A odisseia do mangue e alguns plásticos bolhas... [1]

24.3.14 Calil Madrazzo 3 Comentarios


Sinceramente, não gosto de frases que começam com "a vida é...". "A vida é assim, a vida é assado". Me desculpe José, você está sendo influenciado por esses caras da igreja. Para te dizer a verdade, não existe esse tal de "a vida é..."

Mas tá bom, Raimundo. Me perdoe, mas odeio gentinha que fala que vai ser sincero, que é uma pessoa sincera, se você é ou não é, pouco me importa. E não me venha com esse papo de que não existe isso ou aquilo, ou aquilo outro lá. Existe sim. Existe isso, aquilo e aquilo outro lá também. Assim como dois mais dois é quatro. Vamo pedir mais outra cerveja que não desce esse seu papo de filósofo da Mustardinha que foi morar em Afogados.

Tu que é filósofo de meia tigela e não entende das paradas. Antes fosse uma tigela cheia. Né não? E agora José?...

José e Raimundo, gostavam de passar horas e mais horas discutindo besteiras, trocando farpas e acusações, algumas vezes até ingratas. Besteiras que nunca levavam seus egos a qualquer lugar, as vezes apenas a Baco.

Também não levavam a resposta alguma, apenas à certeza de que nenhum iria ceder. Até porque sabiam que a amizade entre os dois era boa.

Ambos foram para casa satisfeitos por haver discutido coisas ridículas e sem sentido, assim como se fazem nas faculdades. Foram embora como dois grandes filósofos vão após um belo banquete, foram-se satisfeitos por ter aumentando o laço de amizade e também o nó da ignorância.

José foi para casa, pegou o beco Horizontina, Mangueira, e chegou. Sua mãe, dona Dilma, estava acordada esperando o danado do filho. Não estando em casa podia estar morto.

Já foi beber! DEMÔNIO! Tu nem liga pra avisar, rapaz!

Já mãe, já fui bebê, já fui criança, hoje eu sou adulto, disse José citando o grande poeta do Ceará, Espanta.

É o que rapaz?! Tá tirando onda da minha cara é?! Respeite sua mãe, seu merda! Amanhã você vai pro culto comigo, quero filho meu andando com o Satanás não! Chega, já basta teu pai!

Oxe, vou nada, mainha. Vou é pro terreiro de vovó.

Ai meu DEUS DO CÉU!

Dona Dilma era mulher muito fervorosa no protestantismo pentecostal. Era uma missionária do fogo do Espírito Santo. Para sua igreja, já estava salva. Mas isso não lhe deixava feliz, o pastor lhe maltratava todos os dias porque seu filho e sua mãe estavam no mundo, na perdição. 

Dona Dilma, que Deus abençoe sua família... Vamos fazer uma oração pra família de Dona Dilma, para que eles... Dizia o pastor sempre que podia.

Ah, meu filho continua bebendo, minha mãe ainda ta na macumba, eu queria que vocês orassem por eles, para que eles encontrassem Jesus... Dizia Dona Dilma para fazer a média.

Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas, dizem que o homem tem livre-arbítrio, dizem-se tantas coisas, fazem-se tantas outras. 

3 comentários:

  1. Porra!!! Que crônica Madrazzo, boa mesmo velho!!! Parabéns e seja bem vindo em seu retorno.

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  2. Obrigado meu grande amigo!! depois de algumas andanças do pensamento é bom voltar a andar os dedos nas teclas e os olhos nas telas...

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  3. "diz-se tantas coisas... faz-se tantas outras..."
    Nem mais, nem menos. Exatamente isso...

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