A República das Vidraças

15.12.16 Cabotino 0 Comentarios



Um espectro ronda o Brasil: a luta de classes. 

A República filha de Olinda estilhaçou-se na do Galeão e deu um tiro nas têmporas de Vargas. A República de Curitiba e seus dândis de vade-mécum moral em riste rezam sob a cartilha: Deus, pátria, família e concurso público.

“Quando a gente não pode fazer mais nada a gente avacalha”.

A República da Cobra foi inventada sob as arcádias do Largo de São Francisco ao som de Paris Belfort.  9 de Julho de 1932 tornou-se 31 de agosto de 2016. As cadelas que pariram os “camisas verdes” ainda estão no cio e dão aula de Direito Constitucional. A jararaca que já foi pau de arara insinua-se entre os meandros gráficos do Datafolha – pau de arara não serve pra poleiro de tucano.

“Itaú, feito pra você... o único banco 36h”. 

Para a FIESP o horário do almoço deve ser flexibilizado. Trabalhador que é trabalhador usa fraldão para não sair da linha de montagem. Quem vai pagar o pato? É a República do Itaim-Bibi – 36h!

Berro de uma geração: hipotecaram meu futuro em troca de um spread bancário.

“O que é roubar um banco comparado a fundar um banco?”.



Os coturnos saíram das casernas para apoiar o salvo-conduto adquirido por uma draconiana Reforma Previdenciária. Farinha pouca? meu pirão primeiro! Pirão em verde oliva.

Meio século trabalhando. Nunca um gerúndio foi tão longo. Nunca um verbo substantivado – trabalhando – foi tão longo...

Recife, 13 de dezembro de 2016. Av. Conde da Boa Vista. 18h. Miasmas. Mesmo sobre uma lua cheia brilhando como calda de pavão, o céu era de chumbo no início da noite, nuvens carregadas – uma noite verde olivada. 

Estranha matemática: Artigo 5 virou AI-5. 

Geração AI-5... geração PEC-55.

O pior verão dos últimos 60 anos vem em nossa direção dizem os metereologistas, os babarolixás e os analistas políticos. 

“E a cidade vai tremer e a galera vai zoar”.

Calor do carai! 


“O terceiro mundo vai explodir, quem tiver de sapatos não sobra, não pode sobrar!”.

Um calor de rachar catedrais. Diria mais: estranhas catedrais erigidas por nosso maior pilar republicano, composto por ferro e concreto armado: as empreiteiras. Agora que enxergamos um pouco de suas fundações percebemos o material: papel moeda para financiar palácios e carros de placa de bronze.

Juca é corruptela de Caju e há uma nódoa em todo o país do tamanho do PMDB – 0 partido do homem cordial

PM=DB.



A “peda” de crack da intelligentsia brasileira: homem cordial + patrimonialismo = Estado corrupto. 

"Braço forte, mão amiga".

Não há silêncio quando se rompe a legitimidade. Não há pacificação quando há vácuo institucional. Não há pacto quando trapaceiam a regra do jogo. Não há esperança quando um coturno esmaga o rosto de um estudante secundarista. Não alento quando a política de um país torna-se nota-de-rodapé de meia dúzia de bancários da Av. Paulista.


Quem nasceu para ser pedra nunca será vidraça. 


Em maio, sobre o tapete vermelho de Cannes, a esquerda glamourizada, com singelas folhas de papel em A4, alertava: La Vue é Aquarius

O Plano Diretor das cidades brasileiras tem um nome: gentrificação. 

República Federativa dos Estados Unidos do Brasil.

Tráfego de influência, crime de responsabilidade, anistia, caixa dois, Farol da Barra, micareta institucional, pedaladas fiscais, grampo, Itamaraty, sufistas do lulismo, constituição cidadã, Ministério da Cultura, neoliberalismo, cleptocracia, quarenta e oito anos do AI-5, “Ame ou deixe-o”, PEC-55, jornadas de junho, MBL, MPL, Vargas, FHC, FMI, Roosevelt, MPF, walfare-state, FIESP/STF, o poder emana do povo quando há legitimidade; quando não há ele exala, Bolsonaro, plutocracia, 54 milhões de votos, Pré-Sal, delações, condução coercitiva, eleição indireta, Trump-Temer, golpe, democracia, partido político, Proja, ABIN, pós-verdade, neopentecostais, a História parece que parou...

Segredo: fascismo de esquerda e de direta são iguais e vice-versa. 

“Nós faremos que você nunca esqueça” que é sim pelos 20 centavos, que é sim pelos 20 anos, que é sim por uma geração.

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