Ciclo do ônibus
Todos os dias a mesma peleja. Janaína, às 4 da manhã,
desperta corre e nem come; veste roupa; bota sapato e segue para parada de
ônibus. Ônibus que nem tem hora para passar. Mas que passa antes das 7 da
manhã. Encostada, ali completa seu sono até que o barulho do motor a acorda.
Entra, paga, senta... No meio do caminho levanta a vista e enxerga uma velha e
lhe cede o assento. Olhando de cima, para a velha, estuda as cicatrizes que o
tempo fez naquele rosto... Quantas dessas rugas nasceram de expressões de
tristeza e cansaço por não ter um trocado no bolso? Com certeza, nem a pobre
velha sabia. Tentando esquecer tais pensamentos, ela olha pela janela e seu
reflexo se mostra no vidro, vê suas expressões de cansaço e ali,
equilibrando-se entre bolsas, entristece quando lembra que, dentro de sua
bolsa, há seus currículos. Currículos que serão plantados e uma vez que derem
frutos, no futuro, quando alguém lhe ceder lugar no ônibus e olhar para baixo
estudando suas cicatrizes não tenha pena ao imaginar como foi seu passado.
Escrito por Renan Belém
Ficou show!
ResponderExcluir