Azul

31.1.16 Foi Hoje! 0 Comentarios



Um dia eu tive um sonho.

O exame dava positivo, eu estava grávida e só. Estava com medo, apavorada.

Um dia eu tive um sonho.

Eu estava grávida e só... mas isso não me fazia desistir.

Eu estava esperando um pássaro, um pássaro azul!

Era o mais bonito e o mais raro. Ele tinha me escolhido para poder vir ao mundo.

Eu estava grávida de um pássaro.

Por mais que estivesse com medo e só, eu estava feliz.

Só de pensar em suas lindas penas azuis, tão vibrantes, tão brilhantes.

Eu tive um sonho.

O seu bico parecia ouro.

Um dia eu tive um sonho... a esperança vivia dentro de mim, mesmo com medo e só,

eu fui feliz.




Por Clarita Lins

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Pra uma inimiga do Séc. XVIII

29.1.16 Unknown 0 Comentarios



Dedicado ao Maestro



Queriam me ver
andando descalça,
fodida,
mal-amada.
Surpresa tiveram.
Ando forte,
Sadia,
E bem CORADA!


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Walter e sua "ligação tenebrosa" com o Coque

26.1.16 Foi Hoje! 0 Comentarios


por JUDAS E MADALENA

Semana passada houve um evento aparente e duplamente banal: uma favela era mais uma vez desqualificada pelo fato de ser favela, ou pelo fato de ser pobre. O primeiro evento foi o fato de um jogador ter "quase" fechado contrato com um clube. Até então nada demais. O segundo, foi o fato do jogador já ter sido morador de uma favela. Nada mais banal que um jogador fechar ou não contrato com determinado Clube e ele ter origem nalguma periferia.

O jogador é o que atende pelo nome de Walter*, e já foi morador da favela do Coque. Então vamos ao que é corriqueiro nessa história. Num programa da Rádio Jornal de Recife, onde comenta-se resenha esportiva, um comentarista faz a seguinte afirmação: “O jogador Walter tem uma ligação tenebrosa com o Coque”. Uma pequena parada: estamos fazendo menção ao jogador Walter como ex-morador do Coque ou a Rádio Jornal que o representa como aquele que tem uma ligação tenebrosa com essa favela? Não tenho interesse no jogador nem na rádio como sujeitos aqui, mas o corriqueiro de se utilizar de qualquer banalidade para criminalizar as favelas, certo? Então voltemos. Um jogador que não fecha contrato com determinado clube, isso acontece o ano inteiro. Mas sua origem de favelado vir à tona como enigma para explicar o fato dele não ter fechado contrato com o clube do Sport, isso é uma banalidade que tenho interesse.

Este artigo opinativo tem intenção direta de se confrontar com o pensamento burguês atual, que retrata as favelas como se fossem um antro de criminosos. Assim como o fato dos meios de comunicação serem usados não só como mecanismo de discriminação social (separar as favelas do resto da cidade) e mais como dispositivo de desqualificação moral (falar das favelas como lugar onde impera o mal, assim só é possível falar dela pejorativa e criminosamente!).

A estratégia deste artigo é bagunçar as peças que estão em jogo nessas banalidades. As peças são: o pensamento burguês (veiculado nos meios de comunicação de massa), o jogador de futebol e por fim, as favelas, como bolas nesse jogo. O fundamental nessa bagunça é perceber que as favelas, embora sejam de muitas formas desqualificadas, ainda possuem formas de serem reconhecidas como lugares positivos de se habitar. Em poucas palavras, pois serei breve, tenho a intenção e o desejo de lutar por reconhecer a favela positivamente, pelo fato de ser simplesmente favela. Farei isso além de qualquer preceito moral, apenas a partir de minha "ligação tenebrosa" de favelado.

Quem fala aqui é um negro de alma negra, um índio de alma indígena, um favelado de alma favelada! Essas afirmações são necessárias para deixar o mais claro possível que os brancos ou os embranquecidos não são meus inimigos, assim como, e simplesmente, para afirmar o território de onde estou falando. Não quero me perder nesse discurso com ressentimentos. Mas se aqui há luta, não é por igualdade, muito menos por sublevação, mas por auto reconhecimento como negro, índio, favelado, e que somos do tamanho e do poder que temos! Nesse mundo de Deus existem algumas pessoas, do conhecimento popular, que nos ajudam a pensarmos nossas ligações tenebrosas. Vou citar duas para ilustrar isso. 

A primeira é o Ernest Hemingway (1899-1961). Fiquei sabendo que esse americano escreveu um livro chamado “Por quem os sinos dobram”, que inspirou um filme de 1943, dirigido por Sam Wood e adaptado por Dudley Nichols. Sem contar com o álbum e música homônima feitos por Raul Seixas, em 1979. Onde canta/conta a história de que “nunca se vence uma guerra lutando sozinho”. O que achei curioso na história de Hemingway (além do filme e músicas***), é que para ele a morte de um homem era um evento capaz de diminuir a sua própria humanidade. Fico pensando quantas vezes ele se sentiu diminuído em vida, pois foi um homem que foi ao campo da Primeira Guerra Mundial. Seu pai suicidou-se. Caso que ele depois repetiu.

A segunda pessoa é o jogador de futebol muito conhecido que dispensa algum tipo de apresentação: Neymar. Ele é uma figura curiosa para pensar ligações tenebrosas. Neymar não se encara como negro - houve diversas ocasiões em que ele sai pela tangente quando é caracterizado como tal. Mas venhamos e convenhamos: ser negro não é para todos! Acho que tem que se ter colhões, caso contrário, sai-se pela tangente e dá-se um jeito para se autoembranquecer. 

A questão da (des)valoração do negro no Brasil evidenciada nas altas taxas de desemprego por cor/raça, aprisionamento por cor/raça e entrada parca e polêmica por cotas nas universidades, não fez de Neymar, muito embora tenha traços negroides e origem afro-favelada, um negro... Quer dizer, mais drasticamente, as mortes e discriminações pelas quais passam o povo negro não diminuem em nada a humanidade de Neymar.

Em 11/01/2016, o jogador Messi (dispensa também apresentações!) foi pela quinta vez eleito o melhor jogador do mundo. Messi enquanto autista que é, (pelo que sei! Posso estar errado, mas não tenho nenhuma preocupação com isso!), também não tem nenhuma "ligação tenebrosa" com a questão do autismo ou pessoas portadoras de necessidades especiais. Fato que não diminui em nada sua humanidade. Mas Walter é do Coque, de fato ele tem uma "ligação tenebrosa" com o Coque. E é como bom negro/índio e favelado que farei minha bagunça! O Coque tem uma cultura, se posso utilizar da licença antropológica, na qual quem compartilha dela, tem de morrer no Coque. Essa forma de vida é representada por uma parcela de sua comunidade que tem uma ligação direta com a criminalidade. 

Aqueles que impõem medo no imaginário de Recife não são só criminosos, eles são educadores e têm uma dura lição a dar ao restante de seus moradores: quem é do Coque, morre no Coque. Nós coquenses, podemos citar “N” exemplos de pessoas que estavam envolvidas com a criminalidade e que foram viver em outros bairros, outras cidades, ou até outros estados, mas voltaram para morrer em seu território de "pertencimento". 

Ser negro no Brasil é um fato de se reconhecer ou não enquanto negro. Ser favelado do Coque é saber que estamos inseridos em uma "ligação tenebrosa" com essa favela. Temos a ligação com nossos familiares habitando aquele espaço, temos a ligação com este, onde caminhamos pelas ruas, reconhecendo as pessoas que passam também, lugar esse onde aprendemos desde “maloqueiragens”, até a cuidar de nossos filhos. Aprendemos que amigos não são necessariamente aqueles que têm alguma coisa, mas aqueles com quem nos sentimos nós mesmos, diferentes e iguais em cada dia. Amigos de fato, se reconhecem a qualquer momento, em qualquer lugar...  Um sujeito do Coque que é desqualificado pelo fato de ser do Coque é diminuído sim em sua humanidade. Pois aqui a desqualificação se dá, não só ao sujeito enquanto favelado, mas ao lugar em que a sua história foi construída. 

O jogador Walter é mais um símbolo "tenebroso" que o Coque comporta. Mas ele não foi o 1º nem vai ser a 5º pessoa a ter uma "ligação tenebrosa" com o Coque. Ele de fato tem essa ligação e não pode ser de outra forma. Caso ele não feche contrato com o clube do Sport isso não desqualifica o clube e não me diz respeito, mas em algum momento de sua vida como futebolista ele tem que afirmar sua "ligação tenebrosa" com o Coque. Isso sim é uma forma de qualificar positivamente seu passado/presente, mostrando sua ligação umbilical com esse território chamado Coque. Dessa forma, o Coque não o largará até que a morte os separe, como não separa a vida de muitas outras pessoas.
                                                 


Notas:
*jogador de futebol de tal time que fecharia contrato com o Sport clube de Recife, mas por motivos familiares não teve contrato fechado**.
** Tal motivo não é importante para a discussão, então não importa se é verdade ou não o motivo de seu não fechamento do contrato com o Sport Clube, o importante aqui são as relações dos sujeitos com o território chamado Coque.
*** A banda Metallica também fez sua versão em 1984: For Whom The Bell Tolls.

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Claudios Carnavalis In Ânus Autrem Q'sucos Est

24.1.16 Cabotino 4 Comentarios


Sempre nas semanas que antecedem o carnaval uma galera me pergunta: “Vai pra onde nesse carnaval?”. Respondo: “No sábado vou sempre ao Galo da Madrugada”. Antes que continue a destrinchar minha programação momesca, surge a exclamação indagativa do meu interlocutor: “pro Galo!?”. “Sim, pro Galo”, ratifico.

Geralmente os interlocutores que se assustam com minha ida ao Galo são pessoas de minha geração, têm por volta dos 30 anos, fazem ou fizeram algum tipo de graduação, foram criadas na paranoia da violência do final da década de 1990 e viveram a eclosão do acesso a certos bens e serviços – antes destinados apenas às classes dirigentes – oriunda do Lulismo. 

O perfil social traçado no parágrafo anterior será fundamental para entendermos um pouco da fauna humana que irei retratar.

O papo que começou no primeiro parágrafo geralmente segue nesta toada: “Tu vai pro Galo, mesmo? Tu fica em que camarote?” continuam a perguntar. 

Daí retruco: “Olha, não frequento camarotes, vou pra ficar na rua como um reles folião qualquer. A acompanhar devagarinho os trios e tal. Geralmente fico pela Praça Sérgio Loreto ou ali na ‘boca’ da Dantas”. 

E continua a chuva de perguntas no mínimo estranhas: “Nossa, tem muita gente, né? Muito quente também, né? Muita confusão, né? Muito empurra-empurra, né?”. 

Com uma paciência bovina e uma educação digna de sacerdote budista, respondo: “Bem, é o maior bloco de carnaval do mundo, portanto, pressupõe-se que tenha muita gente. O bloco sai numa época do ano conhecida como a mais quente, o verão. E deve-se imaginar que onde há mais de um milhão de pessoas haverá confusão e empurra-empurra. Porém, comigo nunca aconteceu nada. Só uma vez que tomei dois tiros, três facadas e tive um gargalo de garrafa enfiada em meu pescoço. Morri, mas tô aqui para contar a história”. 

Papo vai e papo vem, costumo perguntar qual será a programação do meu interlocutor no mesmo dia. “Olha, costumo ir a Olinda no sábado do Galo. Acho bem mais legal de brincar no sábado, nas Ladeiras, do que nos outros dias. Os outros dias estão mais ‘cláudio’ ”, respondem-me na maioria das vezes. Para quem não é de Recife, “cláudio” é uma corruptela da palavra inglesa crowd – multidão. 

Como sou um bicho curioso, ouso fazer mais perguntas neste naipe: “E como é Olinda no sábado? Como é o clima por lá? Como é a galera?”.

Alguns me respondem assim: “Bem, no ano passado já tinha muita gente já. Cheguei por lá de manhã e já tinha uma galera nada a ver velho. Um bando de boyzinho tabacudo. Umas nêgas cocotas. Pô, tem uma galera que pensa que Olinda é balada. Ficam lá de ice na mão, vodca ou uísque com energético. Os playboys sem camisa, bermudão e óculos espelhados. As nêgas com escova no cabelo, maquiagem, altos perfumes fuderosos. Tudo cheio de não me toque. Pô, uma turma sem noção, nada a ver. Não tô curtindo mais Olinda no sábado. Uma galera Ozzy que parece que tá no Olinda Beer. Daí o cara desce para o MAC e vê a mesma galera cheirando loló, fumando maconha, cantando aquela dúzia de frevos que todo mundo sabe de cor e salteado. As ruas lavadas de mijo. Pô, tô de saco cheio. Acho que este ano vou para o Festival de Jazz de Garanhuns”.

Interrompo a fala deste último dizendo que o Festival de Jazz de Garanhuns foi transferido para Gravatá.

“Ah, foi? Bem melhor agora. Gravatá é mais próximo e Garanhuns também tá muito ‘cláudio’. Um amigo foi para o Festival de Jazz um ano desse aí e disse que o pico já tava ficando sujeira porque a turma de Recife já tava claudiando o evento. Assim como ocorreu com o Festival de Inverno. Pô, fui pra o Festival de Inverno e o Parque Pau Pombo parecia mais a rua do ‘Frontal’. Aquela galera Ozzy de casaco e Heineken na mão dando a ‘egípcia’ pro cara. Sei lá, tô pensando e zarpar neste carnaval. Ir pra um pico limpeza. Sem esse tumulto e tal. Pegar uma praia. Ir pra Chapada. Alguma onda dessa. Recife e Olinda tá muito ‘cláudio’. O único dia que prestava de brincar em Olinda era o sábado e a galera estragou o pico. Daqui a pouco tá parecendo o Galo. Uma galera nada a ver descendo as ladeiras, vuco-vuco, empurra-empurra parecendo mais a Joana Bezerra. Tá o maior embaço”.

Me despeço deste meu último interlocutor pensando em encaminhar-lhe um e-mail que recebi há alguns dias oferecendo um retiro espiritual numa chácara em Aldeia. O pacote inclui: meditação transcendental; shiatsu; reike; ioga, com direito a liberação do kundalini; alimentação macrobiótica, vegetariana ou vegana; mantras três vezes ao dia e orações ecumênicas. Tudo isso num investimento de apenas R$ 500,00 nos quatro dias de Momo. O nome do retiro é: Carvavalis – Adeus carne. E promete fazer você encontrar-se consigo mesmo.


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Crônica de um suicídio na Vila de Serra Negra

8.1.16 Castanha 0 Comentarios



Um Homem suicidou-se na Vila de Serra Negra. Tinha propriedades, amor da família, carinho dos vizinhos. Disseram-me, não o conhecia. Foi a terceira tentativa dele nessa incomum empreitada, difícil de aceitar e entender aos olhos alheios. Na primeira vez tomou veneno para ratos. Na segunda vez tomou cachaça, algo que não estava acostumado, e jogou-se no açude tentando morrer afogado. Novamente falhou. Por último enforcou-se. Alcançou o resultado almejado. Enquanto eu caminhava pela rua escutei um garoto comentar entre vizinhos: ele não pode entrar no céu, ele tirou a própria vida e Deus não perdoa isso! Que maldade! O espírito humano não pode ficar preso aos dogmas do cristianismo, o que leva um homem a se suicidar é algo tão complexo de se entender quanto as causas que fazem outro homem gostar de viver. Serra Negra é o nome dado a um conjunto de serras que estão no município de Bezerros, agreste pernambucano. Apesar da devastação financiada pela especulação imobiliária, Serra Negra é um lugar bonito, sossegado e agradável, cheio de vegetação. No topo da Serra Negra está a Vila de Serra Negra. Quem mora lá gosta de lá, e quem visita o lugar também. Tardes de calor ameno e noites de frio que agradam são características locais. Assim como a tranquilidade impregnada na rotina dos moradores, que só é quebrada quando os habitantes da cidade comparecem por lá em grande quantidade para se divertir com seus veículos possantes e suas embriaguezes barulhentas. Detalhes a parte, por lá se vive bem. Se um homem tem riqueza, consideração de seus familiares, amigos e vizinhos, e se vive num lugar que transpira paz e sossego, ele tem motivos para quere viver mais e mais. Pelo menos é nisso que acreditam a maioria das pessoas. Bem, “maioria” não quer dizer todos. Um homem suicidou-se na Vila de Serra Negra. Descanse em paz, José Vila.

 

Castanha 08/01/2016    

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Não fossem os fogos de artíficio eu nem sabia que era noite de Ano-novo

5.1.16 Cabotino 0 Comentarios


Há alguns anos, havia uma tradição, dentro do ciclo de vagabundos imberbes em que transitava, que era uma espécie de rito de passagem da infância para a adolescência – essa fase híbrida entre a puberdade e o desespero –, consistia em: na noite de réveillon, aguentar acordado até o sol despontar no horizonte, com seus dedinhos encarnados, anunciando o Ano-novo.

Lembro-me do primeiro ano em que consegui realizar tal façanha. Estava na casa de minha avó materna e vi, entre os troncos de uma pitombeira e uma jaqueira, que havia no terreno, esfalfado em minha condição física e ludibriado em minha expectativa, o sol nascer, indiferente a todos – a nós, às nossas roupas novas, impregnadas do calor de dezembro e de algumas gotinhas de Cidra Cereser, e também ao ano que iniciava-se. 

Foi o sol nascendo e eu indo dormir na cama de minha vó, logo em seguida. Tinha me tornado adolescente sob um sol acachapante de janeiro. Num tempo em que não havia tantas faturas para quitar, tampouco promessas que são perfiladas com a entrada do novo ano: parar de fumar; sair do emprego; voltar a estudar; voltar a falar com Henrique; beber menos; pedir Marina em casamento; um lar; um filho etc., etc

De lá pra cá, eu já cansei de ver o sol nascer após o réveillon. Houve anos em que nem prestei atenção nele. Embriagado, tentei descontar à indiferença que ele havia deitado sobre mim, naquela noite em que o aguardei com tanta ansiedade para tornar-me qualquer coisa que ainda nem sei. Desnecessário dizer que a vingança foi inútil. Não há fígado nem expectativa que aguentem tanta indiferença. 

Hoje acho que o rito de passagem que meus pariceiros propagavam, algo que evidentemente eles tinham herdado dos mais velhos, era algo em torno da crença mágica e estúpida que acredita em qualquer mudança significativa, apenas pela simples alternância de uma conversão social: o calendário. 

Aquele inútil amanhecer, que vislumbrei entre uma pitombeira e uma jaqueira, tinha me ensinado algo que, infelizmente, demorei anos para aprender: não fazer promessas, tampouco criar expectativas porque alguém disse que me tornaria, na ocasião, adolescente, pelo simples fato de atravessar a chegada do Ano-bom insone. 

Há alguns anos já não espero nada do ano que se inicia. Não faço promessas, tampouco prognostico cenários sombrios. Há anos caí do “cavalo” da expectativa e fui parar direto no “chão de concreto” da vida sem mistificação. O desencantamento do mundo tem suas vantagens, sobretudo quando o ano é bissexto, como será 2016 – uma dia a mais, uma expectativa a menos.

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