Pequenas coisas de que nunca me esqueci

2.12.13 Castanha 0 Comentarios



De estar chegando na casa de minha avó, nos ombros de minha mãe, e de ela ter dito “Tem um sapo aqui no caminho”; estava chovendo, eu tinha mais ou menos dois anos e nós tínhamos saído de Recife e estávamos indo morar em Gravatá. De como me sentia feliz quando minha mãe chegava do trabalho e de como me sentia triste quando ela saia; eu tinha quatro ou cinco aninhos e ela passava a semana inteira fora. De minha avó trabalhando em sua máquina de costura, na sala da pequena casa onde cresci, e dando risadas por causa dos desenhos animados que eu assistia na TV ao seu lado. De quando cheguei em casa chorando por ter sido humilhado pela professora por não saber amarrar os cadaços; neste dia me mãe me ensinou. De uma aula de guerra do Paraguai que assisti na sétima série; até hoje gosto de História... Histórias... Escuto histórias... Conto histórias... E memórias. De como fiquei eufórico quando fui ao primeiro show de rock na minha adolescência. De como odiei meu primeiro emprego; até hoje não gosto de trabalhar. De ter perdido a memória quando estava ressacado e não lembrava do que tinha acontecido na noite anterior quando me embriaguei pela primeira vez aos quinze anos; ironicamente lembro-me de quando esqueci. De como fiquei feliz quando fui aprovado para entrar na universidade. De como gostei de redescobrir “Dom Casmurro” de Machado de Assis; tinha vinte e poucos anos e poucos anos depois descobri Garcia Marquez e “Cem anos de solidão”. De como muitas vezes recebi abraços apertados de pessoas que gosto.  De como era bom dormir abraçado com uma mulher de quem muito gostei; hoje me pergunto se valeu a pena gostar tanto dela.

Castanha 02 / 12 / 2013       

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