Uma carta pra Voinha
Passarolândia,
04 de Junho de 2015.
Oi,
Voinha,
primeiramente,
sua benção!
Sei
que a senhora vai até estranhar esse pedido de benção, mas vou explicar. Conheci
o inferno! Aquele do qual zombava, achava não existir, hoje sei que é real. Do
inferno que a senhora me falava, e eu caçoava, muito se parece. Foi puro azar? Fui sorteado? Parece que
não, Voinha! Cheguei por aqui de caminhada larga, e agora, atolado até o
pescoço na lama, não consigo fazer
a linha “Barão de Münchhausen”, e nem dar uma “egípcia” no Capiroto. O bichinho
é atraente demais, como a senhora mesmo dizia. Mais esquizofrenia que fantasia,
mas inebria tal qual as histórias de trancoso que senhora contava e sorria.
Voinha, veja só, dia desses vi
que ele tem mais que as tais sete capas que a senhora dizia, e que, quando desencapa,
é mesmo “70 vez 7”. Mas o pior mesmo é que de vez em quando o danado anda sem
capa, Voinha! Isso quando ele anda! Pois seu maior prazer mesmo é voar. Entre nós
daqui de Passarolândia, há um Canto esquisito que dizemos ser dele. Uma espécie de
zumbido zombeteiro, sabe! Azucrina os ouvidos da gente, Voinha! Uma mistura de
TV fora do ar com aquela música da chamada do “Bandeira 2”, da Jornal do
Commercio. Mas não se preocupe, Voinha. Tenho rezado muito antes de dormir e não
durmo mais sem camisa.
No mais, tudo é bem divertido
aqui, mas me diga quando é que senhora vem me visitar?! (Um sorriso comedido)
Pois bem, Voinha, me despeço por
aqui! Espero que possamos estar juntos no próximo verão, isso se o Capiroto
deixar! (Um sorriso largo)
A propósito, a senhora sabe se
Tia Marluce falou com Tio Arnaldo sobre aquela grana que ele me pediu
emprestada? Anda tudo pela hora da morte aqui no inferno, diga a ele que eu
preciso muito dos R$500,00 porque a grana só tá dando pra frequentar inferninho
e desgraça só presta de muita! Ele vai entender! (Um sorriso amedrontador de tão alto)
Sem mais,
Subscrevo.
Pássaro bege.
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