Auto-psicanálise

22.11.11 Foi Hoje! 1 Comentarios


Dedicado a Renato Ribalta


Dia desses acordei de um sono profundo. E ao meu lado estavam todas as ferramentas, tudo sobre meu ofício, com o qual, ganho meu pão diário.
Revirei aqueles papeis xerocados, juntei todas aquelas folhas e as sacudi bem forte. Estava irritado. Nada verteu do papel.
Ao sono profundo voltei depois do caso passado, e lá pelas tantas ouvi o canto daquele maldito pássaro, que me acompanha das raias imaginativas dessa prosa cansada que é a vida.
Naquele tempo, entre bolas de gude e jogos de futebol imaginários, partidas inesquecíveis com jogadores memoráveis se desenrolavam em minha mente. O estádio lotado gritava o nome dos artilheiros das competições que criava. Não era raro que as finais daqueles campeonatos fossem eletrizantes, e que nos acréscimos, aquele zagueiro turrão, de cabeça, empatasse a partida e que fosse todo o destino do duelo, para as penalidades máximas. Não houve campeões em minha infância, protelava meses e meses os finais daquelas partidas.
Acordei mais uma vez daquele sono profundo, e lá estavam os papeis jogados, sacudidos e espremidos no chão.
Havia também pontas de cigarros.
Meus sonhos são cada vez mais a expressão de minhas fraquezas, e ando lendo sobre psicanálise há uns dez anos por conta disso.
Desfechos ridículos. Humilhação. Zombarias me atormentam o sono.
Em minha biografia constará o quanto fui ridículo nos meus sonhos, e também, como minha vida foi regada a ilusões, misticismo e muito pouca sabedoria.
O lago perto de minha casa onde insiste em cantar aquele pássaro tornou-se vazio, como a alma daqueles que não sabem direito como se dão os desfechos das partidas decisivas.
Como aqueles, que não sabem desde alvorada fazer a partida empatada ter um vencedor ao pôr do sol.



por Pássaro Bege

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