Os tempos são outros, os hábitos...

29.11.12 Joarez 0 Comentarios



                                                      “O homem moderno pode cansar-se da vida, mas jamais saciar-se dela” (WEBER, Max)

     Dia desses, em casa alheia, acordo aos solavancos e gritos dos amigos, que despertos desde cedo, se incomodavam com o meu sono profundo. Levanto e pego um cigarro. Para não dizer que não fiz o que de costume se faz quando se acorda de um sono pesado, fui ao banheiro e lavei a boca com pasta embranquecedora de dentes, utilizando os dedos para fazer às vezes de escova dental. Mesmo sabendo que esse ato higienicamente é quase inútil, eu o fiz, porque pensei antes em expiar da consciência a culpa do que qualquer outra coisa.
    Andei pela casa estranha com a mesma cara feia de quem não se sente completamente à vontade em território estrangeiro. Depois do almoço, uma lasanha como sempre tem sido, recebi a ligação de alguns amigos, que ora me cutucavam com piadas sobre o Santa Cruz, ora falavam de banalidades, como o trânsito horrível da cidade. À tarde fui à praia, conversar e beber cerveja para curar ressaca, e foi um momento bom e igual a todos os outros: as situações mudam muito pouco, ao passo que a significação que damos a elas muda enormemente, dependendo do estado de espírito em que se está e da quantidade de contas que se tem a pagar.
    Os dias seguintes correram não sem certa euforia, mas dentro das expectativas, assim como se desenrolaram os dias anteriores e como, decerto, vão se desdobrar os subsequentes. Daqui da janela, enquanto fumo, vejo o metrô que vai e volta sempre nos mesmos horários. Pouco depois das 23h passará o último do dia de hoje. Daí até às 5h um período de calmaria intensa transcorrerá, mas eu não estarei acordado para vê-la.

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