Coloridos pelo sol
Domingo
de sol inclemente na praia de Maragogi, litoral norte alagoano. O menino
Sebastião de tão branco estreitava os olhos castanhos claros para enxergar
melhor em meio à canícula. Seus olhos ganhavam contornos claros sobre a intensa
luminosidade. Tinha seus doze anos, recém completos no último dezembro.
Mês
de janeiro, férias e verão.
Era
um domingo de pique nique na praia alagoana. Nele estavam toda uma criançada,
mulheres de várias idades. Solteiras. Casadas. Enroladas. E homens em situação análoga às mulheres.
8h43
o ônibus do pique nique chegou à praia com seus passageiros municiados com:
isopores, garrafas térmicas, cervejas, cachaças, refrigerantes, marmitas com
frango frito, arroz carioca, farofa, feijão verde, bronzeadores, filtros solar,
óculos escuros, chapéus, cangas, sungas, bermudas, maiôs e biquínis cavados.
Entre
todas as mulheres, a que tocava o “terror” nas hipófises masculinas e no ciúme
e, digamos, inveja feminina era Fia. Corruptela de Francisca. Uma mulher com
seus 27 anos e dona de uma beleza renascentista. Daquelas mulheres formadas na
pré-histeria das academias que converteram os seios pequenos, os quadris
bojudos e as pernas naturalmente torneadas em “zagueiras” musculosas de
programa de Reality Show na tevê. Tinha
uma pele trigueira onde os pelos do braço e das pernas despontavam aloirados
pela fina camada de água oxigenada que passava neles. Seu cabelo era de um
encaracolado que descia até depois do pescoço, quando escovados, chegavam à
altura da bacia. Seus olhos eram de um castanho cor de cobre acentuados pelas
sobrancelhas semi-arqueadas que davam-lhe um tom de tristeza penetrante como os
de Norman Bengell em Noite vazia.
Fia
que até há pouco tempo guardava os cuidados do menino Sebastião quando a mãe
deste lhe pagou o primeiro “salário” para cuidar do menino com os seus três
anos de idade. A mãe ia trabalhar enquanto Fia preparava as refeições de
Sebastião, lavava seus pratos, suas roupas... Enfim, fazia todo o serviço
doméstico. Agora, aos 12 anos, Sebastião se virava sozinho em sua casa.
Sentia-se ubiquamente solitário em sua residência, alguma coisa oprimia o seu
peito. Um sentimento de ausência lhe preenchia o coração e os espaços da galopante
puberdade. Sempre fora um menino muito reservado. As pessoas do bairro estranhavam
à reserva do menino. Achavam-no afetado. Filho único de mãe solteira e sendo
criado por outra mulher durante o dia. Diziam que "as duas 'estragaram' o menino
com excesso de mimos e privilégios" no seio doméstico.
Lá
para às 10h quando o sol aproximava-se aos 90° da cumeeira do céu. Fia chama
Sebastião para perto dela. Ao aproximar-se, o menino descobre que Fia deseja
que ele aplique óleo bronzeador em seu corpo.
Sebastião
com sua sunga cor azul marinho envolta em uma paisagem toda branca onde
começava a despontar os primeiros pelos. Pega a bisnaga de bronzeador das mãos
de Fia. O menino besunta suas mãos com o óleo bronzeador. Enquanto Fia fica de
bruços para receber a camada de óleo nas costas, braços, pernas, ombro e nuca.
Sebastião monta-se no corpo já colorido de Fia que, após receber a primeira
camada do líquido viscoso, ela retira o laço do biquíni superior para pegar um
pouco de bronze sob a pele anteriormente coberta pelo tecido. Com isso, dá para
o menino ver a polpa lateral dos seios dela enquanto espalha a matéria grudenta
sobre as costelas.
Em
seguida, Sebastião sente um volume crescer dentro da sunga e antes que Fia
possa senti-lo também, ele levanta-se argumentando que já terminou. Daí Fia
responde, "terminou nadinha. Falta agora a parte da frente das pernas". Ela
vira-se e queda-se de pernas juntas para receber o óleo bronzeador. Com os
joelhos enterrados na areia e disfarçando o volume na região pélvica
encurvando-se para a frente, Sebastião começa a executar novamente a tarefa.
Besunta as palmas da mão. E aos poucos vai subindo com o óleo para cima e para
baixo, espalhando-o por toda a superfície macia. A cor branca do líquido
contrastava com a cor matizada pela mestiçagem e já acentuada pelos tons
cálidos provenientes do sol. Ao chegar à região da pélvis com aquelas curvas que só a
natureza é capaz de talhar, um olor quente com reminiscências de canela sobe,
auxiliado pela aragem marítima, ao nariz do menino. Este cheiro, levou-o a
largar a bisnaga e sair correndo em disparada para o mar.
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