Essa foi hoje mesmo*

27.3.09 Victor Rodrigues 3 Comentarios


Ter um tema mesmo eu num tenho não. Muito menos inspiração.E o pior: não faço idéia se nossos fiéis leitores continuam fiéis mesmo, mas estou devendo um texto aqui faz é tempo. Pelo menos Helton e Ricardo vão ler (creio eu). Então vamos lá.

Estou no Camaragibe/Príncipe, me deslocando para o centro da cidade. Sobe uma figura esquisita: com terno mal alinhado, um bigodão e uma cara de ex-presidiário. O sujeito começa a berrar e logo da pra saber que se trata de um crente, desses que arretam a paciência da gente dentro no ônibus. Penso comigo: Puta que pariu! Além de acordar cedo, pegar um ônibus lotado e desconfortável, a gente ainda tem que escutar esses caras pentelhando. Penso em mandar o dito cujo calar a boca, ou da-lhe uma porrada pra ver se resolve. Paro, respiro fundo, conto até dez, busco uma paciência interna que aprendi a desenvolver nos tempos de movimento estudantil. Pronto. Já esqueci do cara, que vá pros diabos que o carregue.

Na volta, sobe outra figura no ônibus. Já começo a ficar puto, dessa vez eu vou partir pra porrada mesmo. Não vai ter boquinha não. Eis que o cara começa a falar e vou me acalmando, não era crente pentelho. Era Sales, um sujeito baixinho, feio e barrigudo, como ele mesmo disse. Pra piorar é gago. Mas disse que seu problema é psicológico, que só gagueja em duas situações: quando está nervoso ou quando encontra outro gago.

Aí eu não me contive e comecei rir, eu só não, metade do CDU/Várzea também caiu na gargalhada. Suspeito que ele queria justamente isso pra ser escutado. Sales faz um trabalho louvável: ajuda crianças com aids. Arrecada doações nos coletivos e convida as pessoas para visitarem o abrigo. A satisfação dele está estampada no sorriso. Aos poucos o mal humor das pessoas vai perdendo resistência perante aquele homem baixinho, feio, gago e barrigudo. De repente, ele parece um gigante, muitas pessoas escutam com atenção o que ele diz. Finalmente, passa um lenço e pede pras pessoas colocaram algumas pratas. Não dou dinheiro, vivo sempre liso pra cacete. Mas anoto o nome do abrigo e prometo fazer uma visita a essas crianças. Depois digo a vocês como foi.
*Sem revisão.

3 comentários:

  1. os evangélicos sabem, realmente, ser chatos. parece q ñ pensam sobre como os outros estão. é foda.
    mas , pelo menos, tivesse a sorte de encontrar outra figura singular, dessa vez com um compromisso mais real e humano.
    esse é um bom texto, parabens.

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  2. poia é né em tempos de clichês nos busões nada melhor do que um sorriso através do inesperado
    parabéns victor saudades de seus textos rapaz

    rico santana

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