Causos 21: Curiosidade

29.12.10 Foi Hoje! 2 Comentarios


A curiosidade! Por uma curiosidade insaciável os navegadores cruzaram os mares e consequentemente espalharam a colonização européia. Por curiosidade produzimos ciência, dominamos e conquistamos a natureza. Foi por curiosidade que Pandora abriu a caixa enviada como presente por Zeus e sem querer fez espalhar pelo mundo todas as mazelas que existem. Depois da curiosidade nada seria do mesmo jeito. Ela, assim como muitas e muitas coisas nesse mundo, nos acompanhou no correr dos séculos e vai estar com nós por muito tempo ainda.
No final da aula um aluno veio falar comigo e pediu segunda chance para fazer a avaliação da unidade. Tinha chegado atrasado. Ele disse “Professor cheguei atrasado porque fui socorrer meu primo que foi esfaqueado pelo cunhado” perguntei o porquê do esfaqueamento e ele respondeu “Não sei” e eu “Como assim? Não sabe!” e ele “É professor, ninguém sabe, isso aconteceu hoje e fui socorrer meu primo e todo mundo perguntou pra o cunhado porque ele fez aquilo, mas ele não disse nada”. Fiquei desconfiado, mas não quis pensar que era mentira porque ele sabe tão bem quanto eu que não precisava contar uma mentira cabeluda dessa pra ter uma segunda chance de fazer a prova. Aceitei o argumento e disse “Se souber o motivo me diga” e ele “Ta certo; e a prova?” e eu “Ah! A prova! Pode fazer amanhã”. Depois pensei “Isso dá uma boa crônica com cara de manchete: CRIME EM FAMÍLIA”.
Duas semanas depois encontrei com o aluno e perguntei “Soube o motivo?” e ele “Não professor, ninguém sabe; todo mundo ta confuso e ninguém sabe, nem a família, nem os vizinhos, nem os amigos, nem ninguém”.
O ano letivo acabou sem que o aluno soubesse o motivo pra me contar. Disse ele que não sabia. Acho que não sabia mesmo. Provavelmente nunca mais vou velo. Nunca saberei o motivo.

Castanha 07 / 12 / 2010

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Mais um salvador morre no natal.

27.12.10 Foi Hoje! 1 Comentarios


Os olhos esbugalhados daquele menino ao ser enforcado talvez não tenham sido um agradável presente de natal aos cidadãos vitorienses na manha do último sábado 25 de dezembro.
Eram quatro os moleques ameaçados de morte no entanto três deles, nus, desceram correndo os atalhos do medo rumo a vida, fugiram, enquanto o quarto, "o salvador", ficou na quadra da escola onde se deu o assassinato. Nu, desamparado e sem espinhos nas mãos rogava a sua mãe a salvação e jurava em pensamento nunca mais cabular as aulas para dar uma bola na quadra da escola, com seus melhores amigos, companheiros de um vida desesperada entre os treze e os catorze anos de idade.
Sabe-se lá como se deu o estrangulamento e mesmo quem fora o facínora que executou tão hedionda programação de morte, com requintes de tortura e crueldade. O fato é que morreu a criança nua e enforcada.
Seu nome pouco importa! era mais um daqueles... respondeu o dono do fiteiro que me deu a notícia hoje pela manha.
As pessoas estão cada vez mais insensíveis ao assassinato, soa meio ridículo qualquer exclamação de indignação com essa merda toda em que vivemos. Relativiza-se tudo hoje em dia, dois pesos e duas medidas, é assim que se explica tudo. Depois, os pacatos cidadãos balançam os ombros, frebis de burrice e medo de algum desses moleques invadirem suas casas, seus carros, comerem suas filhas.
À noite se afastando de tudo, fecham as portas e ligam a TV procurando assistir ao noticiário local, que vai informa com detalhes o crime que aconteceu a menos de duas quadras de suas casas. E nos decibéis da TV em alto e bom som, crivam todos pela alcunha de “alma sebosa”, como uma justificativa por seus comportamentos “civilizados” e com um estranho orgulho da boa educação que dão ao seus filhos.
Descanse em paz menino “salvador” e que depois de algum tempo você não ressuscite transmutado numa bala, que atravesse a janela das casas, os vidros dos carros. Pois é assim que todos em frente a TV, esperam te ver... Morto


Por: Pássaro Bege

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A Calcinha da Virada

27.12.10 Foi Hoje! 5 Comentarios


Numa das quintas-feiras do tumultuado mês de dezembro eu fui perambular pelas ruas do centro de Recife à procura de uma camiseta para passar as festividades de Natal com a família. Tarefa árdua, eu sei, caminhar debaixo daquele sol incessante e no meio de tanta gente, trombada aqui, pisão no pé ali, não é para qualquer desavisado.
Mas é que minha pequena, dias antes, havia me ralhado às vestimentas. Abrindo o meu humilde guarda-roupa, exclamando em voz alta, e orgulhando o bom e velho Pasquale, ela disse: ”Só tens farrapos neste guarda-fatos!”. Ora, ora, Minha Pequena, disse eu, semana que vem eu resolvo isso, esquece, deixa pra lá.
Disse e cumpri. Na semana que se sucedeu, lá estava eu, enfrentado uma fila dos diabos para pagar uma peça de roupa que custava R$ 19,90. Efetuada a compra eu saio pingando de suor e vou tomar, ali perto, algo para matar a sede, quando escuto, ao meu lado, uma conversa bem peculiar numa mesa com quatro ou cinco moças.
Ora, ora, não me censure a indiscrição. Um aspirante a cronista tem sempre que estar de ouvidos atentos às mesas adjacentes. Mas, sim, as moças, elas estavam conversando sobre ‘a calcinha da virada’. Que grata surpresa, eu já tinha me esquecido que em épocas de ano velho as fêmeas se põem místicas e supersticiosas. Uma delas introduz o tema:

- Meninas, qual é a cor da calcinha que vocês vão passar a virada de ano?!
- Eu vou passar de vermelho, o ano que vem eu quero intensas turbulências na minha vida.

Bacana, ‘intensas turbulências’. Adorei o eufemismo para grandes farras & phodas homéricas. A outra, que estava logo ao meu lado esquerdo, continuou:

- Eu vou de calcinha amarela, menina, não agüento mais esse liseu.

- Eu vou de branca, chega de aperreio na minha vida. – disse outra.
A última, para surpresa de todas, disse:
- Eu vou usar calcinha preta... Minha perseguida está fechada para balanço.
- Menina, Saulo – devia ser o nome do canalha- não é o último homem do mundo não! – reagiu uma.
- Mas foi o último do ano. – replicou a garota.

A conversa seguiu com um sem número de sugestões de cores e significados. E eu me pus a comparar mulheres e homens; onde últimos, no varejão de pequenas crendices, perdem de lavada para as fêmeas: são sempre práticos e objetivos. Na fila da já citada loja, me lembro de ter ouvido uma mulher implorar ao seu marido para pular as tais sete ondinhas no réveillon. ‘Vamo, amor, por favor, tu nunca fizesse isso!’, dizia ela. ‘Ouxi, vou nada!’, respondia impaciente o coroa.
Ou, talvez, essa história de diferentes cores de calcinha para o ano novo, poderia não ser crendice alguma, superstição alguma, mas só um pretexto para comprar lingerie nova. Mesmo assim, ainda seria bela forma de hipotecar desejos e vontades.
Já passava da hora de ir embora, mas me deixei ficar por ali, ébrio de contentamento, me deixando colorir com as calcinhas daquelas que sonham libidinosamente com ano melhor.

Rosano Jr

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Causos 20: Propaganda

7.12.10 Foi Hoje! 2 Comentarios


Numa ensolarada manhã de domingo uma artista plástica atropelou um biscateiro. Na manhã seguinte, também ensolarada, a notícia estava na capa do jornal. Aconteceu numa importante avenida de um bairro nobre de Recife. “Ela apresentava sinais de embriaguez” disse o policial ao reporte referindo-se a artista plástica. Dentro do jornal, no caderno “Grande recife”, a matéria sobre o atropelamento ocupava uma pequena tira no canto esquerdo da página e o resto do espaço era ocupado por uma enorme propaganda de automóveis: “Compre seu carro novo por apenas cento oito mil novecentos e noventa reais”.

Castanha 07 / 12 / 2010

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Causos 19: Coisa de criança 2

6.12.10 Foi Hoje! 0 Comentarios


Na escolinha o Garotinho já sabia como funcionava a brincadeira: Com suas mãos pegava a mão de um Coleguinha desinformado, apontava para a palma dela e dizia “aqui no meio tem um rio seco, aqui no canto tem uma casa e aqui no outro canto tem uma pedra; o que está faltando?” o Coleguinha depois de pensar respondia “a água do rio” então o Garotinho cuspia na palma da mão do Coleguinha e dizia “agora tem água”. Feito isto os outros Coleguinhas se abriam em gargalhadas. O Coleguinha que levava a cuspida na palma da mão não gostava, mas não ficava horrorizado. Até aquele momento tinha sido assim nos recreios da turminha da alfabetização. O mesmo não aconteceu quando o Garotinho, no velório de sua Avó, fez essa brincadeira com uma Senhora que estava ali para dar o ultimo adeus à velha amiga. Findada a brincadeira a Senhora ficou pasma (instantes antes estava elogiando a educação do Garotinho); a Mãe do Garotinho ficou apavorada, mas teve que se conter, pois não podia gritar no velório de sua própria Mãe; as Pessoas que estavam ao redor sentiram desconserto e vontade de rir, mas o único que soltou uma gargalhada foi o Marido da Senhora. E o Garotinho ficou confuso. Descobriu que nem toda brincadeira tem graça.

Castanha 06 / 12 / 2010

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Capitão nascimento, a coisa pública e um "estranho ser" !!! Quem será ???

28.11.10 Foi Hoje! 1 Comentarios


NUNCA SERÃO !! OUVIRAM, NUNCA SERÃO !!!!
televisão
contas pagas
segurança
televisão ...

boa noite .

Por: Pássaro bege

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DOMINGO, DIA ÚTIL, DIA FÚTIL...

19.11.10 Foi Hoje! 2 Comentarios


Por: Renato Ribalta
Estava sentado no respaldo de um dos bancos de granizo da Praça Santa Luzia, que aquela altura da noite já se encontrava vazia, era por volta das 20 horas e as casas que circunscrevem o logradouro público irradiavam através de suas janelas os raios catódicos dos aparelhos de tiravisão... Ou melhor... Televisão, as pessoas em seus sofás e poltronas da sala de estar, como naquela canção, tinham nessa caixa a sua padroeira, enquanto o nosso solitário personagem que dividia com um vira latas o espaço da Praça, preferia os olhares enternecedores da Santa Luzia, a padroeira dos cegos.
Esperando uma amiga que pelas circunstancias da vida só a vê nos fins de semana, uma amizade boemia, sem sal de frutas nem tampouco tira-gostos. Já se encontrava impaciente devido ao atraso, porém esse é comum com ela, ela costuma dizer que o seu relógio (ela ainda usa isso) é atrasado em relação ao do celular dele, e ambos não fazem nada para emparelhar a hora da cerveja ou do vinho, ele diz que Godot é mais pontual do que ela, e é.
O cigarro que acendeu para esperá-la, como quem acende uma vela para um santo padroeiro já se encontrava no fim, a bunda lhe doía em virtude da espera e da posição incomoda no banco de granizo, mas, antes as nádegas do que os cotovelos que levam a marca cinza da dor de esperar os que vão comprar cigarro.
Quando o expresso Hollywood já ia desembocar no Pacífico, uma mulher aparentando uns trinta e poucos anos (uma década após a da canção) morena e de cabelos encaracolados curto, fez que iria passar direto em uma das esquinas da Praça, e vendo-o, decidiu dar meia volta do seu percurso e foi ao encontro do nosso insular tabagista.
Chegando nele, o mesmo que se encontrava ouvindo um som tirou o fone quando esta chegou, ela lhe perguntou de chofre:
- Tudo bem?
E ele respondeu lacônico:
- Tudo!
Como quem não quer mais conversa. A desconhecida aparentemente embriagada insistiu:
- O que tais ouvindo?
Ele dessa vez mais polido, talvez justamente por perceber o estado da sua interlocutora, pois sabe que o amor assim como a gasolina, é volátil, consome-se rápido e para mantermos o carro funcionando trocamos pelo álcool, lhe respondeu:
- Kafka, uma banda dos anos 80 e a música se chama: Plenitude.
Ao ouvir a resposta ela resolve arrumar as duas mechas de cabelo que lhe caiam sobre os olhos e as colocou por trás das orelhas como alças de óculos, e lhe faz um convite:
- Vamos tomar uma cerveja no bar de Domingos?
Ele responde que não iria dar, pois, está esperando uma “estória”, e lhe passou pela cabeça paralelamente a sua resposta, a paráfrase de um adágio popular: mais vale uma boemia na mão do que um bar sobrevoando.
Ela levemente contrariada, lhe pediu um cigarro ao qual o “boêmio” solitário acendeu e lhe deu falando:
- Olha aí, ainda vai com o gosto da minha boca.
Ela saiu e deixou essas palavras:
- Plenitude é tudo que é bom, nunca pense em coisas ruins.
E saiu soltando fumaça como uma locomotiva de passos dissonantes tal qual uma promessa de felicidade.
Ao repor o fone aos ouvidos como quem também põe as alças de um óculos, o trecho de Plenitude que ainda estava tocando era: “mesmo sendo assim/ tão fácil perceber/ a plenitude acena e se desfaz só de dizer/ vai ser bom de saber/ que não me domina o medo de te perder”.
Cansado de esperar, ele põe um drops na boca como um tira-gosto, acende mais um intervalo pelo filtro e vai embora a procura de um bar.

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Iº CURTA LITERATA

12.11.10 Foi Hoje! 0 Comentarios


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A lombra, a larica e a marola

8.11.10 Foi Hoje! 2 Comentarios




Cores vivas... Vibrantes... Detalhadas. Certa retidão nos olhos que vagam na silhueta da forma. Os sons são apurados. Invadem meus ouvidos em feixes agudos percorrendo os dutos sanguíneos até encontrarem indícios de sensibilidade, imaginação e prazer de ouvir música. Minhas mãos e meu corpo embaçam na matéria. A pele é tenra e o toque é áspero... Que viagem!...

Frutas doces... Beijos salgados. A boca permanece nesses extremos. Posso sentir o paladar só pelo cheiro apurado, pela fragrância leve, pela imaginação gasosa. Fecho os olhos e mordo os lábios. Da fome ampla, intensa e voraz a larica emerge das profundezas do estomago como um vazio celestial dentro da barriga.

A marola é diferente. Um canabista pode ser denunciado através dela; dedos amarelados, boca ressequida, olhos em brasa, cheirão nas narinas, hálito de canabis. Já pensou que sujerinha!
Basta lembrar um canabistas famoso, que era tão sujeira em casa, mais tão sujeira... Que até o cachorro dele usava colírio!

Exagero??????


Por: Amâncio Norato

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Causos 18: O orgulho ferido / 2

6.11.10 Foi Hoje! 2 Comentarios


O pai de D. Joana era preto, pobre e vivia no meio do agreste; trabalhava de sol a sol pra sustentar a família. Enfrentava adversidades, mas batia no peito firme de si, pois tinha sua terra e não devia nada pra ninguém.
Mas, as vezes, a desgraça cisma de bater em nossa porta e faz o mundo girar de uma forma que tudo de ruim que já aconteceu pode ser muito pouco se for comparado com tudo de ruim que pode acontecer.
Um dia o pai de D. Joana perdeu sua terra para um poderoso latifundiário da região; “Major Bastos veio aqui tomou a terra e pagou quanto bem queria pra papai” disse D. Joana. O pai de D. Joana não teve opção, nessas terras agrestes manda quem pode e obedece quem tem juízo. Caiu em desgraça por perde o que era seu mesmo nunca tendo pegado o que era dos outros.
Sem terra, sem autonomia, sem forças pra bater orgulhoso no peito e por ultimo sem juízo “papai ficou doido” disse D. Joana “saiu pelo mundo andando sem rumo e acabou morrendo doido no meio do mato; doido mesmo, sem uma gota de juízo”; e depois disse “o Major Bastos tomou terra de muita gente por aqui”.
Hoje o paço municipal de Cupira, município onde tudo aconteceu, chama-se Major Bastos.

Castanha 06/11/2010

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Boa noite! Oxe! Vai dormir, ora...

3.11.10 Foi Hoje! 1 Comentarios


Por que será que nada dos planos antes da dormida nos salta a realidade? As construções metafísicas, os projetos com inicio, meio e fim, tudo tão completo e perfeito! Na luz do dia esvai-se?!

A marcha cartesiana dos detalhes, as improvisações de luxo, sobressaltos de euforia das criações inéditas, que impressionam não por serem inéditas, mas, pelo falto de jogarem vida no ventilador das mesmas artimanhas do velho criar, criar, criar, criar...

Todos esses planos dormem conosco e jamais despertam junto com a gente, ficam guardados num lugar inacessível às mãos, aos olhos, ao traço, mas... Pipocam na alma.

Vai dormir! Plano incessível ao acordar, que amanha se te pego de vacilo... Coloco-te num papel e te encho de floreios.

Boa noite! Oxe! Vai dormir, ora...

Por Pássaro Bege

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Causos 17: Rosano, um anti-herói

1.11.10 Foi Hoje! 3 Comentarios


Anti-herói, o protagonista que é do bem, mas não possui as características próprias de um herói. O anti-herói é atrapalhando e outras coisas mais. Macunaíma era um anti-herói; o Chapolim Colorado também era. Por um momento Rosano foi um anti-herói. Não foi o Chapolim nem o Macunaíma, mas foi um anti-herói. No geral, Rosano é um bom sujeito.

Quando era garoto Rosano viu seu primo mais velho fazer uma coisa que lhe encheu de nobres sentimentos. Viu seu primo, durante uma pelada na praia, se jogar e se arrebentar para impedir que a bola mal chutada acertasse uma transeunte. Aquilo seria para Rosano um exemplo marcante de dedicação em defesa do próximo
.
Tempos depois, também durante uma pelada na praia, alguém, novamente, chutou a bola de forma mal calculada e esta foi em direção a um casal que se beijava e amava logo ali, em frente ao mar. Antes de o alvo acidental ser atingido, Rosano correu e se jogou para alcançar a bola. Não foi suficiente... E foi desastroso. A bola acertou o casal e como se não bastasse, Rosano, quando caiu, também atingiu o casal. Os apaixonados ficaram indignados. Rosano, além de se machucar na queda, levou um esporro do sujeito, e quando olhou pra trás topou com seus colegas de futebol morrendo de gargalha. Furioso e sem jeito gritou “não ri não, porra!” ao que os colegas responderam “mas tu caiu” e continuaram a gargalhar.

Embaraços a parte, resta à boa intenção. Rosano tem um bom Coração. Alias, este causo é dedicado a todas as pessoas que tem um bom coração.


Castanha 01/11/2010

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Causos 16: Dicas para o ofício de ladrão

24.10.10 Foi Hoje! 3 Comentarios


Tenho um amigo que gosta de dizer “confusão só presta grande”, concordo. Pra qualquer coisa que a gente vai fazer a gente tem que fazer bem feito, mesmo que seja uma “confusão”.

Nunca exerci o ofício de ladrão, mas coloco nas próximas linhas três pontos que acredito que devam ser levados em conta pelos profissionais da área na elaboração de uma atividade.

Semana passada, no pequeno município de Chã Grande, dois homens assaltaram uma farmácia. Foi um assalto embaraçoso.

Primeiro: Se você decide assaltar um lugar, tem que ser um lugar que dê dinheiro de verdade; duvido muito que uma pequena farmácia de uma pequena cidade dê grandes lucros.

Segundo: Você tem que conhecer os arredores do lugar para não tropeçar nas próprias pernas na hora da fuga; fugindo da polícia os ladrões foram parar numa rua que não conheciam e caíram numa ribanceira perto de um terreno baldio. Ficaram por ali mesmo.

Terceiro: Você precisa de um parceiro que tenha o mínimo de ética profissional; depois de tanta trapalhada um dos dois ladrões saiu do carro gritando pra polícia “eu sou o refém, eu sou o refém”, tenha dó, santa covardia! Indignado o outro ladrão gritou “cala boca cabra-safado, tu tava roubando comigo”.

Castanha 24 / 10 / 2010

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ROBERTO DEIXA ESSA

24.10.10 Foi Hoje! 4 Comentarios


Dedicado a Sr. Zé


Vindo da universidade com dez conto no bolso, parei no boteco de Luiz Henrique: Quero plantas bar, nome esse em virtude dele vender plantas, jarros, adubos e que aos poucos foram sendo substituídos por garrafas de cana, carnes e sardinhas em latas, cerveja e etc... Eu sempre costumo dizer a ele que o nome do bar deveria ser mudado para: bar-bicha, pelo fato dele usar cavanhaque ou bar da erva.

Ao chegar ao balcão improvisado com umas madeiras sobrepostas com um tecido preto forrado sob jarros remanescentes, garrafas de caldinho, cinzeiros e mini-copos de água ardente, reparei que Pholhas estava tocando no som, e que tinha um coroa conversando com ele do lado de dentro do balcão, estranhei esse fato, paguei os três conto que tava devendo a ele de um fiado, uma cerveja e meia no prego. Vi que o coroa continuava em sua posição totêmica, o seu rosto tinha uma placidez invejável como a que Robert De Niro tem no final do filme – Taxi driver – a cabeleira prateada como uma lua que já pôs o sol pra dormir várias vezes, os braços cruzados sobre a barriga, um homem sem barriga é um homem sem história.

Comecei a conversa de sempre que tenho quando encontro com Henrique, principalmente, quando vou lhe pagar os meus penduras, ele me chama de burguês e eu o chamo de canalha, um papo mimético. E o coroa rindo da nossa conversa, aquela risada despretensiosa, como aquelas que temos quando damos uma buchuda no dominó ou arrastamos alguma grana no bicho. De repente eu comecei a falar dos Pholhas, e o coroa me respondeu que tem tudo deles em sua casa e Luiz dizendo que comprou o CD por dois reais no Centro, a música na era da reprodutibilidade afetiva e barata. Daí o coroa das madeixas de níquel, me falou que ouvia os caras desde sua época de circo. Será que a vida de todo homem tem uma época de circo, como os elefantes adestrados pacíficos e medíocres que apesar disso tem a tromba e seus dias de furor?

Bem, perguntei a ele o que fazia no circo e logo após perguntei-lhe o seu nome, pois é... A curiosidade antecede o formalismo. Ele foi primeiramente formal, se a curiosidade não mata o gato, o tempo tão pouco. Disse-me que se chamava: José Francisco de Oliveira, mas, que todo mundo lhe chamava de Zé, mais um José, só que esse não queria voltar para Minas, mas sim para as lonas, falou que a televisão acabou com o circo e que no passado trabalhar no picadeiro dava até pra tirar um trocado. Indaguei o que ele fazia no circo; ele me disse que fazia de tudo um pouco, já foi palhaço, tirou coelhos da cartola e que continua tirando até hoje e saltou uma risada, mas tinha duas coisas certas que fazia sobre as lonas, uma era o globo da morte e a outra era o cover de Roberto Carlos, daí me caiu os bônus sobre a permanência da cabeleira basta e bem cuidada.

Perguntei quantas motos tinha o globo da morte que ele fazia, disse que eram duas, e que abandonou essa atividade em virtude de um acidente e levantou a calça jeans e me mostrou a enorme cicatriz, creio que essas são as verdadeiras tatuagens da vida, as carpas da sobrevivência. Depois do acidente abandonou de uma vez o globo da morte, mas que continua fazendo cover do Rei até hoje, nesses circos de pequeno porte, diz que em dias de apresentação ainda fica nervoso, borrifa um tom mais escuro através de uma tinta spray temporária nos cabelos, o terno branco somado com a sua herança do acidente que veio junto com a cicatriz, desde então ele puxa a perna direita quando anda.

Por: R. Ribalta

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Duas crônicas e um poema

12.10.10 Foi Hoje! 4 Comentarios


Fui à delegacia registrar a ocorrência do sumiço de duas crônicas e um poema que acabara de escrever. Chegando ao recinto percebi uma movimentação diferente. Fiquei de cara com a figura que estava sendo autuada!... O “pica-pau” foi enquadrado com anfetaminas e no interrogatório entregou os outros personagens:

- Então?...Está explicada aquela risada elétrica, metendo o rosto nas arvores, postes, perturbando a ordem dos desenhos, concluiu o delegado.

O pássaro rebateu as insinuações dizendo que ultimamente estava no stress, que tomara doses cada vez maiores, mas tudo comprado com receita médica e que outros personagens usavam certos tipos de aliviadores do dia a dia e nem assim perturbavam a ordem das Es(his)torinhas.
Salsicha e Scooby, por exemplo, por que aquela fome insaciável? Os dois sempre saindo em meio aos episódios, aquelas risadas intermináveis, dizem que os cachorros são espelhos de seus donos.
Sem falar o marinheiro Popay naquelas situações de perigo! Brutos trapaceando, tentando seduzir Olivia a todo custo... Popay!Cadê você, popay... E quando tudo parece perdido? Popay come aquela planta enlatada... Fica forte, potente, voa, salvas personagens em dificuldades... Não estou insinuando nada! Mas e os smarffs?...

- Olhe aqui pica-pau... Se você pretende caluniar para aliviar sua barra, vou logo avisando que essa não cola...

- Não estou caluniando ninguém.

Deixe terminar meu depoimento e só depois tire suas conclusões. O fato é que gargameu e o gato cruel tentam de todas as maneiras de rangar os indefesos duendes. Quando as coisas apertam os pequeninos comem certas espécies de cogumelos e ganham habilidade extraordinária, pulam, correm, levantam, e a dupla do mau não consegue seu intento. Não posso me esquecer dos ursinhos Gummy vivendo na floresta, conhecedores das plantas, preparam um chá avermelhado que os traz vitalidade, resistência e coragem contra seus inimigos... rê...rê...rê...

- Isso não anula seu flagrante e sua transgressão, pica-pau!... O delegado foi taxativo:

- Sua pena é exibir seus episódios em canais abertos, vai ter que participar de terapias de grupo com o seu roteirista, ajudar personagens com dificuldades de canais e lutar politicamente pela exibição de desenhos das antigas, para que as novas geraçãoes tenham mais contatos com desenhos criativos.

A autoridade dispensou o pássaro e perguntou o meu problema. Disse-lhe que desapareceram duas crônicas e um poema que escrevera ontem de madrugada:

- Onde o senhor estava, quando viu os escritos pela ultima vez?—Pergunta ele.

- No mini-bar nossa senhora aparecida. O delegado tomou um gole de café, coçou a cabeça com impaciência e disse:

- De madrugada, num mini-bar, escrevendo?...Você já procurou essas estórias na mesa onde estavas ontem à noite????

Por Amâncio Norato

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Causos 15: Um dia da caça, outro do caçador

3.10.10 Foi Hoje! 2 Comentarios


“Atire a primeira pedra quem nunca cometeu pecados”, com estas palavras Jesus acalmou um momento de muvuca, estabeleceu um sábio ditado e salvou Madalena, mulher experiente na profissão mais antiga do mundo.
Aqui na rua tem um salão de beleza, um desses pequenos salões de periferia. Até um tempo atrás esse salão pertencia a um sujeito que eu conheço por “irmão”. Esse sujeito cortou meu cabelo tantas e tantas vezes, mas eu nunca soube o nome dele. Sou muito ruim de vizinhança, e por isso mesmo não sei nem o nome do “irmão” nem o de quase ninguém aqui no bairro. Mas sei que o “irmão” era chamado assim por ser muito religioso. Cortando o cabelo com o “irmão” eu me atualizava; sentado na cadeira eu o escutava me dizer quem tinha traído o marido ou a esposa, com quem tinha traído, onde tinha traído, porque tinha traído e daí em diante. Sabia quantas meninas do bairro tinham perdido a virgindade no ultimo mês, com quem tinham perdido, se tinha sido bom ou ruim etc. Sabia quem era cachaceiro, quem era mentiroso, quem era canalha, quem não gostava de tomar banho e tantos outros pormenores sobre a vizinhança, que a gente só fica sabendo quando deixa um bom “irmão” fofoqueiro cortar nosso cabelo. O sujeito era uma máquina na arte de observar a vida alheia. Mas nada é pra sempre e tudo tem sua volta. No salão do “irmão” trabalhava uma moça muito calada e gentil que não era feia, apesar de não ser bonita. Um dia a esposa do “irmão” chegou sem avisar e encontrou seu marido no banheiro agarrado com a tal moça. Não sei qual era a posição do coito no momento do flagra, amigo leitor, mas deve ter sido algo muito constrangedor para os três envolvidos, pois no dia seguinte estava desfeita a união matrimonial, a assistente tinha sumido das redondezas e o salão do “irmão” estava fechado e só abriria novamente tempos depois sob nova administração. Ouvi dizer ainda que a esposa traída praguejou horrores contra o recente ex marido. Quanto ao “irmão”, bem, da ultima vez que tive notícias, ele tinha mudado de profissão e estava trabalhando bem longe daqui.
Pois é, Jesus é que estava certo!

Castanha 02 / 10 / 2010

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Recomendo

2.10.10 Foi Hoje! 2 Comentarios


A cigana, misto de curandeira e de profeta, na encruzilhada dos traídos com os ressacados de amor, sentada bem no meio da rua. Tronco ereto, olhar imponente e palavras concisas:
- Recomendo só o que é bom, aquilo dá efeito.

O transeunte pára, a olha meio de soslaio, e pergunta inseguramente:
- Pra ferida não curada?
- Chá morno de aroeira e delicadas lambidas caninas, pra fazer casca mais rápido. - responde a cigana.
- Não, pra ferida assim não, dor assim não. Pra dor de gente mesmo, que dói sem fazer buraco. - explica o atabalhoado andante.
- Deve ser gases, então recomendo chá de boldo, meia fruta-pão e batidas com a palma das mãos nos locais específicos da dor. É tiro e queda. - diz a cigana sem perder a pose.
- Não, moça! É dor de gente que perdeu gente. - impacienta-se o andarilho.
- Se for perda de mãe, recomendo ar puro, cigarro de palha, pata esquerda de porco recém-nascido pra pendurar no pescoço e meditações noturnas pra aliviar a angústia. Se for de irmã, gota de veneno de cobra-buchuda-do-mato-de-dentro. Se for de pai, suco de melancia com erva pontuda de pigmento vermelho. E se for de amigo, outro amigo.
- Vixe, ainda não acertasse. - desanima-se o ouvinte.
- Se for dor de quem perdeu a mulher...
- Sim, sim... – anima-se o rapaz.
- Dor de corno... - continua a cigana.
- É, é... – confirma o cabra vacilante e envergonhado.
- Recomendo uma garrafa de cachaça e 'Torturas de Amor' do mestre Waldick, para servir de trilha e, acima de tudo, pra ajudar a se conformar. Porque em caso assim, só resta aceitar e ponto! Porque, como se diz na terra dessa humilde cigana, que ora vos bafeja ao cangote, chifre foi feito pra homem, boi usa de atrevido que é.

Depois de ouvir isso, o andarilho distraído, mais sensível do que pele queimada, e que passara ali por um mero acaso, deságua numa choradeira barulhenta e profunda.
E a cigana replica firme:
- Eu digo e tenho dito: recomendo só o que é bom, aquilo dá efeito.


Escrito por Rosano Freire
Postado por Pagú.

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"O Quereres!?!?"

30.9.10 Foi Hoje! 3 Comentarios


"E onde a pura natura, o inseticídio!!!!" Não como essa onda ECO não sei das quantas!!!! Não gosto do gosto não quero!
Nem as dicotomias ... também não as quero!!!
Sendo assim prefiro hesitar a manchar Minh'alma os meus olhos meus sonhos mais uma vez!

PORRA são tantos os quereres DOMINGO É DIA de ausência... Presente em cada gesto meu de indignação contra o sistema político brasileiro!!!
Cuidado!!! Eles estão SURDOS
Mas ... não importa o quanto el@s tentem eles não podem nos impedir!

Mais uma vez nos lancemos no mar das incertezas e que cada um sinta o gosto do sal dos seus litorais, e assuma seus tombos e capotes nos balcões de areia das ilhas das escolhas.

Graças a Deus

Por Pássaro Bege

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Causos 14: Coisa de criança

29.9.10 Foi Hoje! 1 Comentarios


"Meu filho" perguntou a mamãe "por quê você fez isso?" e o garotinho respondeu "mas mãe, e não fiz nada".
O garotinho, com onze anos, estava cheio de carinho pra dar, recebendo as primeiras visitas do tesão, culpa da entrada na adoslecência. Num encontro de família aparece a prima de mesma idade, que tinha vindo do interior. O garotinho não conseguiu se controlar. Quando a titia, mamãe da garotinha, foi procurar a filha encontrou a menininha abraçada pelo o garotinho num espaço reservado para as brincadeiras de criança, nos fundos da casa. O garotinho com as calças arriadas e a garotinha morrendo de dar gargalhada e dizendo "eu não quero nada". Enquanto o garotinho descobria o tesão, a garotinha aprendia a dizer "não!".
"Meu filho" perguntou a mamãe "por quê você fez isso?", e sob os olhares dos adultos o garotinho respondeu "mas mamãe eu não fiz nada, eu só queria namorar um pouquinho, mas ela não quis"; e do outro lado da sala a garotinha morria de dar gargalhada.

Castanha 29/09/2010

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Elevador do CFCH

28.9.10 Foi Hoje! 4 Comentarios


Dedico esse texto a Seu Álvaro, ascensorista cfchiano.


Subo eu e mais quatro moçoilas num elevador cfchiano, no comecinho da noite.

Antes que alguma de nós pedisse pra que o ascensorista apertasse o botão, acontece a cena mais hilária do dia: o ascensorista aperta em um andar muito especial daquele elefante branco, daquele manicômio vertical.
Eu, com a minha cara de pau bastante peculiar, comento: "Oxe, a gente nem falou nada. Que sujeirinha!"
E ele, na maior naturalidade: "Relaxe, tô ligado."
E nós quatro, entramos em crise de riso até descermos no fatídico andar.

Comentamos muito sobre aquela cena durante a nossa estadia naquele andar que fica exatamente no meio do CFCH.

Ao descer, nosso 'comparsa' não estava mais no elevador para ver o resultado do tempo precioso que permanecemos numa das zonas de tolerância da UFPE.




Por Pagú.

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Pequenas Crônicas grandes negócios

27.9.10 Foi Hoje! 2 Comentarios


Dona Carminha sofria muito com seus pés inchados e sua circulação sanguínea afetada pelo excesso de gordura em suas panturrilhas e suas persistem varizes, e ainda por cima, trabalhava vendendo pasteis na feira de sua cidade quase doze horas por dia.

Os lucros da atividade estavam ficando comprometidos com a chegada da concorrência dos pasteis no local.

Viam-se pela feira dezenas de barraquinhas de pasteis e Dona Carminha ia aos poucos perdendo os fregueses de anos, enquanto suas fortes dores nas pernas só faziam aumentar. Recorrendo ao doutor da localidade este lhe receitou exercícios diários e repouso.

E Quando voltava do consultório, encontrou com Dona Lurdes que ia uma festa dançante no fim de semana e sabendo das recomendações que o doutor fizera a amiga de pronto a convidou para o baile da sexta à noite, no Clube da terceira idade, cujo proprietário era seu Manoel.

Após uma dezena de idas ao baile e tornando-se a mais conhecida dançarina de samba do lugar, Dona Carminha resolveu abrir sua própria academia de dança nos arredores do bairro, levando consigo os fregueses do Clube da terceira idade, com quem criara forte lanço de amizade, muito por seu carisma e sua bela desenvoltura nos salões de dança.

Colocando o nome do clube de “O clube da boa idade” estampado em néon no seu novo empreendimento conseguiu a adesão de todas as senhoras e senhores jovens e da boa idade do local, que todas as sextas se espremiam naquele salão lotado.

E nessa horas e por essas e outras que insisto: pequenas crônicas, grandes negócios!

Por Pássaro Bege

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Causos 13: Solidão e morte do homem que feriu o orgulho de Porfírio Ferreira

26.9.10 Foi Hoje! 1 Comentarios


Quando morremos, nós continuamos vivos na memória dos outros. A segunda vida, a vida nas memórias alheias, pode durar um dia ou um infinito de tempo, não há prazo máximo ou mínimo. Morrer perto de todos que gostamos é uma boa tentativa de continuar vivo na memória dos outros, mas não é uma garantia absoluta. O contrário também é correto. Da mesma forma não há controle sobre como se será lembrado.
“Ele era ruim” disse a filha de Porfírio Ferreira “vivia sozinho, brigava com todo mundo; era um baixinho invocado e com cara de ruim; quando ele esculhambou papai, ninguém acreditou porque todo mundo sabia que ele era ruim; um dia encontraram ele morto na serra da Capichaba, na estrada de quem vai de Bezerros pra Gravatá, sendo comido pelos Urubus; foi morrer no meio do mato pra não morrer perto de ninguém”.

Castanha 25 / 09 / 2010

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Teoria da vida de Cristo segundo um Canabista

22.9.10 Foi Hoje! 5 Comentarios


Diretamente do "livro de crônicas de girias&outras reses"


Cristo foi um homem extremamente ligado; no bom sentido... Claro!Convivia nas periferias de Roma, junto às meretrizes, bandoleiros, vagabundos, todos os tipos de infelizes. Não importando a cla
sse ou a cor. O iluminado sempre pregava no meio deles. Um homem nobre.

Cabelos grandes, barba bem cuidada, sandálias de couros, terço no pescoço e sempre pregando paz e união entre os povos. Não raro em meio a um sermão, alguns desses infelizes, ainda confuso com a vida, acendiam um fininho. O Senhor todo embaraçado, olhava para ele desaprovando e o sujeito ainda perguntava:

- Jesus?Tá limpeza fumar esse fininho?...

E Jesus para não parecer superior a ele, responde:

- É nenhuma, sujerinha!...Fuma na paz!

Quando Jesus terminou o sermão, abriu um garrafão de vinho, serviu entre os fiéis. Foi servido com peixes fritos, muita música, danças e energias positivas.

Segundo o canabista, foi naquele dia que Jesus salvou uma meretriz do apedrejamento e deu uma lição na humanidade.

Ser magnífico!JESUS CRISTO nosso senhor.


Por: Amâncio Norato

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Causos 12: O orgulho ferido

19.9.10 Foi Hoje! 2 Comentarios


O orgulho: sentimento perigoso que nos alimenta e envenena, nos da dignidade e pode nos deixar soberbo. O orgulho está entre nós desde o começo dos tempos e provavelmente nos acompanhará pela eternidade dos séculos. Caim matou Abel; foi por ciúme; a ira deve ter apimentado o temperamento do assassino, as vésperas deste se tornar assassino. Ciúme e ira foram gerados pelo orgulho ferido quando o criador aceitou as oferendas de Abel, mas não a de seu irmão. Foi o primeiro assassinato da história; é o que dizem. Depois disso, de uma forma ou de outra, muita gente morreu de orgulho.
Orgulhoso de si, trabalhador, ético e responsável, Porfírio Ferreira gozava de boa saúde e respeito entre as pessoas. Não era homem de mau humor, mas não era só de piadas. Um dia um vizinho o acusou de ter roubado uma galinha, lhe esculhambou em público com as piores palavras que uma boca pode pronunciar e que um bom par de ouvidos pode escutar. Os vizinhos não acreditaram no acusador, que tinha fama de encrenqueiro; em nenhum momento foi colocada em dúvida à honra de Porfírio Ferreira. Mesmo assim o acusado saiu de casa e vagou pelo mundo por quinze dias, quando voltou estava doente, caiu na cama e morreu.
“Papai saiu de casa dizendo que ia pro sul” disse a filha de Porfírio Ferreira “não sei que sul era esse, só sei que ele voltou depois de uns quinze dias e voltou de noite pra não ser visto pelos vizinhos; se trancou no quarto e morreu de desgosto”.

Castanha 13 / 09 / 2010

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Evitei não Ludibriar as sensações

14.9.10 Foi Hoje! 3 Comentarios


Para Kleiber

Tive que evitar passeios, amenidades, levezas, reflexões, coisas menores... em prol de um grande projeto, um grande desafio, um plano, uma meta...
Desci correndo as escadas do prédio, procurei pra ver se tinha alguém olhando.
Que coisa maravilhosa a ausência humana naquele local. Alegrei-me!
Cobri com os papeis mais macios que já tive contato aquele lugar... Sagrado!
E num instante de prazer e euforia defequei e não ludibriando as sensações gritei:
Louvado seja o senhor Jesus Cristo!
E da cabine ao lado escutei: Para sempre seja louvado!
Amém!



Pássaro Bege!

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Causos 11: O Causo que não veio

12.9.10 Foi Hoje! 2 Comentarios


Causo traidor! Me abandonaste... Virei e revirei livros e memórias, alegrias e frustrações, histórias contadas e ouvidas, e nada; nem uma palavra, nada, absolutamente nada! Eu queria, tentei, e como tentei, te apresentar para meus amigos, que além de amigos são leitores, uns poucos é verdade, dar pra contar nos dedos da mão, mas não deixam de ser amigos... E leitores. E tu, o que é que fez? Não veio! Podia ser qualquer um, bem sabes que não sou exigente, nem sou de fricotes.
Podias ser o Causo da cobradora de ônibus que dormia no expediente e que quase deixava os passageiros passarem sem pagar, não por relaxamento, mas é que o cansaço era grande.
Podias ser o Causo que trata do casamento de Maria e José, onde, todo dia ele leva um esporro dela por entrar em casa com as sandálias sujas.
Podias ser o Causo do Sr. Hélio, senhor de tantas e tantas décadas de vida, que fuma duas carteiras de cigarro por dia e que era vivo e forte igual um menino até que semanas atrás teve um derrame; ficou fraco e encolheu do dia pra noite.
Podias ser tantos e tantos Causos e Coisas de uma forma que só a literatura nos permite ser. Precisavas fazer o que? Bastava vim pra mim e me deixar te colocar no papel; ou na tela. Mas preferistes não vir. Preferistes não aparecer e ser nada. Nem no esquecimento iras cair, pois, para ser esquecido tens que ao menos ter existido e tu te negaste a isto quando não te apresentasse a mim. Quer saber Causo? Não me importo contigo, não choro nem mal digo, não tenho nem uma gota de sentimento, seja pro mal seja pro bem. Se não vem pra mim então vá pra onde quiser, vá pro demônio que te carregue... Não! Melhor ainda, vá pra puta que lhe pariu!

Castanha 07 / 09 / 2010

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Saudade que eu sinto.

8.9.10 Foi Hoje! 2 Comentarios






Sonho com reencontros.
Quero sempre reencontrar alguém.
Como se esse alguém fosse me dar um alento.
Mostrar onde ficou um pedaço de mim, que deixei de lembrança.
Como se reencontrar alguém me mostrasse quem eu sou, na construção de minha partitura afetiva.
Sinto meu estômago borboletear, com uma saudade danada.
Não é saudade de uma pessoa só.
É saudade de um mundo que talvez só exista na minha cabeça.
Com pessoas que trouxeram magia e poesia.
Trazem consigo uma brisa fria, uma fumaça de cheiro bom e o calor de um abraço macio.
Que saudade eu sinto.



Por Pagú.

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Vejam bem! Um jovem, um jovem como eu!

6.9.10 Foi Hoje! 2 Comentarios


Pus-me mais uma vez a chorar feito criança
Feito um poeta em catarse estética, num turbilhão de angustia, medo e solicitude.

Foi essa noite em meu quarto, ouvindo o relato de uma crise como tantas outras mil do dia-a-dia, mas essa me tocou ferozmente, era uma crise mental.

Assustou-me de novo uma palavra que me perturba desde infância, a “loucura”, parte integrante, mas indesejável dessa sociedade sã de idéias e convicções.

Um homem e seus pensamentos desconexos, surtou em seu ambiente de trabalho, dentre as grades hipócritas do sistema educacional brasileiro. (que grande novidade!)

Refleti cada detalhe da história que me era narrada, proferida por uma interlocutora também emocionada com o fato.

Foi estranho dizia ela! De repente esse rapaz, um homem,
Jovem como nós! - Seus olhos diziam isso e muito mais!-


Pensava ele ser e estar sendo perseguido, por autoridades politicas. O homem entre a loucura e a lucidez fazia conexões entre fatos ocorridos quarenta anos atrás com fatos da contemporaneidade.

Era ensurdecedor ouvir aquilo tudo! Questionei-me sobre o que é memória o que é esquecimento, inadequação, indagações de outro louco confuso e com medo.

Coloquei-me por várias vezes na pele daquele homem, justamente eu, que há tempos venho duvidando de minha sanidade mental. Eu que hesitei por várias procurar os médicos psiquiatras, como medo da confirmação do diagnostico.

Via na minha frente a historia de um homem
Vejam bem! Um jovem, um jovem como eu!
Perdendo o controle das ações em seu ambiente de trabalho.

Chorei de compaixão e por medo! Sentir tudo isso, é sentir demais é pouco apropriado! É preciso demonstrar força, e afastar de uma vez por toda essa loucura enfreuqecedora e víl, afinal de contas, controlar os ventos e criar personagens com vida própria, além de mim, não tem nada haver com esquizofrenia, vocês não acham?

Sendo assim convoco todos os leitores desse Blog a se manterem sãos, nunca cair no veú obtuso da insanidade, pagar os seus impostos, cumprir suas obrigações eleitorais e com o trabalho e acima de tudo, não criar histórias, e muito menos personagens fictícios para levar ao cotidiano, isso assusta a mediocridade dos normais, burla as normas de convivência e conveniência, dá dor de cabeça, exclusão e sentimento de fracasso, coisas cada vez menos polidas e desejadas nos tempos atuais.

É preciso sair dos quinhões da periferia, seja a do pensamento, das idéias ou da vida prática (para os que insistem em separar essas dimensões), é preciso sanidades, sanidades ouviram!!! Sanidades!!!

É loucura querer emancipar o gueto por dentro, temos que sair de lá, sair de lá, deixá-los ao deus-dará. Deus, o que tudo sabe e vê!

Esqueçam o meu rosto e minhas ideias que às vezes se transmutam em algo tosco e estranho, e parem de gritar que eu SOU LOUCO, EU NÃO SOU LOUCO OUVIRAM!!! EU NÃO SOU LOUCO!

Mas antes de terminar gostaria de dizer que estou sendo perseguido e se desaparecer por mais de dois dias, procurem o IML, os jornais, ando sofrendo perseguições políticas e editorias de outros blogs, recebendo ameaças diariamente na caixa de e-mail.

Mas, por favor, não me procurem no hospício, seria triste e insuportável pra mim, se lá, justamente lá, vocês me achassem.

Passaro Bege!

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Causos 10: Seu Chico

5.9.10 Foi Hoje! 2 Comentarios


Domingão. Dez da noite. Paro na porta de Seu Chico e peço uma coca cola: “Seu Chico, traga uma coca cola”. Ele não escutou, estava atendendo uns meninos que estavam comprando refrigerante e bolachas. Espero um pouco e peço de novo: “Seu Chico, traga uma coca cola”. Desta vez ele ouviu, me olhou, mostrou um sorriso simpático e gesticulou me pedindo pra esperar; não me peça pra descrever a gesticulação, amigo leitor, não era obsceno nem nada disso, mas era incompreensível até pra os olhos. Enquanto esperava, observei o estabelecimento comercial de Seu Chico; funciona na casa dele, num dos quartos da casa, e a sala da residência serve de escritório, sala de visitas e espaço de descanso do velho Chico. Peço mais uma vez: “Seu Chico, traga uma coca cola”. Desta vez ele se aproxima olha pra mim e pergunta: “Quer o que meu jovem?”. Não me deixou repetir o pedido, saiu correndo pra novamente atender um dos meninos. Seu Chico não é má pessoa, só é um pouco displicente, e só consegue atender um cliente por vez; o atendimento é por ordem de chegada. Seu Chico volta alguns minutos depois. Finalmente o grupo estava de saída, era minha vez. Olha pra mim com um sorriso simpático que já deve ter mais de sessenta anos. Uma pessoa mal humorada enxergaria algum cinismo naquele sorriso, afinal eu já estava ali há uns tantos e não sei quantos tantos minutos, não tinha motivo pra riso. Mas Seu Chico é gente boa. Aproximou-se: “Quer o que meu filho?” e eu “Uma coca cola Seu Chico” e ele “Coca cola...” e eu “É, seu Chico” e ele “Coca cola não tem” e eu “E tem o que Seu Chico” e ele “Tem guaraná e tem fanta e tem... Ah! Coca Cola tem!” e eu “Tem coca cola?” e ele “Tem... Mas não ta gelada; tava natural quando eu botei na freezer, não sei...” e eu “E tem o que gelado Seu Chico?” e ele “Tem guaraná e tem fanta e...” interrompi “Traga um guaraná” e ele “guaraná?” e eu “É, guaraná” e ele “Ta bom, guaraná, vou trazer guaraná”. Deu passos lentos e desengonçados, parecia perdido mesmo sabendo onde tinha que ir. Voltou uns bons e longos minutos depois com uma lata de coca cola gelada na mão e um sorriso de surpresa no rosto e disse “A Coca cola já gelou, foi rápido não foi?”.

Castanha 26 / 08 / 2010

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Causos 9: As pessoas e os bichos

29.8.10 Foi Hoje! 3 Comentarios


Quando Lucida era criança, bem criança, sentia vergonha toda vez que ia a missa. Sua família ia da vila a igreja numa carroça puxada por um bicho; não lembrei de perguntar qual era o bicho. Lucida ingenuamente cobria o rosto com as mãos para escapar dos olhares públicos. Bastava este ato ingênuo, cobrir o rosto, pra acabar com a vergonha de ir para a missa numa carroça que ela achava feia. Não condene Lucida, amigo leitor, todos nós já sentimos vergonha. Mas, se estar numa carroça puxada por um bicho é motivo de vergonha, que vergonha não sentiria o bicho que puxa a carroça se este tivesse vaidades?
Historicamente nós, humanos, nos empenhamos em deixar clara nossa diferença em relação ao resto da natureza. A filosofia e as ciências dizem e afirmam que nós e somente nós produzimos cultura, e o resto da natureza não; a religião cristã diz que só os humanos têm alma; na idade média as pessoas sentiam medo de, por meio de bruxarias, serem aprisionadas em corpos de animais. O que causava pânico, naqueles que temiam os bruxos medievais, era ter como prisão para sua consciência de “pessoa” o corpo de um “bicho”, tendo, portanto, que comer e viver como tal. Ser tratado como “bicho” sempre foi visto como algo ruim pelas pessoas.
No centro do recife as pessoas puxam carroças. São pessoas que vivem de juntar lixo para vender pra reciclagem. Sujas, maltrapilhas, levando sol e chuva, fazendo um trabalho que a maioria das pessoas não quer fazer. Puxando carroças elas dividem as avenidas da metrópole com automóveis luxuosos.
Bom mesmo era quando só os bichos puxavam carroças e quando bastava cobrir o rosto com as mãos pra acabar com a vergonha.

Castanha 25 / 08 / 2010

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Causos 8: Gemido no mato

26.8.10 Foi Hoje! 4 Comentarios


Dona Osana tinha mais ou menos cinquenta anos quando contou essa história. Contou que quando era criança um tio dela viajava andando de Pernambuco pra Alagoas. Ida e volta, andando.
“Naquele tempo todo mundo viajava andando, não existia carro nem nada” disse Dona Osana.
Numa dessas viagens o tio dela ouviu um barulho atrás do mato, ouviu um gemido. Aproximou-se curioso e silencioso pra ver sem ser visto, e viu sem ser visto. Viu um homem amarrado e pendurado pelos pés numa arvore e outros dois homens usando facões pra arrancar a pele dele. O homem pendurado gemia e os outros dois continuavam.
“Estavam arrancando a pele dele igual se arranca couro de bode. Naquele tempo o pessoal era muito brabo” concluiu Dona Osana.

Castanha 25 / 08 / 2010

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Causos 7: O vendedor de Chicletes

22.8.10 Foi Hoje! 0 Comentarios


Ele surgiu de repente espalhando sua propaganda em alto e bom som chamando atenção de todos: “Chegou o melhor produto do momento, o novo chiclete com vários sabores: tem sabor menta pura, sabor menta com pêssego, tem o sabor que arde, e a cartelinha com doze unidades custa apenas cinquenta centavos; é o melhor! Você leva pra casa e se você tiver doze filhos lhe esperando você da um chiclete pra cada um; é melhor do que dar dinheiro, pois, se você pegar esse dinheiro e dividir pra doze crianças não da nem cinco centavos pra cada uma”. O vendedor era bom de conversa e a propaganda saía dos seus lábios num tom bem humorado que chamava atenção de todos dentro do vagão do metrô. A cada instante ele olhava de um lado e do outro pra não ser pego em flagrante por um guarda – é proibido negociar dentro dos vagões.
Os passageiros iam pedindo chiclete de um lado e do outro e ele não conseguia dar conta e ao mesmo tempo conseguia e assim a mercadoria ia sendo distribuída e as pessoas iam mascando e por aí ia... Os passageiros, que a esta altura também eram consumidores, esticavam as mãos cheias de moedas contadas aqui e ali e pediam uma ou duas ou três cartelas de chiclete ao mesmo tempo em que solidarizavam-se com a vigília constante do vendedor e esticavam seus pescoços na intenção de avisar caso aparecesse um guarda metido na multidão de cabeças que entrava e saia do vagão entre uma estação e outra e tudo isso acontecendo ao mesmo tempo. De vez em quando alguém dizia com boa intenção ou em tom de pilhéria sem maldade: “cuidado com o guarda”. Mas o guarda não chegou.
Esta estripulia durou dez ou doze minutos e de repente o vendedor sumiu. Isso mesmo, amigo leitor, ele sumiu. Deve ter escapulido pelo fluxo de gente entrando e saindo do vagão; uma saída tão inesperada quanto à chegada. Levou com ele a agitação que tinha trazido deixando no lugar a normalidade monótona de antes.

Castanha 21 / 08 / 2010

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Causos 6: Edileuza

10.8.10 Foi Hoje! 3 Comentarios


Vivendo uma vida apertada numa casa apertada numa rua apertada de uma pequena cidade, está Edileuza. Passou sua a vida toda nesta casa; ainda passa. Numa noite destas, chovendo muito, Edileuza perdeu o sossego; goteiras por toda casa, as paredes úmidas, um risco de água entrando pelo vão da porta da sala, tudo contribuía para irritar Edileuza. É verdade que Edileuza nunca teve luxo, ainda não tem, talvez nunca tenha, provavelmente nunca terá, mas aquilo também já era demais. Edileuza trincava os dentes de impaciência se sentindo impotente olhando a água da chuva entrar na casa por todos os lados e fez uma cara dessas de quando a gente se sente a pessoa mais azarada do mundo.
Antes de dormir Edileuza murmurou com o travesseiro pra depois compartilhar comigo: “Tem gente por aí que deve estar sofrendo muito com essa chuva... esse pessoal que mora na favela mesmo, não é? Esse pessoal sofre muito”. De manhã o noticiário da TV informava que a chuva da madrugada havia desabrigado milhares de pessoas. Edileuza se sensibilizou.

Castanha 02/08/2010

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Causos 5: A pobreza

5.8.10 Foi Hoje! 2 Comentarios


A pobreza é uma desgraça! Uma das piores coisas que pode acontecer com um ser humano é nascer pobre; pobre dentro do capitalismo; a pobreza destrói a auto estima das pessoas; faz o pobre pensar com a barriga e não o deixa enxergar nem um palmo na frente do nariz; a pobreza faz o sujeito ser mesquinho por necessidade; não dá pra esperar que alguém que mal tem o que comer pense no próximo; a pobreza impede o sujeito de pensar no futuro porque viver o presente já é muito difícil; o pensamento pobre circula em torno de pequenas coisas pois tem muitas barreiras lhe limitando e impedindo de perceber as dimensões do mundo; a pobreza envolve o sujeito em situações que fazem ele ser culpado mesmo quando ele é vítima desde que nasceu; enfim, o capitalismo que nós criamos impõem a pobreza, mastiga o mundo todo e por muito pouco não anula totalmente a humanidade das pessoas. Não acho, caro leitor, que nascer pobre determina o destino, nem que a pobreza financeira é a única forma de pobreza, mas não da pra negligenciar o impacto da miséria material na vida das pessoas.
Em uma rua periférica de Recife há um cano quebrado; faz anos que este cano está quebrado e desperdiça água, o precioso líquido, dia e noite. Os moradores ligavam pra empresa de saneamento toda semana e toda semana os funcionários vinham e consertavam o cano, mas pouco depois o cano arrebentava de novo e os moradores praguejavam contra os funcionários e a empresa pelo serviço “mal feito”. Numa madrugada dessas um morador da rua flagrou a mulher que mora em frente ao tal cano, quebrando o mesmo por não ter água encanada em casa; na madrugada ela desfazia o conserto que os funcionários tinham feito durante o dia e aproveitava a água jorrando para encher suas reservas enquanto a vizinhança dormia. Do contrário ela não teria água.


Castanha 21 / 07 / 2010

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UMA BÚSSOLA VÔOLÓGICA: Por que o Pássaro Bege resolveu não estudar Vôologia – Historia pessoal

14.7.10 Foi Hoje! 5 Comentarios




Vindo de uma família lascada e totalmente desestruturada, minha ida para a casa do saber, escatológico – burguês - dominante, canônico e superficial do reino das mediocridades chamada universidade pública aérea, foi sempre uma questão, que contrariava os FATOS DETERMINANTES DE CLASSE É CARALHO!

De fato o meu desejo de pássaro era o de voar por sobre as cabeças dos homens, que sempre insistiam em derrubar meus barracos que improvisava nas arvores nos terrenos baldios. E cantar meu canto livremente sem ser perturbado pelos sons uníssonos das serras elétricas, dos “home de terno com suas ferramentas”.

Pensava em ser uma ave de astúcia em minha juventude, e detectar a presença do inimigo com minhas anteninhas de vinil, igual ao Chapolin colorado, mas era necessário arrumar uma profissão e ainda não existia o curso de graduação em Super-herói terceiro mundista na universidade aérea, resolvi então deixar tal desejo para uma possível pós-graduação, e fui cursar a graduação de vôologia numa Universidade Pública de minha cidade.


Para mim a universidade aérea e o curso de vôologia, não passavam de um espaço fechado aos vôos livres e fui influenciado a pensar assim, analisando os personagens que escreviam os roteiros e planos de vôos passarinhais, de meu tempo.

Diziam eles que tinham o saber necessário às mudanças das condições sociais dos pássaros menos abastados e que a solução não era apenas fornecer os alpistes, mas ensinar o próprio pássaro a conquistá-los.

No entanto, isso tudo não passava de discurso porque até estudar ficava difícil, pois, as escolas de ensino básico públicas do vôo principais alavanca ao ensino superior, estavam extramente sucateadas, não fornecendo condições e oportunidades de ingresso dos pássaros menos favorecidos ao ensino superior.

E não havia interesse algum daqueles que detinham o saber canonizado de reparar a base do ensino público com planos e investimentos para este.

Diante desses quase estranhos paradoxos sempre me perguntava: será que, no entanto, não há um interesse da elite em manter a parcela pobre dos pássaros, longe da possibilidade do ingresso aos cursos superiores de vôo?

Foi com esse pensamento que comecei a estudar no curso superior do vôo.


[EM BREVE A PRÓXIMA SECÇÃO: MUDANDO DE IDÉIA]


Pássaro bege!

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Resistência Ideo-lógica. (Mensagens subliminares).

6.7.10 Foi Hoje! 2 Comentarios




No meio da fuleragem da futricagem e da sacanagem.
Por cima da carne seca, nariz pra riba, oi! Muita bagagem
Mas um homem sobrevive e diz que vive, oi! Não sei por quê?

Na terra do, “isso é meu!”.
Pega logo o teu
Já peguei o meu.

Em meio a letárgia, a apatia e a hipocrisia!
Mensagens subliminares que vira e mexe, a cuca recria!
Mas um besta pega um livro e grita ao mundo: “Eu sou salvador!!!”

Em terra de impostor
Não nego doutor

Eu sou professor!!!

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Causos 1: A botija

22.6.10 Foi Hoje! 3 Comentarios


No meio do agreste, numa enorme pedra que fica ao lado da pedra do bode, estava a botija. Eu sou um cara racional e não acredito nestas crendices populares, mas o sujeito que era meu guia acreditava e já há algum tempo batia com um martelinho naquela parte específica e afirmava “aqui tem uma botija”. Naquele dia levou um martelo maior. Este sujeito era das redondezas, uma área rural. Enquanto eu batia as fotos de uma antiga pintura na parede da pedra, feita Deus sabe quando e por quem e que nunca me serviu de porra nenhuma para meu trabalho da faculdade, o sujeito batia com o martelão naquele ponto específico da pedra. O TUM, TUM das batidas me incomodava, mas acabei deixando pra lá. Até que parei e reparei no trabalho paciente do sujeito que além de guia era caçador de botijas tesourais. Pensei “que besteira” e mal me dando tempo de concluir o pensamento ele falou “já ouvi muita história de gente que achou e ficou rica”, pensei em seguida “seria bom”. As batidas aumentaram e o barulho também. Voltei a bater fotos. Conclui meu trabalho e continuei observando o meu guia. Estava transpirando entre uma martelada e outra, mas não desanimava: “aqui tem botija” disse, e eu pensei “tem nada” e ele disse “se eu ficar rico eu lhe dou uma parte” e eu pensei “seria bom”. Cansando-me da espera e do barulho das marteladas eu pensei “que barulho chato, que besteira, vou chamá-lo pra ir embora” antes que eu falasse ele disse “a gente vai ficar rico” e eu pensei “vou esperar mais um pouco, não tem tanta pressa”. Depois de um tempo, todo empapado de suor, falou todo tristonho “acho que não tem nada” e eu pensei “que pena” e em seguida coloquei: “vamos embora, já é tarde” e mais na frente “você acredita mesmo nessas coisas?” e ele “claro!” respondeu todo empolgado para em seguida me perguntar “você não?”. Nunca lhe respondi, só pensei “agora não sei mais”.

Castanha 18 / 03 / 2010

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Causos 2: Os pensamentos de Lalá

22.6.10 Foi Hoje! 1 Comentarios


Apesar de estar um pouco ressacado, Ricardo acordou bem cedo no sábado. Sentou-se no sofá e começou a brincar com uma bolinha; apertava a bolinha com uma mão e outra. Lalá, que tem três aninhos, chegou perto dele e disse:
- É o buchinho da mamãe.
- É, parece com o buchinho da mamãe quando está grávida, disse Ricardo, parece com a barriguinha da mulher grávida.
E Lalá disse:
- E quando a mãe toma água, o bebê na barriga dela toma banho...

Castanha 23 / 05 / 2010

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Causos 3: O mundo muda

22.6.10 Foi Hoje! 1 Comentarios


Tudo muda pra continuar da mesma forma. Mudam as roupas e esmaltes da moda, mas as mulheres continuam bonitas; mudam os programas de TV, mas os domingos continuam chatos; nós mudamos, mas usamos os mesmos nomes; as coisas e as criaturas crescem ou diminuem, mas são as mesmas ou tem as mesmas utilidades; o sol se põe, mas ainda é “esse” ou “aquele” dia até a meia noite; os políticos mudam, mais a política continua incompetente; mudam os narradores, mas a piada continua engraçada; muda a leitura, mas o livro é o mesmo. Tudo continua “assim” e “assim”.
Quando eu era criança, tão criança que nem lembro, a porta da sala de casa era enorme. Algum tempo depois, também não lembro quanto tempo, consegui me esticar e olhar para a rua pela janela da porta. Minha vó sorriu e disse:
- Você cresceu.

Castanha 16 / 06 / 2010

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Causos 4: O mar de Maria

22.6.10 Foi Hoje! 1 Comentarios


Em quase seis décadas de vida Maria teve poucas alegrias, quase nenhuma, e morou em poucas cidades, três ou quatro no máximo; fez poucas viagens. Recentemente apareceu uma oportunidade e ela viajou para um local distante, muito distante, para tirar dez dias de folga. Viu capivaras, corujas, araras, cachoeiras, lagos, casas grandes e bonitas, telhados, ruas, mercados e mil outras coisas que um olhar sedento de novidades olha atentamente, pois, quer gravar cada detalhe seja porque cada momento é único, seja porque, para gente como Maria, esse tipo de prazer é escasso. Mas o que lhe impressionou mais foi a viagem de avião.
- Lá de cima o céu parece o mar, disse, as montanhas, cidades e matas parecem miniaturas no fundo do mar e as nuvens parecem espumas em cima da água...
Maria nunca mais vai esquecer.

Castanha 16/06/2010

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19.6.10 Victor Rodrigues 3 Comentarios


Não se fala em outra coisa. Em ano de Copa do Mundo, é sempre assim no país do futebol. A Canarinha, com seu futebol burocrático, apolíneo, e broxante, não está empolgando esse que vos tecla. Continuo torcendo, como diria Maiakoviski, firme, forte e verdadeiramente. Agora, cá entre nós, e que eles não nos ouçam, mas dá gosto de ver a seleção dos hermanos, comandada por Maradona e seus pupilos. Um futebol bonito, com classe, com categoria. No time deles, o ataque se destaca, com Messi e Tevez; no nosso, o ataque é apático e os “craques” são zagueiros, quem diria!? Final dos tempos! Tomara que a era Dunga não deixe raízes, que seja conjuntural, efêmera e contingente...Amém!

Mas deixemos o futebol de lado, e nos concentremos na festa, nos amigos reunidos, no tira-gosto, na cervejinha gelada e em outros aditivos. Não tem perna-de-pau que a estrague. A festa vale à pena! O charme dessa Copa são as moças soprando a vuvuzela, a pátria de shortinho verde e amarelo, com detalhes azuis. Não tem jabulani que resista, meu amigo! Todos juntos vamos, pra frente, Brasil! O gol, a comemoração, o abraço apertado, a paixão nacional, a paixão de quatro em quatro anos. Que o amor esteja presente nessa Copa. Pode fazer gol; mas, se vacilar, se derrubar na área, é pênalti. Aí vai ter que batizar o menino, nomeando-o de João Messi ou Zé Maradona. Se for menina, aposto que vamos ter uma legião de moças chamadas, carinhosamente, de Jabulani Maria da Silva, ou ainda, Maria Vuvuzela Pinto.

O juiz apitou e, vamos parando por aqui, porque já me danei a falar besteira. E que venha o Hexa!

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A Culpa Cristã. Parte 46 (continuação)

12.5.10 Foi Hoje! 4 Comentarios


Voltar ao Post de 14 de outubro de 2008. A culpa cristã (parte 47)


Com quais talheres se come o absurdo?
O abandono dos transtornos (re) buscados.
E num instante aquilo que era presença, faz-se na angustia, na saudade, esmiuçado.

Quem sabe então a engrenagem desse tempo, se retroceda num minuto necessário.
Para a blasfêmia se transfigurar em credo.
E o dom da fé se transformar em tom de medo!

Se escrevinhadores pudessem fazer versos.
Um lança chamas que queimasse esses retratos
Fariam bombas que explodissem as consciências

E serviriam num banquete anunciado.
Champanhe francês com culpa para tirar gosto.

Pássaro bege

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DIÁLOGO: A opinião da chamada “nova classe média”.

30.4.10 Foi Hoje! 5 Comentarios


Dedicado a Victor Rodrigues e Mercês de Fátima



QUATRO ANOS ATRÁS... (2006)

- E aí escolhesse já?

- Sei lá, qual eu vou escolher dessa vez! Na verdade esse ano eu não quero nada disso!

- Como assim porra! Nem o menos pior!? Escolhe um, pelo menos.

- Vixe! Estás com essas conversas agora é, de menos pior, um caralho! Sigo essa lógica não!

QUATRO ANOS DEPOIS... (2010)

- Lembra da minha escolha de quatro anos atrás filho da puta! Vê aí no que deu, não valeu o custo beneficio de jeito nenhum. Disse a você que não queria, mas como sempre, fui na sua onda e me estrepei.

A conta de energia subiu pra cacete, e ainda por cima, essa porra quebrou de novo! De novo!!!

- Sim, mas lembra que falei pra escolher o “menos pior” o problema foi a sua escolha, numa época dessas é sempre bom não se deixar levar pela beleza superficial.

É preciso olhar minuciosamente e com dedicação e responsabilidade o conteúdo, acima de tudo!

E não vem mais uma vez com esse papo de que não vai escolher nenhum, nunca se esqueça do quanto nós caminhamos pra chegar a ter esse poder de decisão companheiro! Foram anos e anos de luta. Lembra? Nossos pais, por exemplo, nunca tiveram esse privilégio.

- É Verdade

- Sim...! E não podemos esquecer que esse ano o cardápio está bem mais diversificado.

- Tu achas?

- Acho. Tem pra todos os gostos. Aquelas, por exemplos, têm uma imagem bem definida, dizem logo pra que vieram.

- Hum! Sei não visse. Mas em compensação, elas são muitos diferentes! Uma tem um ar bem mais romântico enquanto a outra é daquelas "ilustre desconhecida". Naquele esquema, muda a razão social mas é fruto do fabricante de renome.

- É verdade, e tem ainda aqueles de sempre né? As Figurinhas carimbadas. Muda um pouco o design mas no fundo são as mesmas MERCADORIAS.

- Ham, ham, Mas já sei qual eu quero dessa vez. Espero não me arrepender de novo!
UMA SEMANA DEPOIS...

- Olha acho que esse menino vai detonar visse!

- Qual pô?

- Neimar, velho! Dunga finalmente reconheceu o sue valor, FINALMENTE.

- Cala a boca, Cala a boca!!! Olha o hino! Olha o hino! Vai começar
[...]

Gooooooooooooollllllllll!!! Uhull! Hexa Campeão!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

- Neimar aos 40 do segundo tempo, e em cima da argentina que beleza hem!!!

- Que alegria irmão, Uhull! Somos hexa que luxo!

- Sim... Mas o maior luxo foi acompanhar essa saga com essa sua TV de plasma de 42 polegadas!

- É dessa vez acertei na escolha né! A conta de energia aumentou um pouco, mas valeu a pena, não está alterando muito meu orçamento. E outra coisa, brasileiro mesmo que se preze, tem que comprar uma TV nova e de qualidade a cada quatro anos num é?

- Sim. Claro. Nós merecemos esse conforto. Afinal de contas, lembra o quanto nós caminhamos pra chegar a ter esse poder de decisão companheiro! Foram anos e anos de luta! Nossos pais, por exemplo, nunca tiveram esse privilégio.

- É... Mas deixemos essa conversa e vamos bebemorar!

- Viva Neimar!

- Viva a TV novinha! Viva o Brasil!!!


Pássaro bege

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O LADRÃO DE PENSAMENTOS

22.4.10 Foi Hoje! 2 Comentarios


Dedicado a Señor Limpezinha Marques e Joice Poliana e sua bexiga selvagem.


Adoro roubar e não me envergonho nem um pouco. Tudo o que tem valor seja ele simbólico ou não, eu pego pra mim, passou um pensamento dos outros vagando meio sem jeito pela rua, eu vou lá e cato! Vinha tendo alguns problemas com a polícia do pensamento por conta dessa vil prática, o tenente coronel DISCRIÇÃO usou a força da lei para punir esse meu mau habito.

- O réu fala alto demais os pensamentos que devia calar, e mais, está no artigo ALFA 302, que é indubitavelmente proibido a apropriação de pensamentos alheios mesmo que sejam improdutivos.

Num tempo desses achei de meter-me em política achando que assim podia reivindicar meus direitos, vesti todos os da minha espécie com lisérgicas lingeries, comprei camisas vermelhas, impus uma bandeira e sai pelas ruas de Recife gritando: ABAIXO A REPRESSÃO ME DEIXE SER LADRÃO, EU EU EU!!! SEU PENSAMENTO É MEU, PAPAI COMPROU PRA EU.

Vocês devem imaginar o desfecho do fato. Fui parar no xilindró e como não tinha nível superior fiquei na ala dos pensamentos selvagens, encontrei por lá uma porção de amigos entre eles Rodolfo o biografista, Sergio nota de roda pé e Adelaide minha anã paraguaia, mãe da clássica teoria do EU SEI O QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO!

Hoje aqui preso no “país das calças beges”, continuo roubando pensamentos, mas, só me resta agora roubar as visitas e os carcereiros que vivem sendo trocados e exonerados do cargo reclamando que já não tem o que pensar.

Vinte e seis anos passam rápido, hoje é meu ultimo dia de pena, a psicóloga disse em seu relatório, que estou completamente apto ao convívio social.

Já não sinto mais aquela ânsia de antes, os pensamentos alheios me perecem cada vez mais desinteressantes, sem sal faltando algo, sem gosto sem utopias!

Pássaro Bege. 22/04/2010

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O kula e o cigarro

13.4.10 Foi Hoje! 8 Comentarios


Dedico esse texto àquelxs que duvidam do poder kulístico do cigarro.


O kula, como nos ensinou Dora Ferraz [salve salve Dora Ferraz], é um sistema de trocas simbólicas que requer o 'dar, receber e retribuir'. Sempre que penso no kula ao andar pelos corredores cfchianos, penso no cigarro. Quantos cigarros são cedidos naqueles corredores, na manutenção da brodagem? Quantos cigarros são cedidos a cada final de semana para pessoas estranhas? Quem nunca se saiu de uma possível 'butada' com o kula cigarriano? Quantas conversas promissoras com pessoas desconhecidas se iniciam com a frase 'tem um cigarro aí?' O cigarro espanta a solidão, os constrangimentos, a vontade de matar alguém. Espanta também a ansiedade, aquela lágrima que tenta fugir de nosso controle. Como já disse sabiamente o poeta fumante Mário Quintana em 'Arte de Fumar':

Desconfia dos que não fumam:
esses não têm vida interior, não tem sentimentos.
O cigarro é uma maneira sutil, e disfarçada de suspirar
.


Quem discordaria de um poeta como ele?


Por Pagú

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Os Bípedes e o Rato!

5.4.10 Foi Hoje! 0 Comentarios


Didicado à um jovem estudante pobre e preto, que usava bata branca!



Tal qual um problema, eles chutavam um rato no centro da cidade. Todos eles uniformizados, bípedes do caos, calor e muita agonia no juízo.

Não era pra menos são o que são... Homens. E eu por sobre um de seus cavalos, montado meio inquieto por falta de costume via com nitidez a cara do rato, e às vezes me confundia com o rato, mesmo sabendo estar no momento por sobre o asfalto deslizando com um cavaleiro, num cavalo que não era meu.

Costuma-se cobrar dois reais por isso!

Você salta do ônibus e por sobre os olhos eles estão lá 20, 30, 40, não sei, são muitos.

Mas aquele grupo de cavaleiros até então apeado chutava o rato, e o rato rolava e ia pro meio da pista, enquanto isso, as rodas grandes e as pequenas nem sequer percebiam seu desespero, os transeuntes sim! Esses viam, e riam gargalhadas amareladas de dentes blindados pelos monóxidos da indiferença.

Também não queriam vocês que eles fizessem questão? Vou repetir pra ficar gravado no juízo de vocês, em caixa alta pra não ter erro, “ELES ERAM HOMENS ÀQUELE ERA RATO, POR QUE IRIAM SE IMPORTAR”.

Passou-se o momento, as reflexões inúteis, e o fato se deu. O rato maroto metido a atleta ia e voltava, mas os homens queriam de fato matá-lo e quando os homens desejam tal coisa, eles não se fazem de rogado executam o fato.

POR: Pássaro Bege

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a essência humana é uma droga. ou várias...

30.1.10 Foi Hoje! 2 Comentarios


Tenho pensado repetidamente numa coisa: os seres humanos precisam de drogas pra sobreviver. Seja essa droga qual for, precisamos dela porquê a seco ninguém aguenta. Pode ser televisão, religião, música, internet [nos nossos tempos pós modernos, é a droga mais usada], atividade física, torcer por alguma coisa, além das substâncias conhecidas como drogas, lícitas e ilícitas. Algumas combinações são muito comuns, mas não pretendo esmiuçar isso aqui. Penso nisso quando me lembro de algo que meu analista me disse, foi algo do tipo 'drogas trazem uma espécie de alegria'. Talvez seja essa a grande sacada das drogas, uma alegria fugaz, a possibilidade de não ter que pensar, só sentir. Poder ficar imóvel em frente a um televisor é uma espécie de transe, apenas recebendo tudo aquilo, entorpecendo de imagens e sons que grudam no juízo.
Como diria alguém, viver a seco ninguém aguenta. Tomo meu último gole de coca-cola, acendo o meu hollywood e entro num site de obviedades pra distrair.



Por Pagú

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