Quando acabar o cabotino sou eu

2.5.12 Cabotino 0 Comentarios


                                                             "Meu reino por um cavalo!" (Ricardo III; Shakespeare)

Das profissões que eu almejei ser em minha vida, estão: diretor do Louvre, Papa e doador de sêmen in loco. Mas, ultimamente vendo os noticiários sobre as operações da Polícia Federal [PF] me apareceu outra atividade que eu gostaria de realizar até me perder como um número nos dados do INSS. Gostaria de ser o agente da PF responsável pelas alcunhas dadas as operações. O cara é um dos sujeitos mais precisos na arte do epíteto, é o próprio Nelson Rodrigues com um coldre na cintura pronto para mandar “bala” nos noticiários.

Eis alguns exemplos de sua arte axiomática: Operação Arca de Noé de 2002, responsável pelo jogo do bicho no Mato Grosso. Galácticos, em 2006, nome dado em referência às investigações contra crimes virtuais e também em homenagem ao time do Real Madrid que, à época, estava fazendo um baita frisson. Opa! Já vimos que o nosso sujeito não tira suas palavras da cartola, ele está conectado com o mundo, ele é a própria estrela da Internacional Frasista.

Vejam agora o nome desta operação de 2007, que se chamou: Navalha e foi endereçada contra crimes em licitações de obras públicas, e teve o nome batizado em referência ao ato de “cortar a própria carne” ao prenderem prefeitos, deputados e etc. Nossa! Isso foi realmente poético... Se nesta altura do texto vocês acharem que eu estou sendo irônico, esqueçam, pois, não estou.

Dando continuidade, vejam agora os nomes destas operações que colocariam qualquer frasista de para-choque de caminhão comendo poeira, o cara sabe tudo, é o próprio Millôr Fernandes das palavras contra a corrupção, eis alguns exemplos: Operação Carranca de Tróia, Pen Driver, Capitão Gancho, Toque de Midas, Neve no Cerrado, Castelo de Areia, Torniquete, Ícaro, Caronte, Praga do Egito, Freud, Senhor dos Anéis, Banco Imobiliário, Pinóquio, Hook, Gabarito, Calouro, Good Vibes, Babilônia, Woody Stock, De Volta para Pasárgada, Curupira, Caipora, Saúva, Macunaíma, Lacraia, AVC, Gaia, Pedra Lascada, Al Capone, e para encerrar, talvez, a mais famosa de todas: Operação Satyagraha, que em sânscrito: Satya significa “verdade”; já agraha quer dizer “firmeza”, ou seja, verdade na firmeza. Oxalá! Que essa palavra em sânscrito, que é uma língua morta, mude as coisas por aqui para que que o agente não torre sua genialidade apenas batizando as operações da PF, mas que também tenha tempo para aprender a tocar um cavaquinho, por exemplo.


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