Causos 30: Aquele local

26.2.11 Castanha 2 Comentarios


Naquele local, as pessoas são grossas e mal educadas. Aquele local é quase idêntico a quase todos os locais daquele tipo de local. Naquele local os banheiros têm sempre fedor de urina, tem muita coisa que não funciona, tem muita gente de cabeças ocas que não funcionam e tem muita gente que sofre algum tipo de violência. Aquele tipo de local é quase sempre uma grande porcaria, apesar de ter sido planejado para ser um ótimo local. Nossa sociedade dá valor para muitas coisas, mas nunca em nossa história deu valor para o que se faz naquele tipo de local.
A campanhia toca avisando que as aulas acabaram; a escola fecha suas portas. Todos vão embora e aquele local só abre suas portas de novo no dia seguinte.

Castanha 13/02/2011

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Causos 29: As desavenças

23.2.11 Castanha 2 Comentarios


Desavenças, as velhas e eternas desavenças que nos fazem romper laços e quebram as harmonias. Sempre existiram. Para ficar claro basta lembrar que Deus vive em desavença com Lúcifer desde muito tempo. Todos nós já passamos por desavenças: Maridos e esposas, pais e filhos, patrões e empregados... Sempre há como resolver as desavenças, nem sempre saem todos satisfeitos, mas há como resolver. Nem sempre se chega a um acordo, mas há como resolver. Nem sempre se atende a todas as exigências, mas há como resolver. Bom mesmo é quando todos saem felizes, mas na falta disso, algumas vezes, uma das partes da um “jeitinho” de se impor. E foi uma dessas histórias que o velho policial me contou. Agora ele é um velho policial, mas antes ele era um jovem operário de usina e nessa época viu e ouviu o velho feitor da usina apontar para a caldeira escaldante e falar “Já joguei muita gente ai dentro, quando alguém queria reclamar de alguma coisa eu recebia ordens e jogava a pessoa aí dentro”. Você sabe o que é uma caldeira de usina, amigo leitor? Se não sabe procure saber. Há formas e formas de resolver desavenças, algumas são bem cruéis.

Castanha 07/02/2011

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Tédio

22.2.11 Foi Hoje! 4 Comentarios


Não sei se isto acontece a vocês, mas às vezes assalta-me o tédio.

As folhas mastigadas sem reflexão dos livros da mocidade, miseráveis, saltam-me aos ouvidos nessas horas. Tédio!

São tantas certezas nesse infernal turbilhão de não dúvidas. Oh tédio.

Equivocadas sensações de paz interior se misturam aos barulhos das teclas do computador e quando como imbecil, estou a transcrever miríades palavras vãs, a borracha é grande aliada para limpar a tela suja do PC.

Tédio, substantivo masculino!


Legião de entediados, tropas e tropas enfileiram-se no campo de batalha em busca de preencher o nada.

Vazios, voltam às suas malocas, fracassados! Nada de novo, nadica de nada!

E o senhor das horas lentas dos minutos arrastados olha para nossos corpos cansados e sorri!

Tédio, substantivo masculino, forte como um deus, implacável como um cão feroz!

Oh, tédio...espera aí! Acho que chegou um livro que encomendei à livraria, ontem.

Era só um vizinho pedindo ajuda, queria conversar não aguentava mais assistir a novela das nove, reclamava sentir algo entranho no peito, uma incompletude. Perguntei se era tédio o que sentia, não soube responder. Me convidou a uma partida de xadrez, topei, venci. Voltei pra casa e ele ,o tédio, estava lá me esperando firme e forte do alto de sua robustez espartana, na cozinha.

Perguntei se queria jogar xadrez, e ele, dando de ombros resmungou... xeque-mate.


Por: Pássaro bege.

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Causos 28: Casamento

20.2.11 Foi Hoje! 3 Comentarios


Casei! Minha esposa, que até uma semana atrás era minha namorada, me convenceu a fazer esse consórcio. Casei! Dá pra voltar atrás, mas eu não quero voltar atrás, sou homem de uma palavra só. Casei! Quando eu era adolescente e acreditava nos ideais comunistas dizia pra mim mesmo que nunca iria aderir a essa instituição burguesa. Alguns anos depois mudei de idéia, mas sempre olhava para o matrimônio como algo distante. E agora? Agora casei! Sem cerimônia nem festa nem nada disso. Alugamos um apartamento, compramos os móveis e agora dividimos o mesmo teto. Casei! Estou feliz. Mas estamos na primeira semana e fico ansioso, sinto um frio na barriga, medo que dê errado...
Tenho que abrir mão de algumas coisas: Nada mais de noitadas de cerveja, sinuca e gargalhadas sem preocupações com o horário de voltar para casa; nada mais de aproveitar o carnaval do jeito que o diabo gosta; nada mais de muitas coisas mais, mas estou feliz assim mesmo. Se com a boemia aprendemos algumas coisas com o casamento aprendemos outras. Pelo menos é o que eu acho. De boemia eu entendo, mas de casamento não. O importante é que de tudo certo. Mas, se der errado? Fico nervoso. Quando era apenas namoro eu já seguia certas regras e já dividia meus dias com ela, mas agora é diferente, agora somos casados. Como é que eu sei que não vai dar errado?
Durante o almoço compartilhei minhas angústias com ela e ela respondeu “É do mesmo jeito que era antes meu amor, só que agora nós dividimos o teto e continuamos seguindo na linha algumas regras que já seguíamos”; acalmei-me. Com algumas palavrinhas dela eu me acalmei. Vai dar certo!

Castanha 07/02/2011

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Realidade é mera coincidência! (apenas um diálogo)

18.2.11 Foi Hoje! 2 Comentarios


[...]Porque o cara liso e doente é foda...fosse só um dos dois.
hehehe!
Vê... eu num tô morto... tô só com a garganta meio comprometida,
nada que impeça o cara de chupar uma bucetinha...
Mas liso...liso num dá...tenho até uma grana aqui, mas tu tá ligado que o cara nunca se segura... se eu sair, gasto tudo, com certeza...aí, chupo dedo até o fim do mês [...]


Sr. Liso Sensato da Silva

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Rosano tem razão? Uma simples equação.

18.2.11 Foi Hoje! 2 Comentarios


Rosano caro amigo e escritor dia desses resolveu fundar o movimento do gerundismo seu o “d”.

Vou explicar melhor, dar exemplos:

Cantando ficaria cantano; andando passaria a ser grafado e pronunciado andano e correndo por lógica normativa, correno. Ora, falei pronunciado! Falamos assim o tempo todo na linguagem coloquial, é ou não é meus caros pensadores das letras!!!

Seu Valdir morador de João Pessoa não tem a vida mansa! Dirige táxi em João Pessoa. Não mora num bairro pobre e gosta de ressaltar isso aos seus passageiros. Guia muito bem e também conhece Recife como a palma de sua mão.

Ele iria para o aeroporto de recife, para pegar um passageiro que voltaria a João Pessoa, achou sensato pegar alguns passageiros a um preço camarada, pra livrar seus custos com a gasolina no percurso João Pessoa - Recife. Fui um de seus escolhidos.

Resolvi embarcar - escolhi o verbo embarcar porque o carro remou muito nas péssimas estradas, que ligam as duas cidades - no carro de seu Valdir fui deixado na porta de casa, no bairro de areias por R$ 20,00...

Ao perguntar pela primeira vez a seu Valdir o preço da corrida, após sua resposta fiquei pensando...

Oxê! pra deixar na porta de casa de João Pessoa para Recife por R$ 20,00, tá valeno! então eu vos pergunto leitores: Rosano tem razão?


Teorema Gerundístico:

Como transformar a equação: (d + a + n + d + o = 1) em (d+ a + n +o =1 )

1 ª equação: d + a + n + d + o = 1

Dados:

a = 2 ; o = 3 e a soma de n + d =

Logo:

d + 2 + + 3 =1

d+ 5 + = 1

+ d = 1/5

Substituindo na segunda equação ficaria:

2 ª equação d+ a + n +o =1

n + d + a + o = 1

+ 2 + 3 = 1

+ 5 = 1

= 1/5

Assim o “d” pode ser suprimido da primeira equação por dedução lógica, por valer somado com o mesmo valor que isolado.

Podendo assim o gerúndio passar de (a + n + d + o) à (a+ n+ o) . Sem comprometer o entendimento de seu significado e seu signo arbitrário. Tenho dito!


por: Pássaro Bege.

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Caminhada de Fim de Noite – Beirando A Madruga

13.2.11 Foi Hoje! 2 Comentarios


À rua de novo! O mesmo caminho. Paissandu, Henrique Dias, Dom Bosco, Manoel Borba. Tenho cruzado com caras repetidas, apesar do adiantado da hora e da escassez de gente nas ruas, como é de praxe na madrugada.
Nota mental: - Preciso dar uma variada no percurso.
Fogo na bomba que a caminhada será longa!


As calçadas quebradas, forçadas pelas raízes de árvores centenárias; as ruas desertas, salvo um caminhante notívago ou outro, ou automóvel, a caminho de casa; tenho a sensação de estar na contramão. Na penumbra da madrugada tudo em volta lembra silêncio, o ar fétido de Recife tem cheiro de medo, de paranoia urbana. Penso cá com meus botões: - Caminhar de madrugada pode não "fazer bem pra saúde".

Perco o foco do pensamento a cada trago na guimba, enquanto observo tudo à minha volta.
Todas as cores da noite numa sombra quase uniforme, quebradas apenas pelas luzes dos postes que pontilham o caminho. Mendigos dormem na porta do supermercado; aluns parcos carros no estacionamento do hospital.

Avisto na avenida um fiteiro e um ponto de táxi. Paro, compro um cigarro e uma lata de cerveja, que bebo a largos goles como se bebesse água. Acendo o cigarro e retorno.

Na caminhada da volta, o passo é mais lento e cansativo e o caminho parece maior. No entanto, o fluir de idéias, o pensamento longe, deixam uma impressão em mim de que o caminho ficou mais curto. Tenho a sensação de que demorei menos tempo voltando do que indo.

Quando já estou a poucos metros de casa, a lombra vai diminuindo de intensidade. Dentro de casa o tempo passa mais devagar. Um banho, rango pra saciar a larica, uma dose de internet e cama. Hoje o fim de noite foi isso. Nada mais.

Calango Albino.

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Causos 27: A desgraça alheia 2

7.2.11 Foi Hoje! 2 Comentarios


A desgraça, amigo leitor, é, como muitas coisas nessa vida, uma balança; e assim sendo pensemos então que nesta balança o lado que pesa mais, traz mais “lucros” para quem do seu lado está e no lado oposto o oposto acontece. Se a desgraça é uma balança com suas engrenagens, os pesos colocados nos pratos desta são as vantagens e desvantagens que as partes recebem. Nesta engrenagem é comum as partes prejudicadas estarem assim por causa dos fatos inesperados da vida; já as partes beneficiadas muitas vezes fazem por onde serem beneficiadas.
Depois do almoço ficamos sentados no bar relaxando um pouco e olhando a vida nossa de cada dia. Edinaldo apontou para o outro lado da rua e disse “Aquele cara ali, barrigudo, careca, velho e sem camisa, parece um vagabundo, mas ele é matemático, astrônomo e descobriu um cometa; antes ele era professor universitário também, é um cara bem inteligente, mas teve um derrame e ficou louco, perdeu o juízo. Hoje ele mora com a mãe, uma senhora bem velhinha. E tem um irmão canalha que está tentando internar ele num hospício pra se apoderar de uma casa boa que ele tem e uma boa pensão que ele recebe”.

Castanha 23/11/2011

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Causos 26: As sensações dela

1.2.11 Foi Hoje! 2 Comentarios


Para perceber tudo que há, há sensações. Para os sabores, cheiros, barulhos, medos, alegrias, gozos e tristezas há sensações. A sensação de que nos falta algo, nos faz planejar para construir o que falta. E se sentimos que nos falta alguma coisa abstrata que não construímos com paus e pedras, como é o caso do amor ou da paz, então buscamos formas de sentir que amamos ou estamos em paz. Essas sensações tapam as brechas que são abertas em nossa alma pelas anteriores sensações de falta. E é assim para todos os humanos quando se relacionam com tudo que existe. Sem as sensações não se é humano, não há humanos!
Ela, aquela jovem, tinha sensações como qualquer outra pessoa. Naqueles dias uma dessas sensações lhe impressionara muito. Quando se deitava com seu amado ela sentia um cheiro suave e agradável. Sabia com o que parecia esse odor e gostava muito. E quando o velho médium leu a mão dela ele disse “Milha filha, quando você faz amor com seu amado você sente um cheiro de bebê!”, ela puxou a mão rapidamente sentindo, num primeiro momento, medo de estar grávida. Depois acalmando as idéias viu que não era aquilo. Sentiu então incompreensão por não saber como aquele senhor falava de um odor que só ela sentia e que era só dela. O velho médium, por sua vez, não sabe como sabe, ele só sente.

Castanha 22/01/2011

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