Dialogando: Último Tango em Paris e Eduardo Galeano.

4.4.11 Calango Albino 2 Comentarios


Eu diria: "Vamos nos esquecer de tudo! Onde vivemos, o que fazemos, quem somos". "Aqui não precisamos de nomes, não percebe?”.

Escrevo do litoral praticamente esgotado de especulação imobiliária; da terra dos rios poluídos; de onde a natureza se vinga a cada dia. Da terra onde "o homem é lobo do homem"; dessa cidade sem cidadãos e de onde os cidadãos não têm cidade.

Escrevo da rua da amargura, do lixo, do caos. Escrevo de um lugar no qual se obedece ao rei. Este rei personificado em um grande sistema de manipulação.

Escrevo de onde se olha as horas a cada minuto, de onde se corre contra o tempo, que corre [para que lugar eu não sei]; de onde se pode ir e vir e de onde alguns simplesmente ficam. Dessa terra de gentes sem caras; sem particularidades; todos aqui são iguais, resumidos a um denominador comum chamado "um consumidor em potencial". Aqui não se escrevem mais cartas, não se anda pelas ruas, não falamos com os vizinhos [eles são uma ameaça]; sou dessa terra, onde o individualismo é o principal valor; a ostentação é o objetivo de vida.

A dinâmica da música dessa cidade opera sempre em fortíssimo. Como nas músicas do romantismo, cada compasso te movimenta, te tenciona, move o seu corpo, te angustia. Ainda se encontram raros indivíduos preocupados uns com os outros, mas ninguém atendeu ao chamado "colocado na entrada de um dos bairros mais pobres: proletários de todos os países, uni-vos! Último aviso!". E foi o último aviso.

Por: Dayra Batista

2 comentários:

  1. GRande Dayra, grande Galeano, grande Bertolucci...
    Trio parada duríssima!!!
    Seja bem vinda, uni-vos
    Rico Santana

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  2. Texto massa Dayra
    Bem vinda

    Castanha

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