Pequenas coisas de que não quero me esquecer
Da tapa que minha mãe deu em minha boca por eu ter falado
uma palavra feia; eu era criança. Dos primeiros passos que minha prima deu,
antes de completar um ano, enquanto brincava comigo. Das tantas risadas que dei
ao longo da vida; foram tantas que são incontáveis. Das tristezas que tive,
pois elas são o contraponto que me fazem lembrar que sorrir é bom. Do gosto da
cerveja. Das aulas de antropologia, na universidade. Da vez que tia Maté guardou
doces pra mim. Da sensação boa que algumas canções me trazem. Das pessoas que
conheci: das boas por serem simplesmente boas, e das ruins para que eu possa
evitá-las. Das somas: 2 mais 2 são 4 e 10 mais 10 são 20. Das tantas vezes que
meus lábios foram beijados de forma diferente; cada beijo é diferente dos
outros; único. Das paisagens do agreste. Da noite estrelada que vi certa vez no
sertão. Daquele primeiro encontro com “ela” olhando o céu escuro; e daquela
segunda vez, olhando o por do sol. Da parede gigante formada por infinitas
gotículas de água que eu vi e toquei quando estava naquela comunidade, bem
longe de minha casa. Da piada do cara que tinha três “cunhões”. Dos rostos
bonitos e chorões dos meus alunos se despedindo de mim quando troquei de escola.
Das muitas coisas que já vi, vivi, escutei, falei, contei, chorei, gritei,
odiei, pensei... Das vezes que não deixei esquecer.
Castanha 02/12/2013
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