Memórias

6.3.13 Castanha 2 Comentarios



Lembro de coisas, infinitas coisas. Lembro antes de tudo de quando tinha pouco menos de dois anos e fui morar com minha mãe na casa de minha avó. Lembro de ter crescido numa casa cheia de mulheres: Mãe, avó, tias, prima, e apenas um homem, além de mim, que era o padrasto de minha mãe. Às vezes penso que é por isso que gosto tanto das mulheres. Lembro das escolas em que estudei e das professoras e professores que tive. Gostei de uns e odiei a maioria. Lembro das poucas boas notas que tive nas avaliações escolares e, também, das muitas e tantas muitas notas ruins. Não sei como consegui aprender a ler ou como aprendi qualquer outra coisa. Lembro das alegrias, tristezas e penúrias que acompanharam meu crescer. Lembro do primeiro beijo de boca que ganhei numa festa de ano novo. Lembro dos empregos que tive e das gargalhadas que dei com meus colegas e das agonias que tive com meus patrões. Lembro de quando conclui a escola de quando entrei na universidade e de quando conclui um curso nesta. Lembro de tanta coisa que aprendi e de tantas que me deixaram perplexo por serem muito interessantes ou muito malvadas. Lembro de como os anos correram rápido e de como vivi cada um, hora entediado, hora efervescente, e lembro tão bem que é comum perceber que os anos que passaram rápidos não passaram tão rápidos assim, pois, foram cheios de viver.  Lembro das pessoas que amei das que amo e das que fiz questão de não amar. Lembro que até pouco tempo raramente usava a palavra “amar”. Lembro que há anos queria saber como seria agora que sou e acredito que no futuro lembrarei-me de como continuo me contestando agora. Lembro com tanta força que sinto nas entranhas do peito e nos confins da cabeça sensações iguais (se minha memória não me engana) com as sensações que tive em tais e tais situações toda vez que lembro essas tais e tais situações. Lembro de turbilhões de coisas ruins, agonia-me às vezes lembrar, mas também de coisas tão boas que fazem sorrir muito. Não tenho saudades de nada. Lembro de mais ou menos quando parei de sentir saudades. A vida existe girando assim: ontem, hoje e amanhã; cada segundo deixando de ser agora para ser passado e abrindo espaço para o futuro virar presente olhando para o que está por vir. E assim vou seguindo, vivendo, vivendo, vivendo... 
 
Castanha 17/01/2013

2 comentários:

  1. Belo texto Castanha, estava com saudades de sua de sua pessoa por aqui. Some não Castanha, o seu "colesterol" faz bem as nossas veias e acima de tudo aos nossos corações e como canta aquele menino dos olhos claros:
    "Mesmo com toda a fama, com toda a brahma
    Com toda a cama, com toda a lama
    A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
    A gente vai levando essa chama".
    Abração!

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  2. Falou meu querido Cabotino :)

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