Crônicas de um Baixo Ventre

22.11.12 Pássaro Bege 1 Comentarios




Segunda-feira.

Cheguei à janela e acendi a tocha. Senti logo os apertos dos olhos dos vizinhos, pelas janelas do Baixo Ventre.

Tentei despistar os gases que chegavam a fazer estranhos barulho, barulhos para fora do corpo, audíveis a quem de longe dois metros estivesse; fiquei todo errado mas não acendi o careta ali, guardei a vontade para o segundo round.

É assim que os homens de bem defecam, fumando um cigarro.

E é assim que começa o ciclo das crônicas do Baixo Ventre.

Terça-feira

Alguém já viu a cara da Luzia? Não!? É assustadora.

Quando beija o sapo, cheia de ritmo, chego a vomitar de alegria... Eca!

Que coisa linda, que coisa oca, a pedra é dura e a madeira é fofa.

É como diz o poeta da voz firme e da mão atoa: “No Brasil em altos 2012, qualquer droga é da boa”.  

Quarta-feira

Baixo Ventre é cidade louca. Nem mais, nem menos violentas que as outras.

Sente-se nela cheiro de sangue a cada gota de orgulho, inveja, desejo e cerimônia.

Ninguém presta atenção nas ruas que a circundam.


Quinta-feira.

Eu tenho amigos poetas, mas muitos deles não fazem ofício de sua arte, digamos assim, não gostam de escrever na folha.

Gostam mesmo é de viver em poesia de arrumar as coisas; gostam da palavra viva.

Outros são poetas do escuro, pegam cinzas pelo chão e rabiscam traços tortos em paredes imaginárias.

A poesia dia desses, zum, zum,zum... zum, zum, zum, ela ainda mata um.

Sexta-feira

A semana na cidade de Baixo Ventre só é feita de dia útil, ou seja, hoje é sexta-feira.

Agora eu vou dizer como se diz na televisão: “Faça da jaca sua pantufa”

(...)

Fecho a série das crônicas do Baixo Ventre assim, cagando e andando, gerando no gerúndio.          

 Por: Coruja Felixberto Carvalho

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