Stock, De Volta
para Pasárgada, Curupira, Caipora, Saúva, Macunaíma, Lacraia, AVC, Gaia, Pedra
Lascada, Al Capone, e para encerrar, talvez, a mais famosa de todas:
Operação Satyagraha, que em sânscrito: Satya significa “verdade”; já agraha
quer dizer “firmeza”, ou seja, verdade na firmeza. Oxalá! Que essa palavra em
sânscrito, que é uma língua morta, mude as coisas por aqui para que que o
agente não torre sua genialidade apenas batizando as operações da PF, mas que também
tenha tempo para aprender a tocar um cavaquinho, por exemplo.
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