UM SANTA CRUZ À MOREL
Basta, não vou perder o meu tempo e o de vocês a lamentar a escalação de um juiz fraco para o jogo entre o Fluminense e o Santa Cruz. Do que adiantará reverberar o erro do segundo gol do fluminense e do segundo gol do Santinha? Do que adiantará reclamar a falta marcada contra os corais depois dos acréscimos estabelecidos? Reclamaria e esbravejaria caso esses atos fossem a personagem do jogo. Mas não são. A personagem do jogo é a invenção. Explico:
Adolfo Bioy Casares (1914-1999) |
A Invenção de Morel é o principal e mais significativo livro de Casares. Nessa história, em suma, a personagem principal experimenta o fruto de uma invenção: a escolha de um caminho a seguir. A possibilidade de escolha de um amor real ou imaginário. Um caminho a seguir, real ou imaginário. Acaba optando pelo caminho imaginário. E dessa imaginação fez uma nova realidade. Igualmente procedeu o Santa Cruz. Explico:
O tricolor do Arruda imaginou que qualquer pontuação fora de casa é importante. Vitória dentro, ponto fora - esta é a sua máxima. Caso não consiga pontos, jogar bem para que o próximo jogo fora do Recife origine frutos. E não é que deu certo? O Santinha inventou um resultado. Explico:
O Santinha se inventou e reinventou como time durante 90 minutos. Durante alguns momentos a vitória estava garantida; em outros o empate era certeza de vitória; ainda existiam momentos de vaticínio de uma verdade absoluta - teremos sucesso. Explico:
"Futebol" (1936), de Francisco Rebolo Gonsales |
Avante Corais!
Victor Almeida
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