O segredo de Estado
Inevitável não vir à memória as aulas de ciência política com a seguinte constatação a que cheguei essa noite: “o segredo de Estado é uma arma poderosíssima contra a verdade”.
Inevitável
não drummondiar diante do fato de que “cada um optou conforme seu capricho,
sua ilusão” e “sua miopia" diante do "lugar luminoso onde a verdade esplendia seus fogos”.
Sei que alguns irão logo lembrar, tocados pelo
poema: “o capricho, a ilusão e a miopia”, na poesia, ocorreram diante da
constatação de que a verdade “era dividida em metades, diferentes uma da outra" e que "nenhuma das duas era totalmente bela". Outros vão de bate pronto dizer, num trocadilho teórico político-psicanalítico: “Norberto Bobbio explica,
meu caro!”. Haverá ainda uns mais astutos que revelarão: “o
rei está nu!”.
Não há escapatória quando arrebentasse ou
derrubasse a porta, é preciso nela adentrar.
O fato de termos que conviver com falas oficiais da
verdade; com verdades que se querem exatas e irretocáveis, incomoda-me. Mas, eu
vos pergunto, só a mim?
É uma declaração de guerra ao cidadão a ideia do
Estado possuir segredos. Uma espécie de busca realista na forma e vulgaridade
ética de conteúdo político; uma peça publicitária da Coca-Cola.
Em meu país, cobriu-se de véus metafísicos a
existência objetiva dos destroços da história.
Impecável.
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