O Fim

1.3.12 Joarez 1 Comentarios


Todos os dias eu tenho medo, meu amor. Medo que você deixe de gostar de mim; ou o inverso. Medo que você ponha um ponto final na nossa história; ou o contrário. Eu te amo, acredite, também todos os dias, da melhor maneira que posso. Mas as vezes eu sinto um grande medo. Se é certo que o inverso do amor é o medo, então vivemos constantemente espremidos entre o ato amar e o de sentir medo. Nunca um dos sentimentos vence - estaremos sempre com vontade de felicidade, mas receando um forte baque. O ideal era que o amor fosse eterno. Aí, meu deus, iríamos deitar e rolar, tranquilos, na grama da vida - relaxaríamos mais ainda na intimidade e negaríamos alguns perdões fúteis. Mas isto faz parte de um mito, meu amor, o mito do amor perfeito. Na realidade, sabemos, mas tememos acreditar: o amor acaba, como nos alertou Paulo Mendes Campos, que há pouco completou 90 anos de idade. Contudo, será que ele, o amor, está necessariamente fadado ao fracasso, tem sempre que acabar? - as dúvidas não cessam: são sempre rostos de Gauguin, desconfiados, estampados na parede. Se é tão certo, tão provável - nossa!, é o que todos dizem, mal amados ou não - que uma coisa tão boa acabe, talvez nossa angústia seja pelo quando. Desejamos saber quando vai acabar. Assim, não seríamos pegos de surpresa, nos prepararíamos para a queda, para a enorme queda - e, consequentemente, não nos machucaríamos tanto. Mas isso são apenas divagações de um notívago, meu amor, que não ajudam em nada - apenas nos atormentam. Eis a verdade: o fim, melhor não pensar nele.

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