Constatações sobre as mostardas francesas: a ausência de vanguardas em tempos pós – pós.

30.11.09 Foi Hoje! 3 Comentarios


Por que vocês acham que esse blog se chama foi hoje? Nesses tempos velozes, tudo foi e nada é, agora mesmo tinha acabado digitar esse texto no Word fechei sem querer, tive que o reescrever. Onde estão pinceis e as folhas de meu caderno brochura. Esqueçam! E esqueçam também, esse papo de que tudo é veloz que tudo mudou, está tudo mudando, ora bolas! Quando foi que esteve parado.

Não existem mais vanguardas, tudo tem um gostinho de bytes lisérgicos ultrapassados. Meus caros leitores, em terra de twitter, quem recebe carta é rei, aí pode até montar uma vernissage decorando as paredes com vinis em um casarão antigo de recife, e sair por aí cagando bolinho e mijando guaraná, arrotando de artista com um diploma debaixo do braço, olhando o exótico caminhar das pessoas na conde da boa vista e enxergando beleza no desdentado, periferizando as tendências, em álbuns fotoshopados com lindos pobres maltratados, com suas carteiras de cigarro por entre os biquínis.

Dia desses fui ver uma peça, em que uma velha indagava a plenos pulmões; você tem a voz dissonante? Você tem a voz dissonante? E continuava... no meus tempos de juventude, na ditadura de 196... e tra-lá tralá-lá, cobrando da classe média brasileira um posicionamento, e eu! Que nem tenho classe? Chamando a senhora de velha, mais puta que pariu! Agora pronto!

Uma velha se achando engajada, citando o que há de mais superficial dos intérpretes canonizados do Brasil, satisfazendo o gosto especulativo da cena pernambucana, tipo assim, continental! Minha filha! Vá pra casa postar as fotos de hoje no Orkut, criar uma comunidade e marcar um encontro virtual que depois agente conversa.

No fim ela foi aplaudida de pé. Pois como vocês sabem, aqui, todo mundo se odeia, nada do que é produzido aqui dentro presta, é sempre de valor menor e apesar de freqüentarmos sempre os mesmo lugares, basta chegar alguém de fora falando qualquer besteira, que são vistos litros e litros de gozo escorrendo pelas pernas torneadas de tanto subir ladeira e pegar busão, dos garotos e garotas pop cult’s de heelcife.

Complexo de província? Num sei, sei lá! Tudo é tão confuso, num é assim que se argumenta hoje em dia antes de se posicionar sobre algo? Tá tudo pós - pós Queiroz!

Às vezes me pergunto será que eu sou o único Frances que não gosta dessa mostarda? Do que não gosto mesmo de jeito nenhum é dessa macaxeira com charque Armorial, e aí? C'est la vie!


Pássaro Bege.

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Ensejo para retomar atividades nesse blog obeso e sedentário

20.11.09 Foi Hoje! 0 Comentarios


Oh noite braba de boa aquele sono que não chega muita bobagem na TV, minha esposa não para de roncar e emitir alguns gemidos, e suspeito que seja um sonho erótico num sei!
Noite adentro minhas bolas inchadas de tédio e expectativa. Enfim necessitava de um pequeno ensejo, para voltar a postar nesse Blog, o ano está pela borda, o Sport caiu pra segunda divisão.
Mas chega de lamentação por hoje
Depois continuo.

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Ah, que saudade!

26.9.09 Victor Rodrigues 3 Comentarios




Minha querida,

Ontem falei seu nome várias vezes. Estava num bar com meus amigos, alguém colocou as músicas de Waldick Soriano pra tocar, aquelas músicas que eram nossa trilha sonora de domingo. Ah, que saudade! Lembro como se fosse hoje: nos encontrávamos na Praça do Derby, nos beijávamos, eu segurava tua mão e íamos caminhando sem pressa pela Conde da Boa Vista, sob o sol do meio dia no Recife. Você com aquele vestido de cetim, unhas pintadas e batom vermelho que contrastava com tua pele branca.

Íamos andando até a o Cais de Santa Rita. Nossos corpos suados, tua maquiagem borrada e teu sorriso. Ah, quanta saudade! Sentávamos sempre à mesma mesa, o garçom já trazia aquela cerveja bem gelada e uma carteira de Derby suave que você devorava, soltando a fumaça devagar no meu rosto. Nosso tira-gosto era sempre passarinha, bem assada como você gostava. Não existia nada melhor na vida do que ir com você aos domingos até o Cais de Santa Rita. Sinto saudade da cerveja gelada, da fumaça do teu cigarro, daquela passarinha “assadinha” como você pedia.

E depois, querida, lembra que depois de comer e beber nós namorávamos no 13 de Maio? Ah, quanta saudade! Você sempre pedia uma maçã do amor e nós ficávamos ali curtindo aquele bucolismo da Praça 13 de Maio aos domingos. Nós éramos tão felizes, querida. Abraçadinhos atrás de uma árvore. Entre um beijo e outro, você espremia meus cravos do rosto. Doía, mas era gostoso ver seu esforço para cuidar de mim e, exibir, no final, os restos do cravo na tua unha, quase como um troféu. Teu sorriso, novos beijos. Mas o melhor momento ainda estava pra chegar: passávamos a noite nos amando naquele motel da Rua da União. Ah que saudade!

Para Kleiber

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Apenas dez minutos !

25.8.09 Foi Hoje! 3 Comentarios



É tempo suficiente.

Mas é tempo, e há tempos demais, não dá pra ser assim quando agente vê que passou de lá, do ponto, e a contra gosto, possuímos o álibi perfeito.

Disfarçando o inevitável estampado no olhar cheio de desespero e vontade.
Vontade de voar!
Fazer valer a marmita diária e o corpo enrugado, cada vez mais arqueado.

O suor faz parte do jogo de jogadores exaustos e loucos por descanso.
Queria uma trégua, por um minuto que fosse, mas por que raios me deram dez minutos.
Dez minutos é pouco tempo.
Pouco tempo demais.

O que fazer com ele? Rir.
Odiar pra sempre a maquina que imita o homem?
Não! Suar ainda é importante
Esbravejar contra o marasmo e o medo de ser livre demais
Por que aí sim caros e nobres relojoeiros...

Dez minutos transformam-se numa eternidade.


Pássaro bege 27 de agosto de 2009

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carta de uma artista frustrada

17.7.09 Foi Hoje! 0 Comentarios


Há alguns dias eu comecei a reler "A Insustentável Leveza do Ser". E passei a reparar como eu vejo o mundo quando estou envolvida com arte. O mundo ganha uma certa leveza, e soa muito mais poético. Confesso a vocês, sem titubear, que sinto inveja dos artistas. Músicos e musicistas, atores e atrizes, escritores e escritoras... Não pelo glamour. Mas pelo brilho no olho, pelo reconhecimento. E pela liberdade. A coragem de abrir mão de uma profissão mais "segura" pra viver o seu romance com a arte.
A arte é inebriante, a paixão também. Mas essa mistura é avassaladora.
Sempre que vou a algum espetáculo, fico pensando como deve ser estar ali. Como deve ser para uma atriz ser aplaudida num teatro lotado? Como uma cantora se sente ao ouvir uma platéia cantanto junto com ela? Como será escrever um obra literária? Mais um dos meus devaneios.

Por Pagú.

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Até que fim...

8.7.09 Foi Hoje! 4 Comentarios



Até que fim Castanha, num ato de muita gentileza [já que Pássaro Bege e V.R. nunca lembram] me mandou a senha do Foi Hoje. Não sei se posso ser considerada ainda uma colaboradora, mas vou dar uma força por aqui. E sempre que der, vou escrever algo pra postar aqui também. Por ora, é isso. Tô destruída de cansaço. A vida não anda nem um pouco fácil.


Por Pagú.

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Os males do fumo

24.5.09 Foi Hoje! 1 Comentarios


Estava por acaso dias atrás cruzando a esquina da Artur Xavier com a principal e com quem dou de cara? O aumento do preço de cigarros. Estava estampado na primeira página e pendurado na banca de jornal. É de conhecimento público que recentemente o governo, por causa da crise mundial, reduziu os impostos de alguns setores e aumentou o de outros. Não preciso dizer que o cigarro foi escolhido para tapa as brechas da crise. Quer saber como? Transformando seus consumidores em contribuintes mais fervorosos. O aumento do preço do cigarro interfere na rotina dos fumantes de forma muito mais detalhista do que imagina o governo. O governo na verdade não se preocupa com isso e mesmo que triplicasse o preço dos cigarros continuaria tendo o apoio da maioria das pessoas, que por sua vez não são fumantes. E isso porque é mais cristão aumentar o preço do pecado em vez de outros produtos como pão e fubá. Já para o fumante é mais delicado. Primeiro são os amigos não fumantes que soltam a toda hora pilhérias do tipo “bem feito, quero ver se agora tu não para de fumar?!”. Depois são os problemas com os pedintes os “se me dão” que é “só fumo se me dão” este tipo de pessoa pode estar em todos os lugares, pode ser seu colega de bar ou o mendigo na parada de ônibus; não importa, se o sujeito aparecer lhe pedindo um cigarro você vai pensar duas vezes vai lembrar do aumento do governo e por ultimo vai negar dizendo que não tem. E o pior ainda esta por vim, são os barraqueiro que pensam que todo fumante é burro. Como? Lucrando horrores no preço do cigarro a retalho e usando a desculpa da crise mundial. Uma carteira de cigarros custa três reais e tem vinte unidades, o barraqueiro vende a unidade a quarenta centavos lucrando no final das contas oito reais em cima da carteira e quando a gente pergunta por que a unidade é tão cara ele responde cinicamente “por causa do aumento do governo”. Os mais cínicos ainda fazem cara de preocupado como se sentissem muito pela situação. Você, leitor não fumante, sabe o que essa série de coisas causa em nós fumantes? A sensação de ser mais contribuinte que os outros. Contribuinte do governo, dos pidões, e da pouca vergonha dos barraqueiros. Na verdade nunca me senti tão contribuinte como agora e só uma coisa pulsa dentro de mim mais forte que a lembrança dos impostos do cigarro: a vontade de parar de fumar.




Castanha 08 / 05 / 2009

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QUEM COM PORCOS SE MISTURA! FARELOS COME

16.4.09 Foi Hoje! 2 Comentarios


Dedicado a Enedina Ana Silva

Preciso dizer essas palavras leitores, gritar aquilo que vinha sufocando-me, dessa vez não estou preocupado em elaborar uma historia fantástica! Com recursos textuais e lisuras inventivas, isso aconteceu hoje e preciso demais desabar!
Bom. Estava eu saindo da aula para acompanhar o jogo do time que amo, depois de muito insistir, consegui convencer um amigo de longa data, que não gosta de futebol, a assistir o jogo comigo. Aos 35 cinco minutos do primeiro tempo, esse amigo me faz a pergunta clássica: porque esse gol não valeu, e respondo: o jogador estava impedido, e sem pestanejar ele retruca: como assim? Como você sabe?
Como um atrevido desses aparece em nossa vida. Em que momento de nossas existências, abrimos as portas, para certas categorias de sujeitos e o classificamos de amigo, o cara queria simplesmente, discordar de algo que nem conhece, que petulância! Que absurdo! Bem caros leitores, bêbados sim isso mesmo, embriagados, (adoro essa palavra), estávamos ao final da partida. Tortos de álcool e sedentos de cigarros, milhões de planos são traçados, o espetáculo da decadência! Se apenas isso não bastasse, a música surge na cena. Porque; um boteco vagabundo, sujo e com um tia que lhe serve simpaticíssima e feliz; espetinho de gatos assando ao fundo, meia dúzia de vagabundo e um violão, é algo de um poder atrativo tão surpreendente que não cabe num breve crônica amadora!
Entre acordes absurdos e vinho barato, já eram três da madruga. Meu amigo inventa de iniciar uma discussão, acerca de quando, e onde a vida começa? Qual nossa concepção sobre a vida? e tra-lá tra-lálá, puta que pariu.
E tem mais, através de um jogo retórico impressionante, percebo que naquele instante seu objetivo vital, o maior de todos, o único, é o de sobrepor meus argumentos. Que descarado meu deus!
A noite vira um inferno, meus caros! Tenho certeza que vocês têm amigos como esse! E o pior, é que sempre nos deixamos seduzir por essas espécies de pessoas, e sentimos saudades quando demoramos a revê-los. O ser humano é mesmo um idiota completo.
É chegada a hora de voltar pra casa! Ah! E nesses momentos somos capazes de materializar nossos desejos, aos fechar os olhos conseguimos sentir a agua do chuveiro deslizando em nosso corpo, a cama quentinha e cheirinho do lençol. Mas logo nos surge a confirmação: ainda não passou o bacurau! Espera. Os minutos passam devagar, os cobradores começam a amontoar nas paradas, a noite estabelece um silencio ensurdecedor. Porque me deixei levar? Porque não fui pra casa depois do jogo? Sou dono de mim de meus deuses! Porque me submeto à estas situações ainda? Subo no ônibus e o cobrador me olha de forma estranha, sento na poltrona e olho pela janela, e reflito essa frase genial, que escuto desde criança, realmente: quem com porcos se mistura! Farelos come!

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A divina prestação

12.4.09 Foi Hoje! 0 Comentarios


De tudo se vende nesse mundo: comida, bebida, livros, terras, pessoas e até dinheiro, isso mesmo leitor: dinheiro! O dinheiro que, aparentemente, só serve para comprar, pode torna-se algo a ser comprado.
A passagem para os céus também é produto de comercio, caro leitor. Na verdade ela é um blinde com cinco estrelas. A propaganda, pequenos panfletos com mensagens bíblicas, é entregue nas ruas por católicos e evangélicos. Para tomar conhecimento de como a coisa funciona você pode procurar a igreja (balcão de atendimento) mais próxima de sua casa. É assim: O credor, todo poderoso, lhe dá a vida (serviço que compramos obrigatoriamente) no momento do nascimento, sem que você possa ler o contrato (você ainda não tem idade pra isso). As prestações devem ser quitadas com ações “corretas” durante a sua existência na terra (balcão para pagamento de serviços). Se as parcelas forem pagas em dia o cliente terá direito ao crédito eterno e a passagem e hospedagem para os céus vêm como brinde pelo empenho no pagamento das parcelas.
Para os inadimplentes restam as trevas (serviço de proteção ao crédito) utilizadas para garantir que a maioria dos devedores não fuja a responsabilidade da dívida. Existe a possibilidade de dever e não ir para o SPC celestial? Não, leitor. Você terá que ir nem que seja pra passar uma temporada ou no mínimo terá que passa pela sala de espera do purgatório, espaço reservado para os clientes que conseguiram quitar mais ou menos metade da dívida durante a existência.
A propaganda chegou para mim no terminal de ônibus da estação barro. Dizia que Deus, o poderoso credor, lhe da tudo, e pode dar um pouco mais na outra vida, sem pedir nada em troca a não ser: a sua vida. Ora! Isso é de mais! É pagar o serviço com o próprio serviço, só que agora minha vida vale mais, pois tem um toque todo meu. E mais, as cláusulas deste contrato me foram empurradas num momento ruim, pois eu não conhecia as regras deste mundo e estava em momento de extrema necessidade, precisava nascer. Mas, segundo dizem na praça, o banco celestial não negocia dívidas. Ou paga, ou paga.
Não faço idéia de as quantas andam os juros da minha dívida, mas talvez esteja no vermelho. Outra dúvida é saber se tenho os pontos mínimos para ganhar de brinde o pacote com passagem e hospedagem para o santo retiro; não me ache apressado leitor, mas a gente não sabe quando vai precisar destas coisas.
No verso da propaganda com a mensagem bíblica, num espaço menos importante, estava em letras miúdas: Gráfica de Tal, fone xxxx-xxxx. E num espaço ainda menos importante, carimbado com tinta vagabunda: Irmão Fulano de Tal - pedreiro, eletricista e encanador, fone xxxx-xxxx. É isso mesmo leitor, de tudo se vende.

Castanha 11 / 04 / 2009

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A primeira crônica

4.4.09 Foi Hoje! 2 Comentarios


Olá camarada, já faz alguns dias que não conversamos; ou a algumas contagens de 24 horas. Existem mil formas de contar e perceber o tempo. Em nosso ultimo encontro decidimos escrever crônicas. Pensei no que você me falou “quando estiver sentindo escreva”. Pois bem, escrevo.
Arrumei meu quarto, quase por ultimo revirei umas fotos velhas. Tive vontade de rasgá-las. Rasguei. Senti-me bem e mal por isso. Estava rasgando algo que servia para me lembrar de bons momentos.
As fotos que rasguei congelavam rostos e situações de forma que eu considero esteticamente ruim (não gostaria de escrever aqui: feias ou ridículas). As pessoas fotografadas não eram fotogênicas, isso fazia as memórias palpáveis parecerem ruins apesar de em minha cabeça saber que eram memórias boas. Rasguei por não mostrarem o que eu queria ver; confesso, sou mais fútil do que me deixo mostrar. Por isso me senti mal, por apagar memórias palpáveis de momentos tão divertidos. E por quê? Pura futilidade.
Por outro lado senti-me bem, porque estas fotos traziam, também, lembranças de momentos que senti confusos. Não o momento em si, mas, o todo: as semanas, dias e horas que envolveram o instante fotografado.
O que são as lembranças, camarada? Talvez eu esteja errado, mas acho que as lembranças ajudam-nos entre outras coisas a contar o tempo. Exemplo? Consultar as memórias de tudo que vivemos e nos tornamos desde o primário até a mesa do bar, nos da uma idéia de como o tempo passou. Desta forma camarada, o tempo não está só nos relógios, mas, principalmente, nas lembranças e na sensibilidade com que as consultamos. As memórias servem de elo entre o que fomos e como nos transformamos e sermos agora. Eis outro motivo que me levou a rasgá-las e joga-las no lixo: as “fotos / memórias” serviam de portal entre o “hoje” e um “recorte passado” da minha vida que eu não quero ver repetir. Quero continuar quebrando as portas que me levam para o passado que não me agradou, mesmo sabendo que esta porta vai volta à tona num ou noutro momento.
Gostaria de dizer que este desabafo me tornou menos fútil, mas isto não aconteceu. E se eu lhe disser que me sinto totalmente ruim por não melhorar, estarei mentindo. Também não me tornei menos antipático em relação às memórias palpáveis que não gosto e em relação as “portas” que levam para o passado. 
Parou! Não vou mais explorar minhas lembranças, pois elas podem me fazer pensar demais em mim, no que eu era e no que eu sou, e eu não sei se quero me conhecer tanto. Tentar conhecer-se perfeitamente pode gerar um sentimento pretensioso e falso de que sabemos tudo sobre nós. Prefiro deixar a vida saciar aos poucos minha curiosidade de conhecer a alma, até porque não há como conhecê-la totalmente, esta só cessa de se transformar quando cessamos de respirar. No final acho que gosto das incertezas. Mas já está bom! Não digo mais nada, nem que sim nem que não. Não que fique o dito pelo não dito, e sim porque eu simplesmente não quero dizer.
Abraço camarada.

Castanha 04 / 09 / 2007


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Essa foi hoje mesmo*

27.3.09 Victor Rodrigues 3 Comentarios


Ter um tema mesmo eu num tenho não. Muito menos inspiração.E o pior: não faço idéia se nossos fiéis leitores continuam fiéis mesmo, mas estou devendo um texto aqui faz é tempo. Pelo menos Helton e Ricardo vão ler (creio eu). Então vamos lá.

Estou no Camaragibe/Príncipe, me deslocando para o centro da cidade. Sobe uma figura esquisita: com terno mal alinhado, um bigodão e uma cara de ex-presidiário. O sujeito começa a berrar e logo da pra saber que se trata de um crente, desses que arretam a paciência da gente dentro no ônibus. Penso comigo: Puta que pariu! Além de acordar cedo, pegar um ônibus lotado e desconfortável, a gente ainda tem que escutar esses caras pentelhando. Penso em mandar o dito cujo calar a boca, ou da-lhe uma porrada pra ver se resolve. Paro, respiro fundo, conto até dez, busco uma paciência interna que aprendi a desenvolver nos tempos de movimento estudantil. Pronto. Já esqueci do cara, que vá pros diabos que o carregue.

Na volta, sobe outra figura no ônibus. Já começo a ficar puto, dessa vez eu vou partir pra porrada mesmo. Não vai ter boquinha não. Eis que o cara começa a falar e vou me acalmando, não era crente pentelho. Era Sales, um sujeito baixinho, feio e barrigudo, como ele mesmo disse. Pra piorar é gago. Mas disse que seu problema é psicológico, que só gagueja em duas situações: quando está nervoso ou quando encontra outro gago.

Aí eu não me contive e comecei rir, eu só não, metade do CDU/Várzea também caiu na gargalhada. Suspeito que ele queria justamente isso pra ser escutado. Sales faz um trabalho louvável: ajuda crianças com aids. Arrecada doações nos coletivos e convida as pessoas para visitarem o abrigo. A satisfação dele está estampada no sorriso. Aos poucos o mal humor das pessoas vai perdendo resistência perante aquele homem baixinho, feio, gago e barrigudo. De repente, ele parece um gigante, muitas pessoas escutam com atenção o que ele diz. Finalmente, passa um lenço e pede pras pessoas colocaram algumas pratas. Não dou dinheiro, vivo sempre liso pra cacete. Mas anoto o nome do abrigo e prometo fazer uma visita a essas crianças. Depois digo a vocês como foi.
*Sem revisão.

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O maloqueiro, a OI e a senhora dos seios enormes.

22.3.09 Foi Hoje! 1 Comentarios


Hoje ao adentrar o ônibus Vila dois Carneiros no bairro de Tejipió, depois de ler algumas páginas do livro Contos Peregrinos do mestre Garcia Márquez, deparei-me com uma sombra exatamente sobre a página 55. Era um garoto de uns 13 ou 14 anos que, como diz minha avó, vinha amorcegando o coletivo. De inicio fiquei impressionado com a coragem do maloqueiro, que estava não do lado da calçada, mas do lado oposto e a esta altura estávamos em Afogados, onde a avenida fica bem mais estreita, uma verdadeira loucura executava o rapazinho. Mas o fato que mais me chamou atenção foi que o menino trazia em uma das mãos uma sacola de uma das operadoras de telefonia móvel que trabalha em nosso estado, a TIM. Neste momento, lembrei de meu amigo Helton, que se utilizando da minha condição de estudante regularmente matriculado, realizou empréstimos de alguns livros em meu nome, e hoje, seria o dia da devolução das obras, de súbito saquei do bolso meu celular para lembrá-lo de renovar o empréstimo e tentei uma, duas, três... Meus amigos! Foram nove tentativas sem êxito algum. Isto me fez cair em si, de que sou cliente da operadora OI a cerca de seis, setes anos acho, e vira e mexe tenho problemas para operacionalizar a função básica de todo telefone, realizar chamadas.

Umas três paradas depois o maloqueiro desceu do coletivo, mas a indignação só aumentava dentro de mim. Com a portabilidade, existe a possibilidade de você transferir seu número pra uma outra operadora, sem custos adicionais, mas existem diferenças entre elas, desde um melhor atendimento, cobertura, até a questão das tarifas e promoções oferecidas. Foi realizada uma pesquisa, que mostrou que cerca de 82 a 83% dos celulares no Brasil, funcionam no regime Pré-pago, ou seja, não seria justamente eu que iria me situar na situação dos 18% restantes. Desde que adquiri o primeiro celular sou cliente Pré, tanto por questões financeiras, como por uma questão de controle dos gastos, já que na teoria, você reservaria uma quantidade “x” de créditos, que atenderia suas necessidades no decorrer do mês. Quanto ao valor da recarga é justamente aí que reside o dilema: como a abandonar a operadora OI, que por se destinar ao público da classe baixa - ao contrário da TIM por exemplo - oferece os créditos mais baratos do mercado? Toda essa questão hameletiana: o desejo enorme de abandonar a OI, e a conveniência do preço dos créditos. Acompanhava-me pelas ondas da insatisfação.
Mas eis que algo finalmente me livrou destas reflexões. Uma senhora com uns peitos enormes tentava passar por entre mochilas escolares e umas 10 pessoas, no corredor do coletivo. Por já estar próximo ao centro da cidade, sobravam algumas cadeiras vazias, mas ela sentou justamente ao meu lado. Depois de reclamar do calor, mostrou-me um bilhete de metrô que havia achado, e me perguntou se aquilo possuía algum valor, pedia-me também ajuda para a inserção de novos créditos em seu celular:
“é que eu sabia colocar os crédito no outro, que era da CRARO, mas mudei pra OI, porque é mais melhor e mais barato”. De pronto respirei fundo para não lhe atacar o pescoço, contei até dez disse o caminho que ela deveria realizar para que os créditos fossem inseridos, em seguida falei que o bilhete, que ela havia achado, não tinha nenhum valor, mas lembrei dos vendedores de jujubas da integração e disse, que ela podia trocar o bilhete pela guloseima na estação. A senhora sorriu e me respondeu: “ah! intão tá certo, quando chegar na INTREGAÇÃO eu troco, brigado viu meu fio! Qual o seu nome?...”

Rico Santana.

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Férias Necessárias

22.3.09 Foi Hoje! 0 Comentarios


Nota de Esclarecimento.

Caros companheiros escrevinhadores e leitores. Venho em nome do Pássaro Bege, informá-los que o mesmo encontra-se de férias por tempo indeterminado, para reforçar seu arcabouço alucinógeno na ilha da imortalidade, junto aos grandes mestres da sapiência escrevinhadora. Eu Rico Santana fui incumbido de substituí-lo neste curto período e gostaria de ressaltar a honra, que me toma o peito por contribuir com este projeto inovador, sagaz e atemporal chamado FOI HOJE.



Recife 21 de Março de 2009

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Marquinhos

7.3.09 Foi Hoje! 1 Comentarios


Bonito, charmoso, passos delicados e sempre firmes. O gato. Chega despreocupado, impertinente quando quer comida, insistente quando quer atenção. Se estiver com fome mia sem parar até que seu “dono” se canse e pare o que está fazendo para lhe alimentar. Tarde da noite quando estou fumando no portão da frente ele chega. Aproveita o portão aberto para passar sem precisar pular o muro; isso mesmo, ele é comodista. O cachorro da casa vizinha começa a latir raivosamente, ele e Marquinhos são inimigos mortais. Marquinhos, sossegado como sempre, senta na calçada do cachorrão, sabe que o outro está preso e não pode passar o portão. Coça o pescoço, olha a rua, e quando escuta um som atípico ou atraente levanta as orelhas e colocando a cauda em cima das patas dianteiras ergue o peito e a cabeça pra espiar. Enquanto isso o cachorrão, quase sem voz de tanto latir, não suporta ver Marquinhos em sua calçada. E Marquinhos nem aí. Quando avista uma caça, lagartixa ou um pequeno rato, ele a encurrala e não a mata logo. Divertisse com a vítima; maltrata, brinca com a sua dor. O felino deixa o pobre alvo sem saída e este sente o coração acelerar e de longe dá pra perceber a respiração pesada e rápida que o desespero provoca, principalmente nas lagartixas. Firme e forte fala para a presa “diverti-me ou devoro-te” pura maldade, pois não devora as vítimas; mas também não as deixa viver. Marquinhos, dono da situação, percebendo que o moribundo vai parar de respirar da-lhe o golpe mortal; quer aproveitar a chance de abafar o ultimo suspiro antes de perder este prazer para o desgaste do corpo ferido. Estraçalha o corpo e o abandona no canto do muro. Acho que se o cachorro aqui da frente pegasse Marquinhos dentro do seu território não faria esse jogo. Estraçalharia o maldito gato no momento do ataque e pronto! Saciaria seu instinto sem muitos detalhes. O gato, não. Os gatos são malvados. Os gatos são charmosos. O gato. Você conhece alguém parecido com Marquinhos, leitor?

Castanha 20 / 02 / 2009

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No Psicólogo

7.3.09 Foi Hoje! 0 Comentarios


Preciso tirar a carteira de motorista. Na verdade eu não preciso tirar nem sou obrigado. Ninguém é obrigado a nada. Talvez?! Será? Mas eu quero tirar a carteira de motorista e pronto! Para isso tenho que, entre outras coisas, ser aprovado num exame psicológico. Cheguei à clínica às nove da manhã e só consegui sair de lá às três da tarde. A clínica não parecia uma clínica, parecia uma casa velha semi-abandonada. Isso porque era uma casa velha semi-abandonada. Será o DETRAN acredita mesmo que qualquer coisa no universo pode ser avaliada num lugar daquele? Estas são questões que nós nunca vamos entender.
A psicóloga passou um primeiro exame. Tínhamos cada um uma folha, éramos quatro, onde aparecia um primeiro modelo de teste; tive uma dúvida; seria melhor não ter tido. A psicóloga esclareceu minha dúvida quase aos gritos me intimando e perguntando se eu me sentia preparado psicologicamente para fazer o teste. Minutos antes ela tinha nos alertado para não fazermos o teste se estivéssemos nervosos; "como é que eu fico calmo com ela me esclarecendo aos gritos”, pensei. Num segundo momento novo teste, novo erro, nova chamada, mas eu não podia responder nada senão ela me achava nervoso e me mandava pra casa “quê que você fez meu filho, não escutou o que eu disse? Assim não! Assim ta errado!”, e eu me sentindo um imbecil por ser chamado atenção num exame tão estúpido.
Por ultimo uma entrevista individual e ela me entrega seis folhas de papel mandando assinar o nome, mas, aponta só pra uma, eu com medo de errar novamente assino só na primeira. Quando volta pra sala fala logo “meu filho e pra assinar todas as folhas” ainda pensei em falar “achei que bastava uma assinatura e a senhora ia grampear as outras folhas” ou “a senhora só apontou pra essa, então...”, mas foi melhor ter me calado.
Ao final do teste eu perguntei e ela respondeu: “é um bom teste”; não entendi se ela queria dizer que: O modelo de teste que ela aplica é bom ou se eu tinha feito um bom teste, isso vira uma novo mal entendido. Ela não me entende e responde o que não perguntei. Insisto na pergunta e ela insiste em responder outra coisa, esse detalhe vira uma complicação tremenda; fujo da complicação fazendo de conta que entendi o que ela disse.
Teve uma coisa que eu entendi direitinho e que me deixou apavorado. A partir de uns riscos que eu fiz no papel em forma de circulo e ziguezague ela percebeu traços da minha personalidade: tímido, ansioso etc. Ela podia ter falado coisas que eu não sou, mas falou justamente o que eu sinto só olhando aqueles malditos riscos. O que será que ela não ia ver se me mandasse riscar quadrados, triângulos, retângulos e todo o resto?
Semana que vem eu tenho que buscar os resultados. Com tanta melada, e o auxílio dos riscos, qual você acha que será o resultado leitor?

Castanha, 14 / 02 / 2009

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As três da madruga

27.2.09 Foi Hoje! 0 Comentarios


Porra! Acabei de acordar! E ainda são três da madruga. Uns conhecidos da vizinhança inventaram de beber aqui na frente, e como uma boa farra exige musica alta eles acharam que seria bom ligar o som no volume máximo enquanto esvaziavam as garrafas, já eu não gostei muito da idéia e acho que não preciso explicar por que. Eu gosto muito de passar as noites de sexta na rua fazendo o mesmo que eles, bebendo e batendo papo, mas justamente hoje que eu resolvi dormir, topei com esses sujeitos. Levantei da cama botei a camisa e fui tomar “satisfações”, apesar de saber que com os conhecidos a gente não necessariamente toma “satisfações”, ta mais pra falar com “jeitinho”, e eles sabem tanto disso que quando perceberam que eu me aproximava com o protesto estampado no rosto um dos camaradas me abordou, falando e tentando agradar: “Meu chapa como é que ta essa vida? Veio pra tomar uma dose com a gente?”, como se fosse à coisa mais normal do mundo sair de casa a três da madruga com a cara ensebada de sono pra falar da vida e tomar uma dose com o pessoal que acabou de acordar metade da vizinhança. Pedi pra diminuir o barulho e eles foram atenciosos com o meu pedido, mas acho que não serviu muito, pelo menos não para o resto da vizinhança, porque o que o cara fez foi virar os caixas de música para a direção oposta a da minha casa e baixar um pouco o som, mas não o suficiente, pois, eu continuei a escutar o som na sala lá de casa, bem mais baixo é verdade. De todo jeito não importa, pois, as três da madruga a gente não tem obrigação de ouvir o barulho de seu ninguém! E tem mais, como será que ficou a casa do sujeito que era o novo alvo do barulho dos farristas? Resultado: entre o fim do meu sono, a cara de pau do sujeito me chamando pra beber, a admirável solução que ele arrumou pra parar de me incomodar - virando os caixas de som e a falta de educação para o lado oposto ao meu - ficam as palavrinhas martelando na cabeça: bando de folgados.


Castanha 20/12/2008

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