O relato
O
que me salvou de início foi uma caixa de charutos Cohiba e uma garrafa pet de Coca Cola de dois litros, agarrei-me a
ambos e segui à deriva através do peso da madeira envazada de ar da iguaria
cubana e a leveza da embalagem em polietileno do refrigerante americano, fui
salvo por estes dois objetos: um Cuba Libre sui
generis. Tudo o que lembro antes do “acidente” com o nosso navio, não sei o
que houve e pouco importa, era que eu estava em meu quarto fumando e lendo mais
uma vez, o Poema Sujo, justamente neste trecho que tenho comigo na memória – “meu corpo de 1,70m que é meu tamanho no
mundo, meu corpo feito de água e cinza que me faz olhar Andrômeda, Sirius,
Mercúrio e me sentir misturado a toda essa massa de hidrogênio e hélio que se
desintegra e reintegra sem se saber pra quê” –. Ponderei: Deus me abandonou
em meio ao Nada no lugar mais ermo do mundo, emergido a Continua...
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