100 por 10 e 1 por 100.
O título da crônica poderia coadunar-se
bem com o de uma história de mistério ou suspense, uma narrativa do tipo: “Nas
últimas linhas desse escrito, haverá uma revelação”.
Não, não, não, Joana e João. O
conteúdo desse relato seguirá uma linha "García Márquez", o da “Crônica de uma morte
anunciada”. Ou seja, tratará essa crônica de um atendimento que recebi de uma
empresa de Internet, junto à qual, queria contratar serviços de banda larga e,
pasmem, fui bem atendido, no entanto, tive uma infeliz surpresa 30 dias depois.
Só um pequeno parêntese antes de
prosseguir (eu disse: “Banda Larga” e não, “Manga Larga”). Essa ressalva vai para
os pudicos de plantão, já para os carentes de imaginação, vos digo outra
ressalva: Essa crônica não é uma propaganda, por favor, leiam até o fim.
Voltando...
Veio-me a cabeça que estava de fronte
da morte da sisudez e da impessoalidade. Talvez, o anúncio de uma nova era em
que não tivéssemos mais que nos submeter à mecanicidade com a qual somos tratados
nos atendimentos dos chamados call center’s ( espécie de canal de atendimento
entre o consumidor e produto oferecido, onde os atendentes da empresa recebem as ligações dos clientes da empresa. São os famosos, trabalhadores das "baias". "Baias", assim mesmo, como os cavalos em um estábulo).
Atendeu-me com uma voz alegre, o
Felipe, talvez porque estivesse de fato feliz naquele momento. Como um ser
humano, ele perguntou o que eu desejava de informação e sorrindo disse assim: "E
aí, Bege!? Temos alguns planos que batem com seu perfil, cara!" Já fui
respondendo em seguida: Então velho, é o seguinte...
A ligação deve ter durado uns 15
minutos. Foram 15 minutos de um papo repleto de gírias e expressões da
oralidade, não nego que além da questão da linguagem e da simpatia do atendente
fui devidamente contemplado em relação as informação que solicitei, de maneira
rápida e eficaz.
Contudo, o que me impressionou mais
mesmo, mais do que tudo que falei até agora, mais que a crônica de Gabo,
mais do que a linguagem do atendente no atendimento, foi a fatura que
recebi 30 dias depois do contato com Felipe em meu modesto e colorido ninho de
Pássaro avoador. Quase morro do coração com o preço daquele troço, mais de 100
dinheiros, por volta de 110.
Fui logo pesquisar as ofertas da
concorrência, para quem sabe, trocar de prestadora, mas foi aí que lembrei mais uma
vez do brother Felipe. Ele, com sua voz macia e linguajar refinado, havia me
dito da multa que eu pagaria caso abandonasse os serviços antes do fim do
contrato. Com isso em mente, desisti de
cancelar os serviços com a operadora, mas fiz uma ligação para a central de
atendimento para reclamar da insatisfação que sentia desde a aquisição daquele produto.
Irritava-me a discrepância da velocidade que havia contratado em relação à velocidade real que chegava em meu computador no acesso a internet. Mas, ao fim do papo agradável com o humano Felipe, foi triste e previsível perceber que nesse país, que esse Pássaro por ora sobrevoa, as pessoas são menos importantes que as coisas.
Irritava-me a discrepância da velocidade que havia contratado em relação à velocidade real que chegava em meu computador no acesso a internet. Mas, ao fim do papo agradável com o humano Felipe, foi triste e previsível perceber que nesse país, que esse Pássaro por ora sobrevoa, as pessoas são menos importantes que as coisas.
Felipe com sua malemolência
característica no falar, mandou-me consultar as leis e foi então que percebi
que nessa terra inóspita, paga-se 100 por 10, e no fim, leva-se 1 por 100.
Por: Pássaro bege.
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