Dirigido ao Pássaro Bege, sobre um texto postado na segunda feira, 8 de julho desse ano que nos engana:

16.7.13 Foi Hoje! 0 Comentarios




Pois é Pássaro Bege, as coisas estão ficando difíceis mesmo. Todo mundo tem uma opinião sobre o “outro” e é sempre sobre o “outro”. O “outro” é o motivo-mote mais importante para um comentário, um artigo ou coisa semelhante. Essa alteridade às avessas te deixou revoltado, você escreveu. A mim deixa sempre agoniado, de agonia mesmo. De sufoco!
Chamo de alteridade às avessas porque, na maioria dos casos, o comentarista não tem a mínima relação com o MOTE, mas está convicto de que sabe tudo sobre o outro.
Quando era mais novo achava pretensioso saber tudo sobre o outro, mas hoje acredito que essa pretensão vem acompanhada de um comodismo quase que ofensivo. Passar o tempo todo sabendo do outro é claramente cômodo além de permitir a superficialidade.  Aventura é saber-se com o outro. É nesse caminho que a fala tem lugar... o lugar da fala.
Você fez referência a uma conversa que tive com o público que participava de uma colação de grau, minha formatura. Essa menção acontece em oposição a um colunista que fala em terceira pessoa, um adepto da alteridade às avessas. Agradeço porque ao pensar em mim você me coloca na contramão de quem fala em terceira pessoa, de quem sempre fala “do” povo. Com efeito, agradeço mais ainda porque quando você evoca o “lugar da fala”, ao qual me refiro; você traz o seu lugar pra perto.
Estou me aliando a vocês nessa resposta para dizer que gosto de quem “fala” de onde vem à medida que fala do que pensa e fala do outro e à medida que fala de si. SI com outro é NÓS. E o NÓS sempre exige mais imersão, mergulho no chão onde a gente pisa.
No momento em que muit@s saem às ruas, gritando que o “gigante acordou” (se isso é comigo também aviso que não me lembro de ter dormido, mas vamos lá...) e em grande parte omitem o lugar de onde falam – sabem que explicitar esse “lugar” os impediria de estar ali – é preciso que a fala seja o lugar da fala. É preciso que a fala desnude, revele, jamais vele.
Agradeço a lembrança quando o desconforto te apertou. Quero que saibas que o texto que li me acalanta porque sei que é o teu Lugar de Fala. É tua fala e o teu lugar, indivisíveis no espaço da escrita. É o Pássaro bege sem representar ninguém, nem esperar ser tal representação.
O bom cronista não representa. Se apresenta!!! Boa apresentação Pássaro bege.


Por: Valmir Assis.

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