Ah, que saudade!

26.9.09 Victor Rodrigues 3 Comentarios




Minha querida,

Ontem falei seu nome várias vezes. Estava num bar com meus amigos, alguém colocou as músicas de Waldick Soriano pra tocar, aquelas músicas que eram nossa trilha sonora de domingo. Ah, que saudade! Lembro como se fosse hoje: nos encontrávamos na Praça do Derby, nos beijávamos, eu segurava tua mão e íamos caminhando sem pressa pela Conde da Boa Vista, sob o sol do meio dia no Recife. Você com aquele vestido de cetim, unhas pintadas e batom vermelho que contrastava com tua pele branca.

Íamos andando até a o Cais de Santa Rita. Nossos corpos suados, tua maquiagem borrada e teu sorriso. Ah, quanta saudade! Sentávamos sempre à mesma mesa, o garçom já trazia aquela cerveja bem gelada e uma carteira de Derby suave que você devorava, soltando a fumaça devagar no meu rosto. Nosso tira-gosto era sempre passarinha, bem assada como você gostava. Não existia nada melhor na vida do que ir com você aos domingos até o Cais de Santa Rita. Sinto saudade da cerveja gelada, da fumaça do teu cigarro, daquela passarinha “assadinha” como você pedia.

E depois, querida, lembra que depois de comer e beber nós namorávamos no 13 de Maio? Ah, quanta saudade! Você sempre pedia uma maçã do amor e nós ficávamos ali curtindo aquele bucolismo da Praça 13 de Maio aos domingos. Nós éramos tão felizes, querida. Abraçadinhos atrás de uma árvore. Entre um beijo e outro, você espremia meus cravos do rosto. Doía, mas era gostoso ver seu esforço para cuidar de mim e, exibir, no final, os restos do cravo na tua unha, quase como um troféu. Teu sorriso, novos beijos. Mas o melhor momento ainda estava pra chegar: passávamos a noite nos amando naquele motel da Rua da União. Ah que saudade!

Para Kleiber

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