Eu e você naquela suite em G maior de Bach

18.4.15 Cabotino 0 Comentarios



Empoleirei-me no cangote dela. Fiquei ali roçando minha barba na parte direita do seu leitoso pescoço. Com a leve fricção do meu pelo em sua pele, esta ganhou contornos levemente avermelhados. 

Em seguida, ofeguei meu hálito na parte posterior de sua orelha direita e com leves toques da ponta de minha língua, inicie umas singelas lambidinhas nas interseções da orelha com a nuca – aliviando a suave vermelhidão daquela superfície.

Seus poros dilatavam à medida em que continuava esse meu exercício musical. Seus pelos eriçavam em contato com o hálito de minha úmida língua naquela região onde o sol não bate, e o cabelo sonega a paisagem aos olhos ávidos por formas belas.

Neste instante, sentados, alinhei suas costas ao meu tronco. Fiquei ereto e enquanto minha cabeça projetava-se sobre o seu ombro direito, o seu cabelo caía placidamente sobre o meu ombro esquerdo. Daquele emaranhado castanho de fios, brotavam odores de sândalo e canela que ungiram minha pele, irrompendo numa inevitável ereção.

Sentindo um volume crescer na parte superior do seu cóccix, ela abriu as pernas, paulatinamente, como se ambas fossem as duas alças de um torneado compasso em busca dos noventa graus. Com o movimento, seu vestido subiu e com ele as pernas sobressaíram à mostra – branquíssimas em uma composição brilhante e arredondada como a estrutura de uma bolha de sabão.

Lá de cima, pude ver que seus pés delgados levantaram da ponta dos dedos até o calcanhar como se estivesse calçando um par de saltos imaginário.


Comecei a morder os lóbulos soltos de seu par de orelhas, da esquerda para a direita. Seu corpo foi afinando a partir do instante em que intercalava as mordidas com leves sussurros. 


Súbito.

Saquei minha mão direita, como se fosse um arco, e comecei a subir pela parte interna da coxa direita até chegar na calcinha. O tecido de algodão molhado. Deslizei minha mão, delicadamente, por fora para sentir toda a vibração. Após, sorrateiramente, adentrei a fenda rugosa e pude sentir todo o seu corpo estalar e meu queixo que estava sobre seu ombro direito subia e descia na melodia de sua ofegante respiração. Por dentro da calcinha, meu arco fazia leves movimentos circulares um pouco abaixo da junção entre seus grandes lábios.

Indo no compasso do seu corpo e de sua respiração, aprumei as pontinhas dos meus dedos e segui no arranjo da harmonia que vinha executando com o meu arco. Em movimentos concêntricos, no mesmo ritmo da harmonia, fiz sua música virar perfume e espalhar-se por todo o recinto.
É isso, se a música é um perfume; os corpos são os melômanos destiladores.

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Fotografia_ Le Violon d'Ingres (Ingres's Violin)_Man Ray_Paris, 1924.
Aconselho a leitura deste texto ouvindo Mischa Misky tocando J. S. Bach.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mGQLXRTl3Z0&spfreload=1>
Acesso em: 03 de maio de 2015.



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