Cascos, multicoloridos, cérebros

11.3.14 Unknown 1 Comentarios


"A química é o demo
e quer, então, nos destruir"
(Sabotage)


o que é isso, hem?, o que é isso? eu não estou me sentindo bem, tem algo de errado de aqui, aquelas pessoas, o que tanto fazem ali?, por que riem tanto?, riem de mim? vamos sair daqui, agora!, aqui não é seguro. não confio neles porque... espera, tenho náuseas, acho que vou cair... preciso de um banho, tenho calor, muito calor, meu coração tá acelarado, já passa, meu deus, tenho frio, não consigo... vai pegar água, não, não, não sai daqui. será que eu consigo dormir? e se eu dormir, vai ser tudo normal, acordar, tranquilo, como num dia qualquer em que só fumamos um baseado? cadê o botão de desligar? não tem? meu deus, tenho que pagar a conta. quantas horas mais de agonia? não posso sequer ficar estático, os músculos se mexem sem minha ordem, como se não bastassem meu batimento acelerado e meu suor escorrendo, que me dão a péssima sensação de que corri parado e que a qualquer momento desvaneço no chão de cansaço... preciso dormir, tenho os ombros pesados, e ao mesmo tempo tenho medo de dormir, dormir e não acordar mais, passar para um  nível onde o sono é eterno e os pensamentos não cessam jamais, um fluxo de imagens e sensações que não posso dar conta, uma sucursal do inferno. mas e essa música?, maldita música repetitiva que martela minha cabeça! tuduntchipá eternamente, ad infinitum, não muda, me vence - ela entra em espiral através dos meus ouvidos e como um objeto pontiagudo fere minha consciência. enquanto as cores ferem meus olhos, apaguem as luzes, porra!, pra quê tanta luz piscando? pega água, preciso, mas deixa a porta fechada! não vamos dar motivo pro falatório daquelas pessoas, elas não são terreno seguro, tá claro que só você passa confiança...

já são 14h e finalmente consigo comer algo: me lambuzo com uma manga, e admiro os raios do sol por entre as folhas da árvore, nunca foram tão bonitos. sinto alívio, o pior já foi, está longe, logo poderei deitar.

[...]

mesmo lugar. mesmas pessoas. mesmo movimento - levar algo até a boca. alguém fala... e... sinto os músculos da perna se contraírem. vamos para o quarto? não estou bem aqui. o que foi? de novo, aquele negócio, tô sentindo as mesmas coisas. mas como pode? num sei, mas eu estou sentindo, porra!, acredita em mim! vou tomar banho, tenho calor. pega água, vai. não, pega leite, tua amiga falou que leite ajuda. fecha a porta, aquelas pessoas estão aí. eu estou afundando... será que vou ter percorrer tudo aquilo de novo? não, é demais. por favor, não. uma vez basta. calma, tenha calma. você não ingeriu nada, percebe? jura? juro. foi só um pensamento que veio à tona e despertou coisas ruins. mas estou sentindo! fisicamente, entende?! entendo, perfeitamente. você não mente. mas não é nada. as coisas estão normais. você pode vir aqui, tocar, sentir, andar e falar. foi um mal entendido. aquelas coisas não vão ocorrer de novo. me garante? garanto. então me dá a tua mão, me ajuda a melhorar.












Um comentário:

  1. Meu querido Joarez: O título, a crônica e as experiências de todos nós (boêmios) casam perfeitamente. Muito boa!

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