Dirigido ao Pássaro Bege, sobre um texto postado na segunda feira, 8 de julho desse ano que nos engana:
Pois é Pássaro
Bege, as coisas estão ficando difíceis mesmo. Todo mundo tem uma opinião sobre
o “outro” e é sempre sobre o “outro”. O “outro” é o motivo-mote mais importante
para um comentário, um artigo ou coisa semelhante. Essa alteridade às avessas te
deixou revoltado, você escreveu. A mim deixa sempre agoniado, de agonia mesmo.
De sufoco!
Chamo de
alteridade às avessas porque, na maioria dos casos, o comentarista não tem a mínima
relação com o MOTE, mas está convicto de que sabe tudo sobre o outro.
Quando era
mais novo achava pretensioso saber tudo sobre o outro, mas hoje acredito que essa
pretensão vem acompanhada de um comodismo quase que ofensivo. Passar o tempo
todo sabendo do outro é claramente cômodo além de permitir a superficialidade. Aventura é saber-se com o outro. É nesse
caminho que a fala tem lugar... o lugar da fala.
Você fez referência
a uma conversa que tive com o público que participava de uma colação de grau,
minha formatura. Essa menção acontece em oposição a um colunista que fala em
terceira pessoa, um adepto da alteridade às avessas. Agradeço porque ao pensar
em mim você me coloca na contramão de quem fala em terceira pessoa, de quem
sempre fala “do” povo. Com efeito, agradeço mais ainda porque quando você evoca
o “lugar da fala”, ao qual me refiro; você traz o seu lugar pra perto.
Estou me
aliando a vocês nessa resposta para dizer que gosto de quem “fala” de onde vem
à medida que fala do que pensa e fala do outro e à medida que fala de si. SI
com outro é NÓS. E o NÓS sempre exige mais imersão, mergulho no chão onde a
gente pisa.
No momento em
que muit@s saem às ruas, gritando que o “gigante acordou” (se isso é comigo
também aviso que não me lembro de ter dormido, mas vamos lá...) e em grande
parte omitem o lugar de onde falam – sabem que explicitar esse “lugar” os
impediria de estar ali – é preciso que a fala seja o lugar da fala. É preciso
que a fala desnude, revele, jamais vele.
Agradeço a
lembrança quando o desconforto te apertou. Quero que saibas que o texto que li
me acalanta porque sei que é o teu Lugar de Fala. É tua fala e o teu lugar,
indivisíveis no espaço da escrita. É o Pássaro bege sem representar ninguém,
nem esperar ser tal representação.
O bom cronista
não representa. Se apresenta!!! Boa apresentação Pássaro bege.
Por: Valmir Assis.
Texto a que o autor faz referência: http://foihoje.blogspot.com.br/2013/07/o-lugar-da-fala.html
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