Uma quase- crônica e um ano quase-acabando

29.12.08 Victor Rodrigues 4 Comentarios



Final de ano é sempre igual. Geralmente, fazemos uma retrospectiva, avaliamos os acontecimentos e listamos uma série de coisas a serem feitas no ano seguinte. Raros são os que conseguem cumprir à risca tudo que queriam.

Eu, graças a minha organização singular e aos constantes atrasos, sempre vou deixando algumas coisas para depois e, para o bem ou para o mal, nunca consigo executar o que foi planejado dentro do tempo previsto.

Lembro que, no réveillon passado, havia dito que iria parar com isso e começar a fazer tal coisa, me alimentar de um quilo mais daquilo etc. Recomendaram-me caminhar e parar de fumar, para não sobrecarregar o coração. Afinal de contas, não é qualquer coração que agüenta ser fumante, sedentário, comunista e torcer pelo glorioso Santinha: haja fôlego!

Uma amiga, Betina, me falou que vai casar no ano que vem. Adalberto, seu noivo, pretende concluir o curso de administração, vai receber uma promoção na empresa, ganhar um salário mais gordo e, finalmente, poder casar. Mas Betina, apesar de ser assim como vocês e sempre repetir a mesma coisa no final de cada ano, jura que dessa vez é para valer. Deu o ultimato a Adalberto, lembrou que ano que vem completam quinze anos de noivado e que não aceitaria esperar mais. Disse também que está virando motivo de chacotas na família.

Irei mantê-los informados sobre os acontecimentos na vida de nossa querida Betina. Mas e vocês, queridos leitores (eram oito, a maioria de mulheres....quantos são agora?), o que pretendem fazer no ano que vem?

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O que se pensa e o que se fala.

20.12.08 Foi Hoje! 2 Comentarios


É interessante analisar o que pensamos e como agimos quando queremos transparecer esse pensar. Se não gostamos de alguém pensamos bem claramente tudo que odiamos nesta pessoa. A mesma facilidade não há se tentarmos falar isso pra outros ou pra pessoa que odiamos, criticamos, desprezamos, ou, seja lá que o sentimos. Que dirá se tivermos que fazer algum registro sobre este “mal pensar” dos outros, como escrever, gravar ou anotar isso de qualquer forma para que terceiros possam consultar. Pense caro leitor: nosso poder de “não-falar” o que pensamos é tanto que criamos uma série regras e contextos para fazer, ou não fazer, isso. Para chamar alguém de “mau pagador” em público, dizer que essa pessoa não paga o que nos deve, e cobra-la por isso, vamos a um tribunal de pequenas causas que usa uma bela palavra para o devedor: “inadimplente” (o popular velhaco). Levamos isso a um juiz, sujeito de alta escolaridade e prestígio social e forçamos o poder público a ter gastos ao longo do processo. Ora! Queremos receber dinheiro atrasado e acabamos causando mais gastos junto ao Estado. Por que a gente não pega o cabra dá-lhe uma surra toma na marra o que ele tem e pronto? Tudo bem, eu sei que não é tão simples assim querido leitor, mas que da raiva dá! Por que se, por outro lado, eu chamar o cara de devedor em praça pública ele pode acionar este mesmo circuito contra mim alegando “danos morais”. Ta vendo?! Toda uma estrutura montada para não falarmos o que realmente pensamos.
Bem, tendo em vista o problema "pensar / transparecer o que se pensa" eu estava pensando: será que escrever o que se pensa deixando bem claro o que é pensamento e o que não é, seria chato para a pessoa que é mal falada no pensamento que se escreve?
Outro dia fui ao setor “x” da faculdade pegar informações com o coordenador do lugar e entre uma fala e outra ele se queixou da secretária do local. Fez isso por me conhecer e sentir espaço para transparecer o que pensava, já que não conseguia transparecer isso pra ela. Não vou citar nomes aqui pra não ser indelicado... Ou grosseiro?... Ou por covardia? Enfim! Penso nos nomes. Ele dizia:
- Ela já não tem saúde para o trabalho, tem a memória fraca (eu pensei: Você também).
- Ela está sempre esquecendo e errando (eu pensei: Você também).
- Ela deveria estar longe daqui, pois é uma funcionária ruim (eu pensei: É né?! Você também).
- Ela já tem... (falou isso com ar de impaciência e alterando a voz como se estivesse pensando com muita raiva: Régia é foda!)... Quase setenta anos. (pensei de forma agressiva e confusa: Porra Figuerôa! Você também).
Deixo transparecer agora três respostas, nas quais eu estava pensando, que podem ajudar a solucionar o paradigma: "o que se pensa e o se fala".
Serei direto deixando minha opinião bem clara para você querido leitor. É isso mesmo, não pense que eu tenho cautela... Ou vergonha?... Ou medo?... Ou seja lá o que diabos for! Exponho o que penso e pronto:
1°Se pensamos e não conseguimos falar então vamos escrever de forma sutil o que pensamos, diferenciando na escrita o que é "pensamento" e o que é "fala" e vamos divulgar isso para o máximo de pessoas.
2° Vamos continuar usando as leis e tribunais para falar de forma bonita o que pensamos com palavras feias. Isso nós ajudara a ser educados em casos de extrema safadeza.
3°Internalizar a vergonha na cara, parar com o “disse e me disse” e dizer a verdade é a melhor forma de falar o que pensamos, além de livrar as repartições públicas deste clima de fofoca.


Castanha 09/11/ 2007.

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Eu também quero dizer, Cirilo!

15.12.08 Foi Hoje! 0 Comentarios


Dedicado à Helton e Victor, companheiros deste ano de aventuras virtuais, emocionais, sinucais, astrais e outras mais.

Por favor, me agradeça quando compro cigarro em seu estabelecimento, e quando pedir desculpas sorria, não sou dentista, mas adoro ver seus dentes Adolfo.
Luzinete pelo amor de deus, para de choramingar menina, putz!
E você André, aquele seu garoto é espetacular saudável e lindo, pense nisso, quando reclamar do dia.
Carlinhos meu filho ninguém agüenta mais suas piadas de bolso, chorar e ficar triste meu caro, também faz parte da vida.
E você e seus projetos hem? Também tenho alguns, se parar de falar um pouco e me escutar, vai perceber. Problemas? Devo duas prestações do crediário que abri na eletroshopping e Lucia chega tarde demais nas sextas.
Sim, ia me esquecendo Cosme, o que você está lendo?
Mefistófeles me mostrou algumas coisas, como a fausto.
E os folhetins de nosso o Sebastião, cada vez melhores.
Maria do Carmo conseguiu financiamento pra aquela peça que comprou os direitos. Num é legal?
Manda noticias Soraia, saudades grandes dos teus olhos cor de verso!
Finalizo lembrando você Juarez, do meu xadrez de osso, emprestado nunca foi sinônimo de doado.


Um grande abraço a todos (as),


Pássaro Bege 16/12/2008

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O servidor furioso

22.11.08 Foi Hoje! 0 Comentarios


Caminhei em direção a sua sala com passos rápidos e irritados, mas, bati suavemente a porta três vezes e só girei a maçaneta ao ouvir a permissão para entrar, a boa educação não me permitiria fazer de outra forma, o mesmo não posso dizer do sujeito que ocupava a sala. Disse meu nome, minha ocupação naquele setor da repartição e estava prestes a lhe perguntar por que ele havia me proibido de ocupar a sala no final do corredor quando fui bruscamente interrompido por aquela figura que gritava enfatizando tudo que dizia:
- Não é possível! Eu nunca vi isso em nenhum departamento de nenhuma universidade do mundo! Definitivamente este tipo de sala não se ocupa por ninguém, elas devem ficar vazias e inutilizáveis.
Esta ênfase me parece a de uma pessoa que têm muito medo de ser contestada por saber que não consegue rebater uma contra-opinião ou uma crítica. Tentei falar e fui novamente interrompido por um grito.
- Espere, estou falando!
- Como se fosse difícil perceber isto, pensei.
Reagi e disse-lhe tudo que achei que deveria ser dito, tanto para brecá-lo, quanto para explicar a situação. Mas fui diplomático é claro.
Após tudo esclarecido sai de sua sala com a sensação de conforto, pois, apesar de estar terminantemente proibido de voltar à sala no fim do corredor, eu o havia rebatido em sua incontrolável fúria de servidor público perdido na repartição, frustrado e azedo.
- Dane-se a sala, pensei, eu tinha conseguido coisa melhor, bater de frente com ele e faze-lo se desculpar por ter gritado sem necessidade.
No final do dia, recapitulando os fatos lembrei de ter sentido um cheiro desagradável ao entrar na sala do indivíduo, um odor fecal, talvez ele tivesse acabado de peidar, foi então que percebi o motivo daquela fúria. Ele estava num momento de intimidade quando bati em sua porta, e o desconcerto desta situação o deixou agressivo. Esta memória me trouxe duas dúvidas:
1° Estava ele querendo proteger o funcionamento da instituição ou a sua privacidade?

2° Havíamos brigado para garantir espaços, eu em minha sala e ele em sua superioridade hierárquica, ou, havíamos brigado por merda?


Castanha.

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O chefe

22.11.08 Foi Hoje! 1 Comentarios


Gostei do sujeito no primeiro momento. Inteligente, simpático, divertido, era o carisma em pessoa.
- Nem parece que é o chefe, pensei, que bom trabalhar com um sujeito assim.
Fez um comentário muito interessante. Disse que esse negócio de trabalhar todo dia estava errado:
- Como é que nós, seres humanos, que estamos no topo da cadeia alimentar, trabalhamos todo dia? Nós temos que fazer o contrário, trabalhar dois dias e folgar cinco.
Pensei que tinha um fundo de razão. Se o gato aqui de casa, que segundo a ciência pertence a uma categoria menos desenvolvida que a nossa, pode passar a vida inteira farreando à noite fora de casa, dormindo de dia para recuperar as energias e não tendo nenhum trabalho para se alimentar a não ser incomodar seus donos com um miado impertinente, porque nós que estamos no topo, e sonhamos com a vida mansa dos gatos, não conseguimos fazer igual?
Sai da reunião muito empolgado com o novo chefe. Dias depois precisei falar com o chefe numa sexta feira de manhã. Liguei para a sede e me disseram que o chefe não trabalhava nas sextas feiras. Pensei que estava certo chefe é chefe! E logo ele um chefe tão carismático tinha direito de uma folga a mais. Passados mais alguns dias liguei para a sede numa segunda feira de manhã e me disseram que o chefe só chegava lá todos os dias a partir das dez horas. Pensei que estaria resolvendo assuntos externos. Na reunião seguinte ele falou que chegava tarde para evitar o transito e cuidar do jardim de sua casa. Tudo bem chefe é chefe! Dias depois liguei para a sede numa quarta feira a tarde e me disseram que o chefe largava do trabalho todos os dias às treze horas e trinta minutos. Achei-lo um pouco folgado.
No quarto ou quinto mês de trabalho estávamos super-atrasados em relação às necessidades do projeto por culpa do chefe e de sua filosofia do exercício superior da preguiça. Ainda por cima empurrou a responsabilidade para minha equipe.
Acabado o trabalho levei cinco meses para receber os atrasados. Minhas contas atrasaram, me irritei ao máximo e perdi credito na praça. Durante esses meses não o encontrava na cede em dia nenhum em horário nenhum e ninguém sabia dele. Tinha vontade de esganá-lo. Quando finalmente consegui encontra-lo para receber o cheque que restava ele me olhou com um sorriso animado e disse:
- Andei um tanto ocupado, entende?
Franzi o coro da testa olhei para ele e pensei: Chefe! Chefe!...

Castanha, 24/10/2008.

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A mulher do mercadinho

22.11.08 Foi Hoje! 1 Comentarios


Uma “criatura insuportável”. Essa é a melhor definição para aquela mulher. Feia! Muito feia. Não pensem que eu concordo com a frase do ilustre poeta: “As feias que me perdoem, mas a beleza é fundamental”. Não tenho raiva dela porque ela é feia eu a acho feia porque tenho raiva dela. Mal humorada! Sempre mal humorada. E mal educada também. Toda vez que preciso ir naquele maldito lugar, comprar qualquer coisa, eu volto irritado. Ela sempre está fazendo alguma coisa que poderia fazer em qualquer lugar do planeta, mas, ela deixa para fazer justamente no balcão do caixa. Vou compra sabonete e ela demora a me atender porque está fazendo as unhas; vou comprar pão e ela demora a me atender porque está no telefone falando do casamento de alguém - é isso mesmo! Ela é fofoqueira também; às vezes eu quero comprar só alguns doces para adoçar a língua e tenho que esperar enquanto ela conversa com alguma vizinha sobre as notas do filho na escola. Ah! Vá para o demônio que lhe carregue! E esta agonia já dura a mais de um ano, período em que moro aqui. Muitas vezes eu vou até o mercadinho da esquina, que é um tanto distante, só para não ser atendido por aquela “coisa”, ou mal atendido, mas nem sempre eu quero andar tanto para comprar uma bobagem e é nestes momentos que eu sei que vou ficar mal humorado. Agonia mesmo deve ser o que passa o marido dela, coitado. Acredito que na certidão de casamento deles deve estar escrito: “Senhor “x” casado com senhora “Suplício””. E de quebra, descobri outro dia que o coitado era pobre quando casou com ela, que por sua vez já tinha algumas finanças. Pobre subalterno. Eita, porcaria! Meu cigarro acabou e o mercadinho aqui da frente é o único que vende. Logo agora que eu estou com uma vontade desgraçada de fumar. O jeito é ser atendido pela “coisa”. Logo mais estarei com raiva.


Castanha.

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As regras do jogo do cidadão

22.11.08 Foi Hoje! 0 Comentarios


Podemos definir cidadania como a forma de todos os cidadãos obterem seus direitos, serem respeitados e também respeitarem os direitos dos outros. Se colocarmos regras de um jogo de futebol e associarmos a elas o modo de viver dos cidadãos talvez melhorasse a situação de ambos os lados.
Assim teríamos:
As regras de conduta dentro do “jogo”: Não é permitido dar ponta pés, chutes violentos, rasteiras, saltos desnecessários, agressões de todas as formas, empurrões e cuspir, não são permitidos.
Se na prática levasse-mos tudo isto a realidade de nosso dia-a-dia como cidadão só nos restaria praticar a parti boa da situação.
Porém aparecem as torcidas organizadas que deveriam incentivar as boas práticas e tornam tudo contrário.
Dessa forma, buscar certezas de bem realizado e dever cumprido fica difícil, mas não irrivalizável.
Thiago é aluno da 5° série numa escola de Prazeres – Jaboatão.

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14.10.08 Foi Hoje! 1 Comentarios


A CULPA CRISTÃ
Parte (47)


Os pés descalços imprimem ao chão de barro.
A escultura do descaso e da cegueira.
De fronte à festa havia muitas esculturas,
de aura pura, e valor inquestionável.

Talvez nos olhos daqueles automóveis,
houvesse luz para iluminar o óbvio.
Mas a escuridão que chega com a sujeira,
não traz leveza pros olhares descuidados.

Se escrevinhadores pudessem fazer versos.
Um lança chamas que queimasse esses retratos
Fariam bombas que explodissem as consciências

E serviriam num banquete anunciado.
Champanhe francês com culpa para tirar gosto.


Por:
Pássaro bege. 14 de outubro 2008

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Coisas da ciência (!?)

13.9.08 Foi Hoje! 2 Comentarios




(Clique na foto acima antes de ler o seguinte comentário)

“Desculpa de menino amarelo é comer barro!”, foi isso que Pagú respondeu quando enviei o resultado desta “pesquisa” pra lista de e-mail do DACS. Tudo bem, pode até ser. Mas o quero compartilhar aqui são outros quinhentos: o resultado obtido por esses pesquisadores é altamente questionável. Vejamos: O sujeito fica olhando fixamente, durante 10 minutos diários, para os seios de uma mulher. Isso deve fazer um mal desgraçado pra saúde dele! Além disso, ele precisará de outros 10 minutos sozinho...sabe-se lá, ne?Imaginem a angustia que deve ser olhar todo santo dia e não poder fazer nada. Talvez Helton e Ricardo gostem, eu mesmo não queria...

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26.8.08 Foi Hoje! 1 Comentarios




O FLAUTISTA



A música realmente nos faz sentir inúmeras sensações, cheiros, gostos...

A carta:

Recife, 12 de março 1976.


Sentia-me enfastiado entre o absurdo das transpirações e a cara enrugada do jovem; O Flautista. Parecia haver algo de estranho aquele olhar, mas logo percebi que o estranho era mais que casual, olhava-o por sob meus desejos mais insanos e sobre o monitor sua partitura paquerava-me.

Encabulado, retirei-me do espaço angustiante. Mas claro que antes de fazê-lo perguntei se individuo aceitaria um cigarro.

- Nunca gostei de por essas coisas na boca.

Respondeu.

Fui tomado de assalto com a resposta achando-a um tanto acida e perspicaz. Sorri e abri as grades de ferro e logo após descer as escadas, pude notar que o flautista havia me acompanhado e pude reparar que trazia consigo sua flauta.
- Gosta de flautas?

- Já coloquei uma dessas na boca.

Ele sorriu e retrucou

- Me concede um cigarro?

E entre fumaças e notas dissonantes marcamos um encontro.

No teatro do parque, Dimitre exibia uma de suas mostras itinerantes, com seus famosos quadros psicodélicos e nesse instante enumerávamos diversos gostou em comum.
Bêbados e contentes ficamos nus num cantinho próximo ao ancoradouro.

Na segunda-feira cheguei ansioso e perguntei a secretaria do conservatório se já havia chegado o flautista. Ofegante e destemido corri pelos corredores, posto que, tinha sido informado de sua solidão na sala de música.

Abrindo a porta...

Percebi o engano da secretária. Estava o flautista acompanhado de uma jovem de cabelos cacheados e de bustos volumosos. Vi o tal rosto enrugado perdendo-se por entre as dunas do corpo daquela jovem. ...


... É isso caro leitores, foi hoje. Está carta foi achada por meu filho de 14 anos, por entre as paginas de um livro de cirurgias plásticas jogado na estante.

Sobrevivi ao trauma e juro mesmo, nunca coloquei silicone. Hoje sou pai de um casal lindo, minha esposa e eu somos muito felizes e temos uma casa de veraneio em São Francisco.

Por: Pássaro Bege

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Inquietos

20.8.08 Foi Hoje! 0 Comentarios





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Como conhecer um recifense

25.7.08 Foi Hoje! 2 Comentarios


Eu estava aqui em Petrolina, de fronte ao centro de convenções. Tinha acabado de usar o orelhão e acendia um cigarro, quando fui surpreendido por uma mulher:
- É de Recife, não é?
- Eu? Sou, mas como é que você sabe?
- Pelo jeito. O povo de Recife anda assustado, olhando pros cantos.
- E você, é de Recife também?
- Não, sou de Salvador...
E por aí breve conversa seguiu rapidamente. O assunto foi a violência. Se comparada com Recife, Petrolina é quase um semiparaíso. Pelo menos os bairros onde tenho andado são tranqüilos. Fiquei especulando depois, e acho que a violência aqui é menor porque boa parte da população de baixa renda trabalha na agricultura. Embora ganhe pouco e seja uma mão de obra explorada, eles não tem tempo ocioso, passam os dias nas fazendas. É dura, mas é a realidade.

Vou ficando por aqui. Estou numa lan house de r$ 1,50 a hora.

Abraços
V.R.

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Na estrada

20.7.08 Foi Hoje! 0 Comentarios




Bem, esse blog ta muito parado! Diariamente, milhares de leitores nos escrevem pedindo novas crônicas. Querem que os editores compartilhem suas observações do cotidiano, daqueles pequenos momentos que normalmente passam despercebidos. Tudo bem, amigo leitor, é verdade que estamos na dívida com vocês. Vou pagar minha parcela e deixar os juros para os paladinos Elton e Ricardo, que são os verdadeiros cronistas desse espaço.

Já enrolei demais, chega de conversa fiada. Nesse momento, estou no Vale do São Francisco, mais precisamente em Petrolina, lugar bastante conhecido pelas frutas que exporta e pelos bodes. Bodes, sim. Um dos locais mais badalados da cidade é o “bodódromo”. Aqui tem todas as modalidades de bode: assado, ao molho, sopa, até sorvete de bode tem. E perguntei a um amigo se ele comia bode. O sujeito não pensou duas vezes: - só quando seguram o bicho. Uma outra coisa que me chamou a atenção logo de cara foi a televisão. No aparelho do meu quarto só pega o sinal da rede Bahia. É o dia todo passando propagando do ACM e notícias fresquinhas de Salvador. Isso é quase uma tortura. Nunca pensei que fosse ficar feliz em poder ver o Jornal Nacional, a novela das oito e coisas do tipo.

Meu povo, vou ficando por aqui. Não me perguntem o motivo desse texto, pois ele é simples: ocupar parte do meu tempo ocioso e dividir com vocês alguns momentos. Prometo que da próxima vez faço um texto sério, sem quebrar o protocolo.

Grande abraço

V.R.
(diretamente de Petrolina)

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Aquele Quadro

27.5.08 Foi Hoje! 4 Comentarios








Dedicado à tia Mônica!



Uma espécie de quadro com bordas douradas pendurado na parede do quarto, intrigava extremamente D. Jane Alzheimer de 77 anos. No quadro havia uma mulher belíssima de olhos negros e uma cútis esbranquiçada. Jane evitava ao máximo fitar aquele objeto, pois aquela imagem inserida nele causava-lhe angústia, medo e certa repugnância.

Determinado dia pensou ter visto aquela figura mexer-se, vencendo o susto inicial, aproximou-se da obra e tentou dialogar com aquela mulher.

No inicio as conversas eram recheadas de ódio, acusações e desconfianças, mas com passar do tempo, abrandaram-se na peleja e uma tornou-se leal confidente da outra e começaram a encontrar diversos pontos em comum.

No dia 13 de janeiro de 1930, Dona Jane Alzheimer faleceu e sua Filha Mônica, preparou todo o rito de cremação, um desejo de Jane outrora manifestado. Voltando a casa foi até o quarto de sua mãe e resgatou um objeto que guardaria para sempre como uma especial recordação de sua mãezinha, um velho espelho com bordas douradas no qual D. Jane passava horas a fio em sua frente.



Pássaro Bege.
26 de maio de 2008.

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A Tese do Coelho

27.5.08 Foi Hoje! 0 Comentarios




Era um dia lindo e ensolarado, o coelho saiu de toca com o notebook e pôs-se a trabalhar, bem concentrado. Pouco depois passou por ali a raposa, e, viu aquele suculento coelhinho tão distraído, que chegou a salivar.

No entanto, ficou intrigada com a atividade do coelho e aproximou-se, curiosa:
- Coelhinho, o que você está fazendo aí, tão concentrado?
- Estou redigindo a minha tese de doutorado – disse o coelho, sem tirar os olhos do trabalho.
- Hummmm... E qual é o tema da tese?
- Ah, é uma teoria provando que os coelhos são os verdadeiros predadores naturais das raposas.
A raposa ficou indignada:
- Ora! Isso é ridículo! Nós é que somos os predadores dos coelhos!
- Absolutamente! Venha comigo à minha toca que eu mostro a minha prova experimental.
O coelho e a raposa entraram na toca. Poucos instantes depois ouve-se alguns ruídos indecifráveis, alguns poucos grunhidos e depois silêncio.

Em seguida, o coelho volta, sozinho, e mais uma vez retoma os trabalhos de sua tese, como se nada tivesse acontecido.

Meia hora depois passa um lobo. Ao ver o apetitoso coelhinho, tão distraído, agradece mentalmente à cadeia alimentar por estar com o seu jantar garantido.
No entanto, o lobo também acha muito curioso um coelho trabalhando naquela concentração toda. O lobo resolve então saber do que se trata aquilo tudo, antes de devorar o coelhinho:
- Olá, jovem coelhinho! O que o faz trabalhar tão arduamente?
- Minha tese de doutorado, seu lobo. É uma teoria que venho desenvolvendo há algum tempo e que prova que nós, coelhos, somos os grandes predadores naturais de vários carnívoros, inclusive dos lobos.

O lobo não se conteve e farfalha de risos com a petulância do coelho.
- Ah, ah, ah, ha!! Coelhinho! Apetitoso coelhinho! Isto é um despropósito. Nós, os lobos, é que somos os genuínos predadores naturais dos coelhos. Aliás, chega de conversa...
- Desculpe-me, mas se você quiser, eu posso apresentar a minha prova experimental. Você gostaria de acompanhar-me à minha toca?
O lobo não consegue acreditar na sua boa sorte.

Ambos desaparecem toca adentro. Alguns instantes depois ouve-se uivos desesperados, ruídos de mastigação e...silêncio. Mais uma vez o coelho retorna sozinho, impassível, e volta ao trabalho de redação de sua tese, como se nada tivesse acontecido.

Dentro da toca do coelho vê-se uma enorme pilha de ossos ensangüentados e pelancas de diversas ex-raposas, e ao lado desta, outra pilha ainda maior dos ossos e restos mortais daquilo que um dia foram lobos.

Ao centro das duas pilhas de ossos, um enorme leão, satisfeito, bem alimentado, a palitar os dentes.

Moral da história:
1- Não importa quão absurdo é o tema da sua tese;
2- Não importa se você não tem o mínimo fundamento científico;
3- Não importa se as suas experiências nunca cheguem a provar sua teoria;
4- Não importa nem mesmo se suas idéias vão contra o mais óbvio dos conceitos lógicos...
5- O que importa é quem é o seu padrinho...


Autor desconhecido.
Por V.R.

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O BRAÇO ESQUERDO.

23.5.08 Foi Hoje! 0 Comentarios


  • Mas uma vez insistira em praguejar perante os acontecimentos.

    Eram apenas (167) cento e sessenta e sete minutos de atraso, mas tal descaso com sua prosopopéia cotidiana causou-lhe um estranho formigamento em seu braço esquerdo. Mas foi hoje e somente hoje, que sentira de verdade aquela agonia.

    Enfim chegou o ônibus, como sempre superlotado. Deu boa tarde ao cobrador, que o olhou com imenso descaso, porém, pode observar o nome no crachá do funcionário: Astrogildo Maximo da Silva – homônimo de nosso personagem principal – cruzando a catraca não tardou a refletir: “poderia ser eu sentado ali”, e, por alguns instantes, sentiu vontade de perguntar ao moço se ele também era alviverde e se gostava de cheiro de gasolina.

    De repente foi interrompido por um cutucado de uma moça que se oferecia para segurar seus livros e cadernos. Não pode deixar aquele decote a viagem inteira, que pareciam duas maduras mangas rosa. Com o coletivo menos cheio, e já devidamente acomodado no assento, tirou do bolso um drops e não jogou a embalagem pela janela. No entanto seu amigo Sugismundo, membro do Partido Socialista, que sentara a seu lado durante esse conto, acabara de arremessar uma lata de coca-cola pela janela. Interrogado por Astrogildo sobre sua educação e bons modos, e ainda sobre sua consciência ambiental, Sugismundo justificou seu ato com o seguinte argumento: “Senão houver lixo nas ruas, não haveria a necessidade da existência de garis, contratados pelo Estado. Na verdade meu ato está apenas ajudando que esses pobres diabos alienados, saiam desse imenso tédio cotidiano, já que nossa cidade, vem cada vez mais, se mostrando um grande exemplo de civilização, onde seus habitantes dificilmente jogam lixo no chão”.

    Astrogildo já acostumado com as piadas orgânicas de seu amigo se riu por alguns instantes e a esta altura tinha perdido o ponto onde iria saltar, e sabendo que teria que andar pelo menos mais três quarteirões antes de chegar no seu destino, sentiu seu braço esquerdo formigar novamente.

    (Pássaro bege) 23/05/2008.

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23.5.08 Foi Hoje! 0 Comentarios



No coletivo. 22 / 05/ 2008. 01:09 h (madrugada)



Poucas coisas no universo são maiores que o medo do recifense de ficar em pé no coletivo, seja ônibus ou metrô. Isto é facilmente percebido observando-se, nos terminais e estações, os passageiros, que, diga-se de passagem, parecem mais com pagadores de promessas tamanho é o esforço que empenham para cumprirem a “simples” tarefa da locomoção diária.
Se a fila pra entrar no coletivo é grande, eles furam dizendo:
- A fila é grande e todo mundo tá furando, eu é que não fico em pé!

Se a fila for pequena, eles dizem:
-A fila tá pequena e tem lugar pra todo mundo, então eu posso furar!

Se você é recifense, caro leitor, não se acanhe. Se você não for, não nos critique ou deboche. Lembre-se que a situação faz o ladrão. Imagine que todo santo dia, faça chuva ou Sol, com o apoio de deus ou do diabo, você tem que se apertar, por exemplo, com 160 pessoas num ônibus com lugar para apenas 40. Alguns dias você terá paciência, outros nem tanto. É neste momento que você vai empurrar, brigar e ter um chilique. Tudo pra conseguir um assento, que nesta hora é mais confortável que um trono real.
A recompensa, se você consegue o assento, é que, se o sujeito do seu lado estiver fedendo, o que é muito comum mesmo às 6h da manhã, você vai suportar isso sentado. Acreditem, pode não parecer, mas faz muita diferença. Outro aspecto positivo é que não vai ter ninguém se esfregando em você enquanto tenta se encaixar no aperto ao longo da viagem.
Nem tudo nos ônibus de Recife é o caos. Por exemplo, nos bairros nobres não há esse problema. Não que lá as pessoas sejam melhores, mas como todos têm carro então transferem suas grosserias para o transporte individual. Deste espaço eu não tratarei nesta crônica. Como não vivencio as experiências deste tipo de usuário, os de automóvel, então me calo. É claro que eu pretendo fazer parte deste grupo um dia, e escrever sobre suas grosserias também, mas por enquanto não tenho posses.
Outro dia, tentando entrar no metrô, fui empurrado por uma velha que tinha idade pra ser minha avó. Se alguém me conta eu ia dizer que era mentira, só acredito porque eu vi. Entre a porta do vagão e o assento bem em frente, uma distância de no máximo três metros, a vovó, além de me empurrar, bateu ainda uns dois sujeitos que também tinham idade de ser seus netos. Acomodando-se sorriu um sorriso maroto olhando ao redor com um ar de satisfação.
Infelizmente, por um lado, nenhum outro passageiro viu o desempenho atlético da vovó, estavam todos empenhados em conseguir um troninho. Felizmente, por outro lado, ninguém me viu levar empurrão. Fiquei com muita raiva da situação. Além de agredido, perdi um lugarzinho pra sentar.


Por Helton.

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Marco zero do Foi Hoje

15.5.08 Foi Hoje! 0 Comentarios


Prezados leitores (por enquanto apenas os editores da página)

Em breve esse espaço terá vida própria e regularidade.

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