Viagem dentro da noite circular
The Night Of é, antes de tudo, uma esfera. E assim como toda esfera fecha-se sobre si mesma, assim é a noite nevrálgica transmutada em duas: noite moral e noite física. Essa noite dúplice é o epicentro da série. Noite também encerrada sobre si mesma e que nos deixa um rastro de indeterminação feérica em meio à experiências em que tudo que é sólido se desmancha na burocracia policial e nos jogos do acaso - esse demiurgo que nos acossa em qualquer circunstância da vida na metrópole.
The Night Of é, antes de tudo, uma forma breve. Uma short history com
os principais elementos do conto moderno: excitação, mistério, escassez
de certezas... a série é urdida como se tivesse dois fluxos narrativos
prolongando-se, simultaneamente, em duas camadas espaciais: superfície e
subterrânea. Esse dois fluxos encontram-se na interseção da noite
física e da noite moral. Porém desse encontro não surge o mar/dia -
sumidouro de todas as águas/trevas. Em The Night Of, tudo gira em torno
de uma viagem ao fim da noite - viagem circular tanto física quanto moralmente.
por Renato Ribalta
por Renato Ribalta
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