Não Tinha Mar

23.10.11 Joarez 3 Comentarios


É bem verdade que a nossa memória muitas vezes nos traz lembranças doces e aveludadas, tão doces e tão aveludadas, que chegam a ser, até mesmo, mais gostosas do que a própria experiência lembrada, na época em que foi vivida. Em que pese o enganamento que nós sofremos de nossa própria memória, não poderia ser apenas fantasia os dias que Maria passou naquela praia maravilhosa. Vá lá, tire aí uns dez por cento, não foi aquilo tudo, tá certo, mas que foi bom, foi. E foi em busca de reviver esses dias fantásticos que Maria arrumou emprego e começou a juntar dinheiro. Foram longos dois anos, vinte e quatro meses, setecentos e trinta dias, como queira. Privou-se de outras tantas viagens, de roupas de marca, de carro do ano, de noitadas nos bares preferidos, enfim, de muita coisa que lhe agradava. Nas férias de dezembro do ano de 2010 fez malas, pôs os óculos escuros na cara, rumou para sua felicidade. Chegando lá, quanta tristeza, não tinha mar, tinha Resort.

3 comentários:

  1. Se a memória é uma ilha de edição como queria lá o Sr. Wally Salomão, a da sua personagem Juarez, converteu-se em Ilha sem praia, uma ilha anódina e opaca como é todos esses grandes emprendimentos mobiliários, que transformam sol, sal, areia, boas memórias em verdadeiros bankers claustrofóbicos tanto físicos como psíquicos, fazendo de nossas lembraças posterios apenas lembraças, e não mais saudade.

    Ascensorista Godofredo

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  2. Lembrei de um história em uma moça juntou seu suado dinheiro para ir a Dubai, imaginem só! Voltou falando das maravilhas que eram os seus Resorts, que lástima!

    Rico Santana

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