No passo a passo o que passa aos olhos

16.1.12 Calango Albino 1 Comentarios


Quem passa apressado todo dia pelas ruas do centro da cidade, nem sempre se dá conta das mudanças na paisagem. A cidade é como o corpo humano, viva, mutante. O corpo vai dormir de um jeito e acorda de outro. Teu pâncreas acorda novinho todo dia! Células morrem e nascem o tempo todo nessa constante mudança. Você nem se dá conta, mas a mudança acontece permanentemente.
Assim também é uma cidade. Numa simples caminhada, um olho atento é capaz de notar essas sutis mudanças aqui e ali. Uma calçada quebrada ou consertada, novinha em folha; um casarão que não está mais lá, onde, agora, se ergue mais um arranha-céu; uma livraria nova que abre - tipo “sebo” - , coisa rara por aqui, aliás. Mudanças sutis, mas que um olho apressado pode deixar escapar. A pressa naturaliza as mudanças, sem que nos demos conta delas quando essas acontecem. Mudar. Mudar sem saber. Mudar sem perceber. O quão é importante ter ciência da mudança? Um turbilhão de frivolidades passando pela cabeça em forma de sinapses, num instante, enquanto caminho e observo que algo mudou na paisagem.
A caminhada a princípio era apressada, a passos largos, e assim continuou, mas algo em mim havia mudado. Passo a passo fui racionalizando a mudança de perspectiva duma velha caminhada, que nunca tinha tido ares contemplativos e, as mudanças sutis que fui percebendo naquele trajeto, se confundiram com a minha mudança de perspectiva. Ora, era possível, então, mesmo apressado, perceber nuances sutis de mudança em mim e na paisagem à minha volta? É. Talvez sim. Mas, agora, já cheguei ao meu destino. A reflexão, pertinente ou não, vai ter que ficar pra outra hora, a ocasião pede pressa.

Um comentário:

  1. Um pouco mas de paciencia, nessa pressa impressionante da sobrevivencia nessa sociedade louca, sempre correndo atráz do fim!!!

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