Sobre livros, negros e dramas

Confesso que ainda não li o livro todo,
mas não tenho dúvidas que o devorarei em poucos dias. Ele já ocupa o espaço entre os melhores livros que já tive contato, certeza será mais um daqueles que a
gente lê e relê várias vezes. Trata-se de uma história contada de maneira tão
visceral e direta sobre a escravidão, que só não se identifica com ela quem
está amplamente e historicamente estabelecido na posição do Senhor.
Para mim que sou um ouvinte amador do Rap nacional e que as vezes me pego
ouvindo Emicida; Rapadura; Criolo; percebi de cara uma identificação
entre o relato visceral contido na obra de Lawrence Hill e as letras dos
Racionais Mc´s ou as do Facção Central, onde há narrativas bastante
semelhantes, cada uma em sua época e em seu espaço. Tão doloroso e
complicado de digerir quanto o relato de Aminata Diallo (personagem central de O
Livro dos Negros) é a letra narrada, também em primeira pessoa, da música Negro
Drama (Nada como um Dia após o Outro
Dia, 2002) dos
Racionais MC´s. Impossível não pensar que os condenados da cidade de hoje são
muito semelhantes aos negros que foram escravizados durante séculos de
vergonhosa história da humanidade.
Para fechar esse maravilho dia tive ainda o
prazer de, no final da noite, ver uma apresentação musical em uma sala muito
aconchegante da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Executou-se ali a
música Maria da Vila Matilde (A Mulher do Fim do Mundo, 2015) de Elza Soares,
onde se diz que um homem que levanta a mão pra uma mulher vai se arrepender de a
subjugar.
Que todos dominados se unifiquem e
destruam todas as formas de opressão!! E quem é esse tal de Marx?
Texto de Dândi Cosmopolita
* Créditos da imagem: <http://ascattarinas.blogspot.com.br/2015/07/informativo-primavera-editorial-lanca-o.html>
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