Por Jeovana!

28.7.14 Foi Hoje! 0 Comentarios


Jeovana e Nossa Senhora do Babado forte, dai-me paciência, porque, se me der força, jogo uma caqueira na cabeça desse infeliz das costas oca que fica passando com esse caralho dessa cinquentinha na porta da minha casa, pra cima e pra baixo. 
Sem condições de ficar escutando esse roncado no meu pé do ouvido, tô enlouquecendo de verdade! Aí saio na varanda pra ver o que esse cão está fazendo, e ele tá fazendo manobras com a cinquentinha... Não sei como isso é possível!!!  Ai depois que cai, vai aperriar o povo do SAMU.


Por: Joice Paixão. 


Fonte das imagens: <http://new.spring.me/#!/user/divadivina>                                 <http://www.caldas.com.br/30anos/anos701.htm>


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Rapsódia marioandradiana e contemporânea

28.7.14 Unknown 0 Comentarios


Você não é literário não, sinhô! Você é um ser humano de carne e osso, e um exemplar muito abusado por sinal, era o que Dona Bel dizia a Antônio, um garotinho de poucos anos de idade, que depois da leitura do Macunaíma de Mário Andrade, cismou que era um ser cujo caráter era não ter caráter, cuja lógica era precisamente a falta de lógica. Ele andava pelas ruas do bairro experimentando algumas peripécias, sumamente inofensivas, e Dona Bel era seu alvo preferido: por ser aposentada, ela tinha um enorme tempo livre, gasto, a maior parte, na frente de uma televisão de 52 polegadas. Diante das negativas e dos protestos de Dona Bel, Antônio se sentia cada vez mais instigado a provar que ele era, de fato, um ser sem nenhuma coerência. Adorava dizer que ia passar e depois não dar as caras; afirmava que gostava de sorvete de côco e, daí uma semana, era acometido por um abuso tremendo do mesmo sorvete; um dia jogava futebol com os amigos, noutro vôlei, no terceiro era avesso a qualquer atividade física, etc. Tanta inconstância atormentava Dona Bel, que advertia: eduquem seus filhos, antes que eles sejam capturados por algum professor das humanidades. A última de Antônio foi mandar uma carta, selada, pelos correios - ele acreditava que enviar uma missiva, escrita à mão, em tempo de internet era uma contradição profunda, um paradoxo gigante e insuperável. Quando a abre carta, no sofá da sala, Dona Bel cai do céu: modelado e colorido à mão com muito esmero, em letras garrafais, estava escrito: "PAGE NOT FOUND". No canto esquerdo inferior, a assinatura: "Toninho". No dia seguinte, quando ele passava a caminho da escola, ela lhe diz, tom de desistência, que adorou o bilhete, que agradecia muito, etc. Antônio apenas acena com o polegar direito apontado para cima, ri maliciosamente, e pensa: - Vim, vi, venci!

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A barbárie encrustada nos olhos

16.7.14 Pássaro Bege 0 Comentarios


Biometria facial




Enquadraram meu roso na tela












 e agora? 

Da aquarela multicor dos olhos da máquina
surgirão para o agente só imagens em branco e preto.

Mais pretas do que brancas.
O mais, do mais do mesmo.



Biometria facial




Enquadraram o meu roso na tela
e agora?




 Das cinzas salas de cirurgia plástica
surgirá para os rostos cálidos só a máscara da tragédia.







Mais máscara do que rosto.  
O mais, do mais do mesmo.   









Dedicado a Flávio Aires. 



(Foto 1: Lectícia Maggi, iG São Paulo)



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Hoje ainda é dia de rock

13.7.14 Unknown 0 Comentarios


Eu descobri e acho que foi a tempo, mãe e pai, que hoje ainda é dia de rock - começo com essa famosa frase de Sá, Rodrix e Guarabira. Começo para dizer que ainda não passou o prazo de validade, mãe e pai, pra gente poder escutar os três acordes do Ramones, do disco de Titio "Loco Live", que vocês me disseram que era música de doido.   

Eu ainda lembro que vocês queriam que ouvisse aquele álbum chato do Araketu, enquanto eu arrumava o quarto ou descascava o alho do almoço. Era uma barra ter que escutar aquilo, e decorar as letras a contragosto, mas era melhor do que reclamar e tirar o CD da vitrola - caso fizesse isso, a repressão vinha a galope.     

Esperteza mesmo era aguardar uma saída de vocês e chamar a galera pra fazer uma "roda punk", ao som de Devotos do Ódio, no cubículo lá de casa. Numa dessas, o aquário quebrou, aliás, nós (eu e meus amigos) o quebramos, e eu tive que ouvir aquela ladainha repetitiva de que "no meu tempo não era assim". Fiquem com essa vontade de voltar no túnel do tempo que eu coloco "A verdade sobre a nostalgia", de Raul Seixas, na caixola, pra vocês verem o que é bom pra tosse!      

Rulzito, papai, que era baiano, prato cheio para teu bairrismo. Na próxima visita é gelo, uísque e "Novo Aeon" nas alturas, topas? Se topares, veja bem, ainda posso levar de brinde para nossos tímpanos umas músicas de Camisa de Vênus, uma banda soteropolitana, vejas só a ironia. Eu sei que o senhor ainda tem salvação, aleluia!, e eu não vou perder a chance, caso esse nosso encontro aconteça, de levar algumas coisas mais legais, como Pearl JamPink FloydThe Beatles e Joy Division.   

Contigo, mamãe, o papo é mais complicado, ainda mais depois que aceitaste Jesus, glória, aleluia!, e tudo o que não é "da igreja" é "do mundo". Apesar desse maniqueísmo raso, eu tenho fé, aleluia again!, e ainda guardo na memória os teus pulos ao som de Chico Science – o que já é um bom começo, admita-se. Caetano Veloso também te agradava, e, nesse caso, poderíamos deixar de lado o álbum "A Bossa de Caetano" para ouvir o "Transa", que achas? E como eu sou um filho bonzinho, no final, no apagar das luzes, já próximo do “The End” caligráfico e bonito dos filmes de Roliúde, eu coloco o folk 
do álbum “Blue”de Joni Mitchell pra embalar nossos melhores sonhos acordados. Massa, né não?           


Pensem, mas pensem com carinho, pois a oportnidade de descobrir que hoje ainda é dia de rock bate à porta de vocês. E não é o Rocky invencível de Stalone ou o Roque assistente de palco de Silvio Santos, corta essa piada batida, papai. 


Abraços.

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Copa nas copas

12.7.14 Cabotino 0 Comentarios



A Copa de 2014 no Brasil ficará marcada, para mim, como a Copa nas copas. Não é apenas uma aliteração homógrafa do evento esportivo quadrienal com o lugar da casa onde a sobriedade prevarica, a copa. Mas, sim a constatação que a “Copa das Copas” bateu um bolão na cozinha.

A Copa do Mundo no Brasil procurava à cozinha como os americanos um drive thru; os japoneses um karaokê e um cronista inspiração para uma nova crônica.

Ainda bem que o Brasil não chegou à final no Maracanã, porque eu tenho quase certeza que bateria as chuteiras, aliás, as botas, antes. Cada jogo da seleção era um desmantelo e um desregramento do tamanho do chocolate da “torta alemã” em sete camadas.

Assisti aos jogos do Brasil na casa de amigos de maneira aleatória, não repeti nenhum lugar, em todos, sem exceção, não parava de vim comida, bebida, tira-gosto, guloseimas, fofocas e “esse Fred não faz porra nenhuma!” da cozinha. Depois do jogo contra a Colômbia, minha mãe olhou para mim no dia seguinte e disse: “meu filho, tome um Buscopan”.

Bebi em escala “Bossa Nova”, Tom e Vinicius era a garota Helô Pinheiro comparado a minha envergadura etílica. O buraco no meio campo da Seleção eu preenchia-o com o meu fino léxico chulo de costume e, entre um Puta que o pariu! E um Poorraa! Era um tal de uísque com tônica, cerveja, cloro, ovo de codorna, churrasco, alpiste.

E eu como aquele marido no comercial do “Bom Negócio” perguntava: “cadê a fumaça deste churrasco?” daí a turma, “sabe de nada, inocente!” e me apresentaram a churrasqueira elétrica. Levei um choque e, infelizmente não foi em sentido figurado, tomei um choque quando fui pegar descalço, na bandeja de alumínio encostada à churrasqueira, uma faca. Tudo bem comigo, como vocês estão vendo, ou melhor, lendo.

A Copa nas copas já entrou nos anais dos meus hepatócitos. Outra desta vou ter que pedir um exoesqueleto ao M. Nicolelis.

O Brasil não chegou à final, acontecimento que seria o meu fim também, mas os 7x1 contra os alemães ainda hoje é a minha maior ressaca, talvez cure na Rússia em 2018, um país tão improvável quanto o nosso, talvez não cure nunca.

Tomara que na Rússia daqui a 4 anos o nosso futebol não tome uma outra fodka dentro de campo.

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A Copa International Superstar Soccer Deluxe

7.7.14 Pássaro Bege 0 Comentarios


Seis de julho, 20h. Recebo uma ligação: “Bicho, tô aqui no celular e daqui de onde estou só consigo falar pelo VIBER, por favor, não desligue! Tenho uma bomba pra te contar!”.

Não sabia eu que, daqui a uns minutos, seria-me revelada à notícia que iria estremecer o mundo do futebol no ano da Copa no Brasil, no ano da Copa das Copas, no ano em que fomos obrigados a ver todos os jogos, no ano em que não teve primeiro semestre no Brasil; o ano de 2014.

Todos sabem que nosso grande craque “menino Neymar” se machucou no jogo contra a Colômbia e que não vai mais jogar a semifinal e nem as possíveis finais. Possíveis? Eu falei: “possíveis”!? Mais nunca! A realidade sempre vence na ficção.

O nome dele é Allejo! Allejo foi convocado por Felipão para o lugar de Neymar. 
EXTRA! EXTRA! EXTRA!!!

E com ele em campo todos sabem que “a merda vira boné”; “a porca torce o rabo”; “aí é foda!”; “vou jogar mais não, véi!!!”  


Mito é mito!

(Allejo em campo em um amistoso contra a Argentina em 1996, num playtime do Pacheco, zona oeste do Recife, perto do Centro Esportivo Pacheco).


Par quem não acredita, acabo de receber uma foto pelo Wathsapp confirmando o que digo, vejam:


(Allejo chegando a Granja Comary com seus joysticks adaptados pela Nintendo).

Eu mesmo já tive o prazer de jogar com Allejo várias vezes e por mais que meu oponente no game dissesse: “Pera aí meu irmão, jogue sem Allejo aí!” Eu nunca abri mão de escalá-lo. Meu negócio era gol, jogar bonito e sair no zero a zero eu deixava para os gramados da vida.

No mais, se você ainda duvida do hexa, me perdoe, mas você tá segurando o joystick da amargura. 





* Texto dedicado ao Professor Marcos Batista.


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Oitavo Monólogo: (para lembra que o mundo nos fadiga) Patrício: Jovem. Irritado. Veloz.

1.7.14 Castanha 0 Comentarios



                Patrício tomou seis garrafas de vinho barato no bar de Luco, pagou a conta e caminhou em direção a sua moto, que estava estacionada em frente ao estabelecimento etílico. Talvez, amiga leitora, amigo leitor, você não tenha noção do impacto que gera em nossos sentidos, tomar, sozinho, seis garrafas de vinho barato; mas eu, que já me embriaguei até quase morrer centenas de vezes, sei bem como Patrício se sentia. Montou na moto, colocou os fones de ouvido que estavam conectados ao seu celular e partiu. Começou a tocar Rock and Roll do Led Zeppelin, eletrizando Patrício:

It's been a long time since I rock and roll
It's been a long time since I did the stroll
Let me get it back, let me get it back
Let me get it back, baby, where I came from
It's been a long time, been a long time

Lembrou da briga que teve com sua namorada naquela noite “Vá se foder, Suzana, vá se foder e faça o que você quiser, se der pra gente continuar ótimo, também se não der foda-se”. A música continuava:

Been a long lonely
Lonely, lonely, lonely
Lonely time

Yes, it has

Lembrou do patrão que lhe dera um puxão de orelha já bem perto da hora de largar “Aquele filho da puta pensa que é esperto... O cara com a minha idade e pensado que é mais vivo que todo mundo, otário!”. A música empolgava:

It's been a long time since the book of love
I can't count the tears of a life with no love
Carry me back, carry me back
Carry me back, baby, where I came from
It's been a long time, been a long time

Been a long lonely
Lonely, lonely, lonely
Lonely time

Acelerava a moto e ganhava velocidade pela madrugada e pela avenida. Lembrou da piada que o colega de trabalho lhe soltou no canto do escritório por ele ter levado o esporro do patrão “Deonildo! Cuzão! Babão! Babão do chefe! Merece um murro na cara!”. A música acelerava junto com ele:


Seems so long since we walked in the moonlight
Making vows that just can't work right
Open your arms, open your arms
Open your arms, baby, let my love come running in
It's been a long time, been a long time

Lembrou que a avenida tinha sido recapeada durante a semana e que os quebra-molas ainda não tinham sido recolocados. Acelerou. Lembrou de uma pilha de coisas que detestava e teve vontade de mandar o mundo para a puta que o pariu. Disse a si mesmo “Dá vontade de acelerar pra sair correndo desse mundo merda”. Patrício voava em sua moto e mais a frente o sinal estava prestes a ficar vermelho, mas era madrugada: sem pessoas na rua, sem outros veículos, só o sossego da noite. “Vai dar tempo” pensou PatrícioNinguém à vista... Apenas o sossego”. Patrício quase voava despreocupado. O sinal acabara de entrar no vermelho e de um dos cantos da encruzilhada um automóvel surge, e sem tempo pra desviar, Patrício acerta a lateral dianteira do veículo. O impacto arremessa-o pelos ares em direção ao chão, metros a frente. “Não!” pensou ele, usando o que lhe restava de vida. Patrício não estava de capacete, queria o vento fresco da madrugada em seu rosto. A violência do acidente só encontra melhor retrato se imaginarmos que aconteceu com a cabeça de Patrício o que aconteceria com um saco de papel cheio de ovos que fosse arremessado violentamente contra a parede. O celular não foi afetado pelo impacto e ainda tocava os últimos segundos da música:          

Been a long lonely
Lonely, lonely, lonely
Lonely time

Lúcio, um mendigo do bairro, viu a cena de longe e correu para tentar ajudar. Tarde demais.

Been a long lonely
Lonely, lonely, lonely
Lonely time


Castanha 01 de junho de 2014   


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