Demônio
Há em mim um Demônio.
Destes que grassam aqui e acolá e lhe
exige algo mais do que ser
[gauche na vida.
Felizmente ele escolhe poucos para lhes
roubar à alma; às retinas e à próstata.
Ele é um ser
discreto e tímido, demora a entrar nos recintos e só adentra a partir de reiterados
convites. Mas, uma vez dentro de sua casa Ele não só não sai mais como também
faz uma tremenda bagunça. Revira os lençóis de seus sonhos. Rouba a caminha de seu
sono. Desculhamba a sala de visita de suas relações. Puxa o tapete de sua
inocência. Serra os pés das cadeiras de suas ilusões. Come toda a sua dispensa.
Cozinha a fogo baixo e acaba com seu gás. Balança os alicerces de sua casa.
Apaga a sua luz e desliga sua TV e, ainda por cima, destelha o seu teto.
Em
contrapartida: Ele lhe dar às estrelas para poderes contempla-las ou queimar-se
com elas, mesmo que elas só existam em suas propagações.
Este é o Demônio
da Narrativa.
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