Coloridos pelo sol

17.12.14 Cabotino 0 Comentarios


Domingo de sol inclemente na praia de Maragogi, litoral norte alagoano. O menino Sebastião de tão branco estreitava os olhos castanhos claros para enxergar melhor em meio à canícula. Seus olhos ganhavam contornos claros sobre a intensa luminosidade. Tinha seus doze anos, recém completos no último dezembro.

Mês de janeiro, férias e verão.

Era um domingo de pique nique na praia alagoana. Nele estavam toda uma criançada, mulheres de várias idades. Solteiras. Casadas. Enroladas. E homens em situação análoga às mulheres.

8h43 o ônibus do pique nique chegou à praia com seus passageiros municiados com: isopores, garrafas térmicas, cervejas, cachaças, refrigerantes, marmitas com frango frito, arroz carioca, farofa, feijão verde, bronzeadores, filtros solar, óculos escuros, chapéus, cangas, sungas, bermudas, maiôs e biquínis cavados.

Entre todas as mulheres, a que tocava o “terror” nas hipófises masculinas e no ciúme e, digamos, inveja feminina era Fia. Corruptela de Francisca. Uma mulher com seus 27 anos e dona de uma beleza renascentista. Daquelas mulheres formadas na pré-histeria das academias que converteram os seios pequenos, os quadris bojudos e as pernas naturalmente torneadas em “zagueiras” musculosas de programa de Reality Show na tevê. Tinha uma pele trigueira onde os pelos do braço e das pernas despontavam aloirados pela fina camada de água oxigenada que passava neles. Seu cabelo era de um encaracolado que descia até depois do pescoço, quando escovados, chegavam à altura da bacia. Seus olhos eram de um castanho cor de cobre acentuados pelas sobrancelhas semi-arqueadas que davam-lhe um tom de tristeza penetrante como os de Norman Bengell em Noite vazia.

Fia que até há pouco tempo guardava os cuidados do menino Sebastião quando a mãe deste lhe pagou o primeiro “salário” para cuidar do menino com os seus três anos de idade. A mãe ia trabalhar enquanto Fia preparava as refeições de Sebastião, lavava seus pratos, suas roupas... Enfim, fazia todo o serviço doméstico. Agora, aos 12 anos, Sebastião se virava sozinho em sua casa. Sentia-se ubiquamente solitário em sua residência, alguma coisa oprimia o seu peito. Um sentimento de ausência lhe preenchia o coração e os espaços da galopante puberdade. Sempre fora um menino muito reservado. As pessoas do bairro estranhavam à reserva do menino. Achavam-no afetado. Filho único de mãe solteira e sendo criado por outra mulher durante o dia. Diziam que "as duas 'estragaram' o menino com excesso de mimos e privilégios" no seio doméstico.

Lá para às 10h quando o sol aproximava-se aos 90° da cumeeira do céu. Fia chama Sebastião para perto dela. Ao aproximar-se, o menino descobre que Fia deseja que ele aplique óleo bronzeador em seu corpo.

Sebastião com sua sunga cor azul marinho envolta em uma paisagem toda branca onde começava a despontar os primeiros pelos. Pega a bisnaga de bronzeador das mãos de Fia. O menino besunta suas mãos com o óleo bronzeador. Enquanto Fia fica de bruços para receber a camada de óleo nas costas, braços, pernas, ombro e nuca. Sebastião monta-se no corpo já colorido de Fia que, após receber a primeira camada do líquido viscoso, ela retira o laço do biquíni superior para pegar um pouco de bronze sob a pele anteriormente coberta pelo tecido. Com isso, dá para o menino ver a polpa lateral dos seios dela enquanto espalha a matéria grudenta sobre as costelas.

Em seguida, Sebastião sente um volume crescer dentro da sunga e antes que Fia possa senti-lo também, ele levanta-se argumentando que já terminou. Daí Fia responde, "terminou nadinha. Falta agora a parte da frente das pernas". Ela vira-se e queda-se de pernas juntas para receber o óleo bronzeador. Com os joelhos enterrados na areia e disfarçando o volume na região pélvica encurvando-se para a frente, Sebastião começa a executar novamente a tarefa. Besunta as palmas da mão. E aos poucos vai subindo com o óleo para cima e para baixo, espalhando-o por toda a superfície macia. A cor branca do líquido contrastava com a cor matizada pela mestiçagem e já acentuada pelos tons cálidos provenientes do sol. Ao chegar à região da pélvis com aquelas curvas que só a natureza é capaz de talhar, um olor quente com reminiscências de canela sobe, auxiliado pela aragem marítima, ao nariz do menino. Este cheiro, levou-o a largar a bisnaga e sair correndo em disparada para o mar.  

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