A República das Vidraças
Um espectro ronda o Brasil: a luta de classes.
A República filha de Olinda estilhaçou-se na do
Galeão e deu um tiro nas têmporas de Vargas. A República de Curitiba e seus
dândis de vade-mécum moral em riste
rezam sob a cartilha: Deus, pátria, família e concurso público.
“Quando a gente não pode fazer mais nada a gente
avacalha”.
A República da Cobra foi inventada sob as arcádias do Largo de São Francisco ao
som de Paris Belfort. 9 de Julho de 1932 tornou-se 31 de agosto de
2016. As cadelas que pariram os “camisas verdes” ainda estão no cio e dão aula
de Direito Constitucional. A jararaca que já foi pau de arara insinua-se entre
os meandros gráficos do Datafolha – pau de arara não serve pra poleiro de
tucano.
“Itaú, feito pra você... o único banco 36h”.
Para a FIESP o horário do almoço deve ser flexibilizado. Trabalhador que é trabalhador usa fraldão para não sair da linha
de montagem. Quem vai pagar o pato? É a República do Itaim-Bibi – 36h!
Berro de uma geração: hipotecaram meu futuro em
troca de um spread bancário.
“O que é roubar um banco comparado a fundar um
banco?”.
Os coturnos saíram das casernas para apoiar o
salvo-conduto adquirido por uma draconiana Reforma Previdenciária. Farinha
pouca? meu pirão primeiro! Pirão em verde oliva.
Meio século trabalhando. Nunca um gerúndio foi
tão longo. Nunca um verbo substantivado – trabalhando – foi tão longo...
Recife, 13 de dezembro de 2016. Av. Conde da Boa
Vista. 18h. Miasmas. Mesmo sobre uma lua cheia brilhando como calda de pavão, o
céu era de chumbo no início da noite, nuvens carregadas – uma noite verde
olivada.
Estranha matemática: Artigo 5 virou AI-5.
Geração AI-5... geração PEC-55.
O pior verão dos últimos 60 anos vem em nossa
direção dizem os metereologistas, os babarolixás e os analistas políticos.
“E a cidade vai tremer e a galera vai zoar”.
Calor do carai!
“O terceiro mundo vai explodir, quem tiver de
sapatos não sobra, não pode sobrar!”.
Um calor de rachar catedrais. Diria mais: estranhas catedrais erigidas por nosso maior
pilar republicano, composto por ferro e concreto armado: as empreiteiras. Agora
que enxergamos um pouco de suas fundações percebemos o material: papel moeda
para financiar palácios e carros de placa de bronze.
Juca é corruptela de Caju e há uma nódoa em todo
o país do tamanho do PMDB – 0 partido do homem
cordial.
PM=DB.
A “peda” de crack da intelligentsia brasileira: homem cordial + patrimonialismo = Estado
corrupto.
"Braço forte, mão amiga".
Não há silêncio quando se rompe a legitimidade.
Não há pacificação quando há vácuo institucional. Não há pacto quando trapaceiam
a regra do jogo. Não há esperança quando um coturno esmaga o rosto de um
estudante secundarista. Não alento quando a política de um país torna-se
nota-de-rodapé de meia dúzia de bancários da Av. Paulista.
Quem nasceu para ser pedra nunca será vidraça.
Em maio, sobre o tapete vermelho de Cannes, a
esquerda glamourizada, com singelas folhas de papel em A4, alertava: La Vue é Aquarius.
O Plano Diretor das cidades brasileiras tem um
nome: gentrificação.
República Federativa dos Estados Unidos do
Brasil.
Tráfego de influência, crime de
responsabilidade, anistia, caixa dois, Farol da Barra, micareta institucional, pedaladas
fiscais, grampo, Itamaraty, sufistas do lulismo, constituição cidadã,
Ministério da Cultura, neoliberalismo, cleptocracia, quarenta e oito anos do AI-5, “Ame ou
deixe-o”, PEC-55, jornadas de junho, MBL, MPL, Vargas, FHC, FMI, Roosevelt, MPF, walfare-state, FIESP/STF, o poder emana do povo
quando há legitimidade; quando não há ele exala, Bolsonaro,
plutocracia, 54 milhões de votos, Pré-Sal, delações, condução coercitiva, eleição indireta, Trump-Temer, golpe,
democracia, partido político, Proja, ABIN, pós-verdade, neopentecostais, a História parece que parou...
Segredo: fascismo de esquerda e de direta são
iguais e vice-versa.
“Nós faremos que você nunca esqueça” que é sim pelos 20 centavos, que é sim pelos 20
anos, que é sim por uma geração.
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