Memórias
Lembro de coisas, infinitas coisas. Lembro antes de
tudo de quando tinha pouco menos de dois anos e fui morar com minha mãe na casa
de minha avó. Lembro de ter crescido numa casa cheia de mulheres: Mãe, avó,
tias, prima, e apenas um homem, além de mim, que era o padrasto de minha mãe. Às
vezes penso que é por isso que gosto tanto das mulheres. Lembro das escolas em
que estudei e das professoras e professores que tive. Gostei de uns e odiei a
maioria. Lembro das poucas boas notas que tive nas avaliações escolares e,
também, das muitas e tantas muitas notas ruins. Não sei como consegui aprender
a ler ou como aprendi qualquer outra coisa. Lembro das alegrias, tristezas e
penúrias que acompanharam meu crescer. Lembro do primeiro beijo de boca que
ganhei numa festa de ano novo. Lembro dos empregos que tive e das gargalhadas
que dei com meus colegas e das agonias que tive com meus patrões. Lembro de
quando conclui a escola de quando entrei na universidade e de quando conclui um
curso nesta. Lembro de tanta coisa que aprendi e de tantas que me deixaram
perplexo por serem muito interessantes ou muito malvadas. Lembro de como os
anos correram rápido e de como vivi cada um, hora entediado, hora efervescente,
e lembro tão bem que é comum perceber que os anos que passaram rápidos não
passaram tão rápidos assim, pois, foram cheios de viver. Lembro das pessoas que amei das que amo e das
que fiz questão de não amar. Lembro que até pouco tempo raramente usava a
palavra “amar”. Lembro que há anos queria saber como seria agora que sou e
acredito que no futuro lembrarei-me de como continuo me contestando agora.
Lembro com tanta força que sinto nas entranhas do peito e nos confins da cabeça
sensações iguais (se minha memória não me engana) com as sensações que tive em
tais e tais situações toda vez que lembro essas tais e tais situações. Lembro
de turbilhões de coisas ruins, agonia-me às vezes lembrar, mas também de coisas
tão boas que fazem sorrir muito. Não tenho saudades de nada. Lembro de mais ou
menos quando parei de sentir saudades. A vida existe girando assim: ontem, hoje
e amanhã; cada segundo deixando de ser agora para ser passado e abrindo espaço
para o futuro virar presente olhando para o que está por vir. E assim vou
seguindo, vivendo, vivendo, vivendo...
Castanha 17/01/2013
Belo texto Castanha, estava com saudades de sua de sua pessoa por aqui. Some não Castanha, o seu "colesterol" faz bem as nossas veias e acima de tudo aos nossos corações e como canta aquele menino dos olhos claros:
ResponderExcluir"Mesmo com toda a fama, com toda a brahma
Com toda a cama, com toda a lama
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa chama".
Abração!
Falou meu querido Cabotino :)
ResponderExcluir