Primeiro Monólogo: (é tudo invenção, nada é real.)

20.4.13 Castanha 0 Comentarios


 Anácio; 37 anos; nasceu e cresceu numa cidade grande; contesta tudo; é inquieto.

“Que porra é essa?!” pensou Anácio “Está tudo errado, porra! Tudo errado! Porra, ta tudo errado!”. Sentou num banco de praça pra olhar o movimento das pessoas. “D. Maria vai pra casa com o pão; pensa que é melhor que os outros; o marido tem um carrão; grande merda! Lucas pegou o ônibus agora, vai pra faculdade... vai ser contador... quando se formar... Tava passando isso na cara do irmão... Cuzão! O irmão dele não estuda porque não quer, quê que tem? Por causa disso ele é melhor que o irmão é? Cuzão! Ta cheio de gente assim aqui... No bairro... Nesse lugar... No mundo... Mundo todo... Esta cheio. Estou cheio! Estou Farto!”. Respirou desconsolado, ascendeu um cigarro, tragou fundo e na sequência soltou a fumaça lentamente: “Tenho que para de fumar” falou baixinho; e ainda “Cigarro faz mal pra saúde”. Usou um silêncio profundo para conter as palavras; foi tão forte que nem mesmo em pensamento elas ousaram aparecer. Tornou: “O mundo é tão grande e tão pequeno... Um pequeno assim apesar de ser tudo ao redor da gente. O mundo é maior que tudo que existe no mundo, inclusive a gente com nossos pensamentos e tudo mais. Mas, ele é nada se for comparado com tudo que existe por ai por fora dele... E a gente assim: egoísta, cuspindo arrogância, achando que sabe tudo. A gente é tão pequena, mas vive achando que sabe tudo... Que merda!”. Levantou, foi à padaria comprar pão e foi para casa.

Castanha  20/04/2013

0 comentários: