Crônicas de um Baixo Ventre
Segunda-feira.
Cheguei à janela e acendi a tocha. Senti logo os apertos dos
olhos dos vizinhos, pelas janelas do Baixo Ventre.
Tentei despistar os gases que chegavam a fazer estranhos barulho,
barulhos para fora do corpo, audíveis a quem de longe dois metros estivesse;
fiquei todo errado mas não acendi o careta ali, guardei a vontade para o
segundo round.
É assim que os homens de bem defecam, fumando um cigarro.
E é assim que começa o ciclo das crônicas do Baixo Ventre.
Terça-feira
Alguém já viu a cara da Luzia? Não!? É assustadora.
Quando beija o sapo, cheia de ritmo, chego a vomitar de
alegria... Eca!
Que coisa linda, que coisa oca, a pedra é dura e a madeira é fofa.
É como diz o poeta da voz firme e da mão atoa: “No Brasil em
altos 2012, qualquer droga é da boa”.
Quarta-feira
Baixo Ventre
é cidade louca. Nem mais, nem menos violentas que as outras.
Sente-se
nela cheiro de sangue a cada gota de orgulho, inveja, desejo e cerimônia.
Ninguém presta
atenção nas ruas que a circundam.
Quinta-feira.
Eu tenho
amigos poetas, mas muitos deles não fazem ofício de sua arte, digamos assim,
não gostam de escrever na folha.
Gostam mesmo
é de viver em poesia de arrumar as coisas; gostam da palavra viva.
Outros são
poetas do escuro, pegam cinzas pelo chão e rabiscam traços tortos em paredes
imaginárias.
A poesia dia
desses, zum, zum,zum... zum, zum, zum, ela ainda mata um.
Sexta-feira
A semana na
cidade de Baixo Ventre só é feita de dia útil, ou seja, hoje é sexta-feira.
Agora eu vou
dizer como se diz na televisão: “Faça da jaca sua pantufa”
(...)
Fecho a
série das crônicas do Baixo Ventre assim, cagando e andando, gerando no gerúndio.
Por: Coruja Felixberto Carvalho
Fantástico... Me emocionei com o Baixo Ventre.
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