LAMÚRIAS DE UM ESCRITOR NOTÍVAGO.
O mal do escritor notívago é que nem sempre, com as cores do crepúsculo e o raiar do sol vermelho, amanhece o findar de um texto.
Por vezes – e vem acontecendo com freqüência – é nos arranjos peremptórios de meus escritos, que pimba, o sol surge na janela e é o texto, ainda um vespertino, logo abandonado pelo sono.
Durante o dia, tem o jornal, o trânsito, as crianças em recreio, a pausa para o cafezinho no escritório, o resultado do futebol, a briga da vizinha, os telefonemas e aí surgem, miseráveis, outros tantos temas querendo ser escritos.
À noite quando voltamos para casa anotamos tudo o que vimos no dia que passou e nos devotamos a um novo texto, esquecendo o da noite anterior inacabado.
Por isso temos esse aspecto cansado e essas olheiras fundas sob os olhos, menos por horas não dormidas e mais por fazer amor até mais tarde, sendo que o gozo nem sempre vem, fica guardado, jogado na gaveta de um armário antigo ou suspenso no disco rígido do computador.
Escrever é confeitaria, como dizia Nelson Rodrigues. Todo um trabalho, todo um esforço, todo um esmero. Não nos apressemos. Nos dediquemos, com calma e detenção, à literatura e ao sexo, para que o gozo seja recompensador.
ResponderExcluirConcordo com as palavras de meu camarada Juarez ;)
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