23.5.08 Foi Hoje! 0 Comentarios



No coletivo. 22 / 05/ 2008. 01:09 h (madrugada)



Poucas coisas no universo são maiores que o medo do recifense de ficar em pé no coletivo, seja ônibus ou metrô. Isto é facilmente percebido observando-se, nos terminais e estações, os passageiros, que, diga-se de passagem, parecem mais com pagadores de promessas tamanho é o esforço que empenham para cumprirem a “simples” tarefa da locomoção diária.
Se a fila pra entrar no coletivo é grande, eles furam dizendo:
- A fila é grande e todo mundo tá furando, eu é que não fico em pé!

Se a fila for pequena, eles dizem:
-A fila tá pequena e tem lugar pra todo mundo, então eu posso furar!

Se você é recifense, caro leitor, não se acanhe. Se você não for, não nos critique ou deboche. Lembre-se que a situação faz o ladrão. Imagine que todo santo dia, faça chuva ou Sol, com o apoio de deus ou do diabo, você tem que se apertar, por exemplo, com 160 pessoas num ônibus com lugar para apenas 40. Alguns dias você terá paciência, outros nem tanto. É neste momento que você vai empurrar, brigar e ter um chilique. Tudo pra conseguir um assento, que nesta hora é mais confortável que um trono real.
A recompensa, se você consegue o assento, é que, se o sujeito do seu lado estiver fedendo, o que é muito comum mesmo às 6h da manhã, você vai suportar isso sentado. Acreditem, pode não parecer, mas faz muita diferença. Outro aspecto positivo é que não vai ter ninguém se esfregando em você enquanto tenta se encaixar no aperto ao longo da viagem.
Nem tudo nos ônibus de Recife é o caos. Por exemplo, nos bairros nobres não há esse problema. Não que lá as pessoas sejam melhores, mas como todos têm carro então transferem suas grosserias para o transporte individual. Deste espaço eu não tratarei nesta crônica. Como não vivencio as experiências deste tipo de usuário, os de automóvel, então me calo. É claro que eu pretendo fazer parte deste grupo um dia, e escrever sobre suas grosserias também, mas por enquanto não tenho posses.
Outro dia, tentando entrar no metrô, fui empurrado por uma velha que tinha idade pra ser minha avó. Se alguém me conta eu ia dizer que era mentira, só acredito porque eu vi. Entre a porta do vagão e o assento bem em frente, uma distância de no máximo três metros, a vovó, além de me empurrar, bateu ainda uns dois sujeitos que também tinham idade de ser seus netos. Acomodando-se sorriu um sorriso maroto olhando ao redor com um ar de satisfação.
Infelizmente, por um lado, nenhum outro passageiro viu o desempenho atlético da vovó, estavam todos empenhados em conseguir um troninho. Felizmente, por outro lado, ninguém me viu levar empurrão. Fiquei com muita raiva da situação. Além de agredido, perdi um lugarzinho pra sentar.


Por Helton.

0 comentários: