O peixe não tem olhos (PARTE 2)
O peixe não tem olhos (PARTE 1)
21.4.11
Castanha
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21.4.11 Castanha 0 Comentarios
Findo o comentário Iugo agradeceu tudo com uma só palavra e saiu caminhando. Desceu a avenida principal até que virou à direita numa esquina e três vezes entrou à esquerda nos cruzamentos seguintes. Estava em casa. Passou pela entrada do prédio cumprimentando o porteiro, “Boa tarde Sr Clovis” e ouviu em troca “Boa tarde meu jovem, esse aí é nosso novo inquilino?” perguntou apontando para o peixe; teve como reposta um sorriso afirmativo.
Um cabra que escreve pra o sobrinho: A páscoa não passa despercebida.
20.4.11
Castanha
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Eu estava aqui pensando20.4.11 Castanha 0 Comentarios
o que iria escrever,
mas deu um branco danado
eu só consegui dizer,
que estou meio sem assunto
peço desculpa a você.
Quando pintar um assunto
eu sei que vou escrever,
no momento vou dizendo
grande páscoa para vocês.
Salviano 20/04/2011
Na falta do sono...
18.4.11
Castanha
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18.4.11 Castanha 1 Comentarios
Experimentos cronísticos [parte 2]. Epitáfio Brasil, vulgo, brasileirinho! (1980 - 2011)
17.4.11
Foi Hoje!
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17.4.11 Foi Hoje! 8 Comentarios
“O que te desejo é ouro, é prata, vive por cima das cabeças,
paira os homens e as plantas. Desejo-te chuva”. (Pássaro bege)
A chuva! Lisa e escorregadia, como um tombo numa sala bem lustrada se meteu no silêncio da casa de seu Epitáfio, soldado da polícia militar, com um pinga-pinga ensurdecedor na cozinha numa panela velha. Seu Epitáfio não gostava de pingos nas panelas, porque o lembrava música. Ele odiava música. Era um homem bruto, não muito “dado” à coisas metafísicas como as melodias. Era um chato de galocha. Um jovem ranzinza.
Mas, guardava uma paixão secreta e escondida à sete chaves, algo que o emocionava... adorava fazer um fezinha no bicho. Na banca de bicho, trocava algumas ideias com o bicheiro, seu Hélio, sobre subversão, violência e sobre as matérias dos tablóides matinais cheios de sangue e medo, de todas as manhãs. Só ligava o rádio para conferir a extração federal do bicho nas quartas, religiosamente às 19:00hs.
Malandro, que só ele, percebeu que o jogo do bicho não era assim tão ruim quanto pensava. E sempre jogava um mesmo terno de dezena: 14, 56, 65. Era ambicioso. Gostava de jogar pouco e ganhar muito. Dizia que o convívio militar tinha ensinado a ele esses hábitos milimétricos.
A história dos números:
* Quando usou uma arma pela primeira vez tinha 14 anos de idade. Achou um resolver na gaveta do tio e desde então, sentiu o poder que poderia obter com um troço daqueles nas mãos.
* 56, era o número de sua casa financiada com suor, lágrimas e alguns tiros.
* O motivo de ter escolhido o número 65 foi um mistério jamais revelado. Mas suspeitava-se que seu Epitáfio era um homem “dado” a algumas superstições um “típico brasileirinho”.
Às 19:00hs do dia 06 de abril 2011, sintonizou a rádio Alvorada e ouviu a voz aveludada do cronista proferir: “E as milhares são”:
1614
1256
6565
1000
1968
Procurou eufórico no bolso o canhoto, o pule premiado... e estava tudo certo, não restavam dúvidas, tinha ganhado no terno. Dirigiu-se a banca pra resgatar sua pequena bolada, R$ 12.000 e tomou um sorvete de tamarindo no parque central. Ainda na praça orou aos céus e a chuva molhou, desonesta, seu rosto e sua alma ranzinza. De rosto e alma lavada, Epitáfio, ligou pra seu Hélio e pediu que jogasse os mesmo números 14, 56, 65 para a próxima quarta. Depois do telefonema, Epitáfio, foi atingido por um raio e assim Deus matou mais um brasileirinho.
No dia 13 de abril de 2011 seu Hélio empurrou os R$ 12,000 de Seu Epitáfio no bolso e desde então, evita os banhos de chuva.
*Extraído do arquivo: Experimentos cronísticos [parte 2].
Por: Pássaro Bege
Ao Fundo
12.4.11
Calango Albino
5 Comentarios
12.4.11 Calango Albino 5 Comentarios
Contava as horas pra chegar o dia e quando o dia finalmente chagava, já estava contando novas horas para um novo dia. Esse processo se repetia à exaustão. Não fazia sentindo algum se fosse analisar minuciosamente toda aquela rotina, mas, analisar minuciosamente qualquer coisa era um luxo ao qual não podia se dar. E assim foram-se passando as horas e os dias até que não importava mais que horas eram ou que dia fosse. Dormir, comer, fazer qualquer coisa rotineira perdeu totalmente o significado. Era uma vida seca, num mundo seco. Que secura! Que sede! Não adiantava beber água, não adiantava se banhar.
Foi aumentando gradativamente o consumo de água. Já era visto pelos seus pares como um grande “gastador de água”. Por que você precisa de tanta água? Não tem consciência que isso é um bem precioso e que você está desperdiçando à toa? Não conseguia mais dar ouvidos àquelas indagações. Chegou, em uma época, a pensar muito à respeito, mas rapidamente esses pensamentos não lhe vinham mais à cabeça. Seu organismo foi gradativamente se adaptando a consumir mais e mais água. A quantidade era absurda para qualquer ser humano dito normal. Uma vez chegou a tomar 20 litros d’água num único dia; a medida de um garrafão d’água mineral!
Decidiu por viajar ao interior, respirar novos ares, visitar parentes distantes, os quais já não lembrava das feições. A viagem foi longa. A estrada ficava devendo em qualidade e o tempo do percurso terminava por se estender mais, por conta disso. Pensando bem, até que não era tão ruim. Sobrava mais tempo para apreciar a paisagem de beira de estrada, tão diferente do cenário cinzento ao qual estava acostumado. Cinzento e seco.
Na beira da estrada, sentia a umidade, no orvalho da noite, no mato que crescia... Desceu na rodoviária nas primeiras horas de sol e procurou pelo açude que tinha tomado banho quando criança. Ao chegar na beira do açude se toucou que a beira tinha “andado”. Já não tinha o mesmo tamanho de circunferência aquele velho açude carcomido pela seca. De novo a secura. Banhou-se nas águas do açude procurando a sensação da infância. O efeito foi contrário ao que esperava. Não se refrescou, não obteve saciedade.
Voltou à rodoviária, comprou uma passagem de volta, nem sequer chegou a visitar seus parentes. Subiu no ônibus sentindo a secura aumentar. No caminho de volta a sensação piorou, já não adiantava beber água. Uma ideia maluca passou pela cabeça e foi virando fixação. Ideia fixa. Paranoia. Será!? Não sobreviveria se fizesse o que estava pensando. No entanto, sentia-se impelido a fazê-lo. E o fez.
Ao chegar à cidade litorânea onde morava buscou o mar. Foi à paria, tirou os sapatos, deixou as roupas caírem, ficou nu, causando alvoroço nos banhistas ao redor. Entrou no mar e caminhou até onde não podia mais e teve que mergulhar para continuar. A secura foi cessando aos poucos, até não mais existir. Agora sabia que teria que escolher entre viver na secura ou morrer para saciá-la, precisava respirar e tinha que voltar à superfície. Optou por não voltar e foi morar no fundo do mar.
Dialogando: Último Tango em Paris e Eduardo Galeano.
4.4.11
Calango Albino
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4.4.11 Calango Albino 2 Comentarios
Eu diria: "Vamos nos esquecer de tudo! Onde vivemos, o que fazemos, quem somos". "Aqui não precisamos de nomes, não percebe?”.
Escrevo do litoral praticamente esgotado de especulação imobiliária; da terra dos rios poluídos; de onde a natureza se vinga a cada dia. Da terra onde "o homem é lobo do homem"; dessa cidade sem cidadãos e de onde os cidadãos não têm cidade.
Escrevo da rua da amargura, do lixo, do caos. Escrevo de um lugar no qual se obedece ao rei. Este rei personificado em um grande sistema de manipulação.
Escrevo de onde se olha as horas a cada minuto, de onde se corre contra o tempo, que corre [para que lugar eu não sei]; de onde se pode ir e vir e de onde alguns simplesmente ficam. Dessa terra de gentes sem caras; sem particularidades; todos aqui são iguais, resumidos a um denominador comum chamado "um consumidor em potencial". Aqui não se escrevem mais cartas, não se anda pelas ruas, não falamos com os vizinhos [eles são uma ameaça]; sou dessa terra, onde o individualismo é o principal valor; a ostentação é o objetivo de vida.
A dinâmica da música dessa cidade opera sempre em fortíssimo. Como nas músicas do romantismo, cada compasso te movimenta, te tenciona, move o seu corpo, te angustia. Ainda se encontram raros indivíduos preocupados uns com os outros, mas ninguém atendeu ao chamado "colocado na entrada de um dos bairros mais pobres: proletários de todos os países, uni-vos! Último aviso!". E foi o último aviso.
Por: Dayra Batista
Um cabra que escreve pra o sobrinho.
3.4.11
Castanha
3 Comentarios
MEU SOBRINHO CABRA NORDESTINO,3.4.11 Castanha 3 Comentarios
SUA VIDA É ENSINAR,
EU SEI QUE SE ELE PUDESSE,
MORARIA EM GRAVATÁ.
É CABRA NAMORADOR,
MAS NÃO PENSA EM SE CASAR,
RESOLVEU SER PROFESSOR,
NAMORAR É MAIS GOSTOSO,
PORQUE VOU ME COMPLICAR?
GOSTARIA DE PEDIR,
A VOCÊ GRANDE FAVOR,
FALE COM MINHA IRMÃ,
SOBRE AS FOTOS QUE TIROU,
COLOQUE ELAS NO ORKUT,
POIS ESTOU QUERENDO OLHAR.
EU NÃO SOU NENHUM POETA,
MAS GOSTO ESCREVER ALGO QUE POSSA RIMAR,
PODE SER QUALQUER PALAVRA,
ESCRITO EM QUALQUER LUGAR.
EU ESTUDEI MUITO POUCO,
CEDO TIVE QUE MUDAR,
PASSEI TEMPOS EM RECIFE,
PASSEI TEMPO EM GRAVATÁ,
AS COISAS FICARAM PRETA,
EU TIVE QUE ME MANDAR.
HOJE EU ESTOU NESSA TERRA,
LUGAR BEM MOVIMENTADO,
MUITO BOM PARA TRABALHAR
APESAR DE VIOLENTO,
AINDA É O MELHOR LUGAR,
O IMPORTANTE É SE CUIDAR.
DESCULPE PELOS MEUS ERROS,
O QUE TIVER DE ERRADO VC PODE CORRIGIR,
UM ABRAÇO DO SEU TIO QUE VAI FICANDO POR AQUI.
AGUARDO COMENTARIOS.
Salviano 03/03/2011
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